domingo

Manuela Ferreira leite representa o elogio da tristeza, o tónus da infelicidade e da melancolia

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A sr.ª drª Ferreira Leite é o líder oficial dos tempos possíveis deste psd provável no mundo incerto - como o que vivemos. Dizem que tem credibilidade porque não é fala-barato, séria porque nunca foi indiciada pela Justiça, e tem o perfil franzino que tem - (e cada um é como cada qual) porque é útil a escapar aos apertos dos jornalistas - que buscam - em cada reportagem, entrevista uma liderança emocional, uma frase mais lapidar, um argumento ou um raciocínio mais denso ou sofisticado. Tudo coisas que a sr.ª Ferreira leite, manifestamente, é incapaz de dar, mesmo esprimida.
A sr.ª Leite é, assim, admirada e respeitada por omissão, por falta de melhor catalizador comum. Basta vermos contra quem ela concorria politicamente: um Santana despedaçado, como um leão velho e ferido rejeitado pelas fêmeas e pelos novos machos na selva do Serengethi; e contra um Passos Coelho - um leãosinho que nenhuma experiência tem de patrulhar o território da política activa. Mas leite lá foi entronizada, e, doravante, tem forçosamente de ser admirada e respeitada. Não obstante isso, ela é a auto-tristeza em pessoa, a melancolia em andamento.
Ouvi-la, lendo os seus rascunhos ou os seus ainda mais pobres improvisos, é entrar no universo da melancolia - que directa ou indirectamente - acabará por influenciar e ter implicações negativas no partido que dirige. Para Leite a felicidade reside na própria tristeza, ainda que Pacheco Pereira passe a vida tentando demonstrar o contrário - com os seus sofismas e parcialidades de amiguinho. A forma como Leite defendera o controlo do défice sem atender à economia real ao tempo de Durão - faz-nos supôr que - doravante - só atenderá ao "social" negligenciando por completo o equilibrio da economia e das finanças públicas.
Tudo nela é desequilibrado, mas como é discreta, senhora, e não tem rasgo algum - falando de batatas ou de governação - o tom é sempre igual, a sr.ª revela correr sempre o mesmo risco, abraçar objectivos iguaizinhos uns aos outros, naquela vida meio intensa que transmite parecendo até tratar-se de um boneco de cêra e não uma pessoa de carne e osso. Será que tem tinta-da-china nas veias?!
Por outro lado, a drª Ferreira leite - não indicou ao País uma única ideia mobilizadora. Na Economia, na Sociedade e na Cultura limitou-se a dizer banalidades ou a acertar em medidas que o Governo em funções já tem em curso. E até em matéria de impostos, de que ela se queixou, recorde-se que o sr. Paulo Macedo foi uma recordação colocada na DGI por Ferreira Leite que um blogue da nossa praça - o Jumento - durante um ano combateu, minou e, segundo se diz - abateu (politicamente).
De facto, Ferreira leite tem azar com as declarações que faz, pois até em matéria de investimento público (mormente, vias e redes de comunicação) são vectores que se iniciaram com o cavaquismo, e o governo Durão - que integrou - só não levou essas infra-estruturas à prática - por falta de capacidade política de Barroso, que depois emigrou para Bruxelas. Portanto, tudo em Ferreira Leite é contraditório, desmedido, mas dito por ela - a coisa agrava-se - porque a imagem que vende ao País é também triste, melancólica, desmobilizadora.
Até aqui já nos bastava a face da realidade, doravante, teremos de contar também com a outra face do aumento do crude: a face da drª Ferreira leite.
Criticou-se muito, e bem, o excesso que Luís Filipe Meneses fez das Agências de Comunicação. Paradoxalmente, no caso de Ferreira Leite - elas são, de facto, necessárias. Não apenas pela imagem, mas também pelo conteúdo das mensagens. Mesmo correndo o risco de não haver conteúdo para elas. Mesmo que as medidas sejam ocas e generalistas e não representem qualquer alternativa ao governo de Sócrates, como se viu naquele discurso de Guimarães, no XXXI Congresso do psd. Elas - as Agências de Comunicação - funcionariam como anti-depressivos, salvo nos casos de grave depressão.
O tempo político de Ferreira leite será, seguramente, o tempo da depressão. Por isso, nos próximos meses aquilo a que iremos assistir será identificar essa práxis política cuja tese será estabelecida na fronteira da melancolia com a depressão.
Isto é assim (não) porque Ferreira leite (não) seja nenhuma Linda Evangelista, mas porque o seu estado natural passivo é tal que a sua conduta só pode ser caracterizada pela letargia, pela apatia, pela paralisia. Com ela até o preço do petróleo tende a duplicar, os juros decorrentes dos empréstimos bancários à habitação a triplicar, o investimento a emigrar para outros destinos. E até o desemprego pode aumentar e bater nos dois dígitos, por efeito contagioso dos seus discursos.
Enfim, com a drª Ferreira leite na Lapa a teleguiar o maior partido da oposição tudo tenderá a piorar, na medida em que ela impõe ao mercado más emoções e más energias que depois se polarizam e contagiam o mercado e o sistema político. As condições de vida da sociedade serão, desse modo, convidadas à nostálgia, à dôr e, porventura, à medicação.
Nada disto, óbviamente, é contra a pessoa em questão, que é credível e tem cara lavada, como defende Pacheco Pereira. Mas contra o seu perfil político para tão relevantes funções públicas. O dr. Pacheco pode até defender que Leite é assim, ou o psd desejou uma líder com este perfil porque é necessário inspirar os desgraçados e os desvalidos da sociedade. Reduzir a violência e as drogas nos subúrbios. Mas creio que não é assim que o psd vai lá...
Mas a ilusão é, porventura, um dos maiores motores da história, ainda que ela redunde em [mais] um fracasso.