quinta-feira

Manuel Alegre e a sua sagasinha. De histórico passou a histriónico

Nota prévia: Desta vez concordamos com o escritor comunista que, indirectamente, diz que Alegre e Louçã - a esquerda que representam - não têm "puta" ideia do que se passa no mundo. (in DD)
De facto, é verdade: Louçã é um "trostskista-lacoste" caça-fantasmas de pendor utópico que julga que OGE é elástico e dá para todas as aventuras sociais. Andou ele a doutorar-se em economia para não entender que os recursos são finitos e ou se tapa a cabeça e destapa os pés, ou...; Alegre, enfim, nem de economia sabe. Faz uns poemas. E aproveita a conjuntura económica ser bastante adversa para dificultar a vida a Sócrates e ao Governo.
O poeta Alegre é daqueles que quando vê um casal de velhinhos a atravessar na passadeira acelera prego-a-fundo e abre as portas para ter a certeza que atropelou os idosos em plena passadeira, apenas para seu gaúdio pessoal. Em 30 anos que vive de mecenato político nunca se lhe viu um discurso político ou preocupações autênticas contra a pobreza em Portugal. Lamentável. Já respondemos a esse porquê em reflexões abaixo, mas o que é censurável - e não se tratando de um mero diálogo com o BE - como o poeta quer fazer crer - é que Alegre não perceba aquilo que os portugueses já perceberam, salvo aqueles que se querem vingar politica e pessoalmente do PM - numa atitude mesquinha e de vendetta comicieira organizada pelas hostes do BE.
Paralelamente, o padrão comportamental de Alegre, à luz dos factos recentes, reflecte uma emotividade excessiva e uma busca obsecada de atenção. Com essas movimentações até já conseguiu que a RTP o convidasse para uma entrevista, e nela veremos qual o seu pensamento social e económico. Dirá uma centena de lugares-comuns, como é seu apanágio. Veremos.
Grave ainda é o desconforto quando o poeta não se vê no centro das atenções. Por outro lado, Alegre usa um estilo de discurso que impressiona, mas é fraco nos detalhes. Pois não é novidade para ninguém que o poeta pouco sabe de economia, domina mal, muito mal, os dispositivos de intervenção social e política para pôr a economia a crescer e a corrigir desigualdades, revela alguma auto-dramatização, teatralidade e expressões exageradas, além de nunca querer debater, como devia, no seio dos órgãos de debate interno do PS para expôr a dôr que - supostamente - lhe vai na alma.

Um homem assim, desactualizado e desadaptado do seu tempo, com um discurso repleto de lugares-comuns, é francamente sugestionável, logo fácilmente influenciado pelos seus novos amiguinhos do BE. É a este conjunto de características que nos permitem supôr que Manuel Alegre é portador duma personalidade histriónica.
Ou seja, o objectivo do poeta é pôr muita gente a olhar para ele. Mas se um dia fosse chamado a gerir uma empresa seria falência pela certa; se um dia tivesse de governar um ministério ou departamento do Estado seria prejuízo pela certa. Mas o que ele deseja mesmo é pôr a família, os amigos, os médicos, os jornalistas e o público anónimo a olharem para ele e convencer-se da mentira da sua representação.
Convencendo-se de que a mentira é a verdade. Desse modo, desaparecerão os problemas de sentimento de culpa e de responsabilidade por andar há uns meses a tentar escavacar o PS por dentro.
Numa palavra: este poeta sofre de stress post-traumático e julga que é através do teatro da Trindade que resolve o seu problema psicopolítico.
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Alegre em colisão com PS promete reforçar contestação, in DN
ANA SÁ LOPES E SUSETE FRANCISCO
União à esquerda. Manuel Alegre foi ao comício de terça-feira à noite, que reuniu socialistas, bloquistas e renovadores comunistas, fazer duríssimas críticas à governação. Deputado quer somar as várias esquerdas e promete continuar. PS reagiu com desagrado ao discurso do histórico socialista
Discurso do histórico socialista foi muito mal recebido no PS
"As salas são pequenas para a esquerda quando a esquerda se junta. Vamos encher outras salas e outras ruas do País". Manuel Alegre prometeu à esquerda e aos militantes do PS, muitos anónimos, que apareceram para o ouvir criticar o Governo no comício/festa de terça-feira à noite, no Teatro Trindade, que o combate não parou por aqui. Já aos jornalistas, Alegre classificaria o encontro como um "acto renovador".
Helena Roseta, que enquanto foi militante do PS esteve sempre ao lado de Alegre, afirmou ao DN que "o grande desafio é dar uma forma política a esta energia" vivida na noite de terça-feira junto ao Bairro Alto, em Lisboa. Para Roseta, "isto foi o ponto de partida", apesar de também ela não saber qual é o ponto de chegada. Ainda não há respostas para essa pergunta. Mas as iniciativas vão continuar e debates, encontros e novos comícios vão prosseguir pelo país fora.
A antiga dirigente do PS afirma que "há uma disponibilidade dos cidadãos para outros caminhos" e que "os directórios partidários não estão a perceber". "A rua está muito disponível. E Manuel Alegre já está na rua", diz. "Ao ver tanta gente, ao ver o entusiasmo das pessoas, percebemos que podemos continuar a tentar", diz a vereadora da CML, que afirma que "acontecimentos como este são para se repetir". Roseta fala ao DN no dia em que Obama assume a candidatura à presidência dos Estados Unidos: "É a prova de que pode haver uma nova maneira de fazer política e que consegue chegar a uma candidatura nos Estados Unidos da América".
Francisco Louçã, líder do BE também não antecipa o próximo passo da convergência à esquerda iniciada terça-feira. "Não há nenhuma estratégia, há a vontade de criar um diálogo", defende. Quanto à tese de que é BE a beneficiar com esta aproximação, sustenta: "Há todo o tipo de visões conspirativas. Isto representa aquilo que é: uma preocupação comum de sectores diferentes."
Em rota de colisão com o PS
Mas esta é precisamente a crítica que muitos socialistas dirigem à atitude de Manuel Alegre "A ponte para o diálogo é também uma ponte para a passagem de votos para o Bloco de Esquerda", afirmou ao D N um dirigente socialista. O discurso de Alegre provocou críticas generalizadas no PS. Renato Sampaio, presidente da federação distrital do PS do Porto diz que o deputado "devia ter mais respeito pelas instituições a que pertence e mais consideração pelos camaradas". "No momento que estamos a atravessar, de alguma dificuldade, ficava-lhe bem ser mais solidário com o Governo", sustenta o parlamentar.
Já quanto ao cenário de Alegre estar a beneficiar o BE, Sampaio recusa essa tese: "O Bloco de Esquerda é um epifenómeno, como o foi o PRD. Espero que, num futuro próximo, tenha o mesmo destino que o PRD". Vítor Baptista, dirigente da federação de Coimbra do PS, defendeu também que Manuel Alegre deve ser solidário com o PS. E deixou um desafio ao histórico socialista: "Se diz que o Governo não é de esquerda, se acha que falta esquerda ao PS, candidata-se de novo e defenda as suas linhas políticas". O também deputado visou ainda as palavras de Manuel Alegre no discurso da última terça-feira - "Só receita humildade quem a tem e Manuel Alegre não tem". Vítor Ramalho, deputado próximo de Soares foi lacónico, mas igualmente crítico: "Os debates devem ser feitos dentro do partido". José Lello foi bem mais longe, com críticas violentas à acção do ex-candidato presidencial. A intervenção de Alegre mereceu o comentário de dois ministros e do porta-voz do PS. Reacção do próprio Manuel Alegre: "Eles [os críticos] que reflictam porque correu daquela maneira, porque se sentiu aquele entusiasmo e que tenham juízo, se puderem".