quarta-feira

O sistema partidário em Portugal virou um circo Mariano...

À 1ª vista Jerónimo de Sousa parece Mourinho agora em versão italiana; e Alegre não se parece com nada, ou seja, é igual a ele próprio: um poeta, um romântico retardado em busca de palco (perdido), um actor à procura duma narrativa que lhe sirva e lhe dê existência. A dado passo deste circo político, com o País impávido e sereno a assistir a esta ópera-bufa entre Alegre e o BE (i.é, a extrema-esquerda) - é o próprio camarada torneiro-mecânico Jerónimo de Sousa quem avisa o poeta-Alegre e diz: Não se pode ter um pé cá e outro lá" [DN, link].

Ainda pensei que o normal seria o Secretário-Geral do PS a advertir Alegre, mas não. A admoestação vem do lado do PCP, e logo pela voz do seu Secretário-Geral. Este pequeno episódio revela bem como os papéis políticos estão trocados em Portugal.

Porventura, Jerónimo pretendia ser Sócrates, o poeta Alegre desejaria ser Louçã e mostrar o extremismo que habita o seu coração romântico, e ambos gostariam de ser actores de teatro, pois é disso que se trata.

Por este andar, amanhã ou depois ainda veremos no teatro Maria Matos ou no n´A Barraca - alí às Janelas Verdes - uma peça representada entre estes românticos que também representariam bem qualquer número de entretenimento no circo Mariano alí em Sete Rios.

Por isso, se um dia alguém passar alí por Sete Rios e vir elefantes, girafas, gibóias e, sobretudo, dinossauros-rex não se admire, foram os tratadores do Zoo que se fartaram de tédio e resolveram abrir as portas aos animais para que o circo verdadeiramente se democratizasse e inundasse Lisboa de exemplares como Alegre, Roseta, Louçã e tutti quantti...

Vendo bem as coisas, Portugal ainda é um país com sorte. Não temos catástrofes naturais, mas temos espectáculos deste teor...

Ainda veremos Jerónimo de Sousa dar calduços no dissidente poeta-Alegre na Feira do Livro e adverti-lo que, se estabelecer algum entendimento com o trotskista do Louçã - a brigada do reumático do Comité Central sedeada na Soeiro Pereira Gomes é reactivada e envia Manuel Alegre para o Tarrafal - por desvio ideológico à grande causa da esquerda tradicional.

O facto, a haver, é inovador em Portugal, razão por que se deve solicitar um parecer de toda esta barraca ao dr. Mário Soares - que depois de ter escrito sobre a pobreza e o museu do Oriente do seu amigo Carlos Monjardino - é bem capaz, na próxima semana na folha do DN de escrever sobre o circo político protagonizado pelo seu ex-amigo e compagnon de route, M. Alegre. Nem que seja só para se vingar..., da maldade das presidenciais.

É a vida, como diria Guterres - que lá do longe, também no meio de tanta pobreza, deve estar a gargalhar, incessantemente...

Já agora, onde é que fica o exílio!? Esperemos que não seja no Jardim Zoológico, muito menos no Teatro da Trindade...