sexta-feira

SEDES fala num mal-estar difuso: crise de confiança nos políticos

Portugueses não confiam nos políticos
A Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) alerta para “um mal-estar e degradação da confiança” na sociedade portuguesa que “mais cedo ou mais tarde poderá levar a uma crise social com contornos difíceis de prever”. Num comunicado divulgado no seu site, a SEDES, uma das mais antigas associações cívicas portuguesas, afirma que se sente na sociedade portuguesa “um mal-estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional”. Apesar de “nem todas as causas deste sentimento" serem "exclusivamente portugueses”, “uma boa parte são questões internas à nossa sociedade e às nossas circunstâncias”. O Estado, “a esfera formal onde se forma a decisão e se gerem os negócios do país”, tem de abrir “urgentemente” canais para escutar a sociedade civil e os cidadãos em geral. “Os portugueses têm de poder entender as razões que presidem à formação das políticas públicas de que lhes dizem respeito”. Para a SEDES a sociedade civil pode e deve participar no “desbloqueamento da eficácia do regime - para o que será necessário que este se lhe abra mais do que tem feito até aqui -, mas ele só pode partir dos seus dois pólos de poder: os partidos, com a sua emanação fundamental que é o Parlamento, e o Presidente da República”. Os partidos são a classe em que os portugueses menos confiam A degradação da confiança dos cidadãos nos representantes partidários é “uma situação preocupante para quem acredita que a democracia representativa é o regime que melhor assegura o bem comum das sociedades desenvolvidas”. É “preocupante” assistir à “tentacular expansão da influência partidária – quer na ocupação do Estado, quer na articulação de interesses da economia privada- muito para além do que deve ser o seu espaço natural”. Os partidos na “Assembleia da República ou no Governo exercem um mandato ratificado pelos cidadãos, e têm a obrigação de prestar contas de forma permanente sobre o modo como o exercem”. A combinação de “alguma comunicação social com uma justiça ineficaz” alimenta “um estado de suspeição generalizada sobre a classe política”. Sendo “fácil e impune lançar suspeitas infundadas, muitas pessoas sérias e competentes afastam-se da política”. A SEDES afirma que o Estado tem uma presença asfixiante sobre toda a sociedade “a ponto de de não ser exagero considerar que é cada vez mais estreito o espaço deixado livre para a iniciativa privada”. Mas muitas vezes o Estado “demite-se do seu dever de isenta regulação para desenvolver duvidosas articulações com interesses privados, que deixam em muitos um perigoso rasgo de desconfiança”. O comunicado é assinado pelo Conselho Coordenador, do qual fazem parte Vitor Bento (presidente) Alves Monteiro, Luís Barata, campo e Cunha, Ferreira do Amaral, Henrique Neto, Ribeiro Mendes, Paulo Sande e Amílcar Theias.
Cristina Sambado, RTP 2008-02-22 09:22:48
Obs: Analisaremos esta temática no post supra.