Os rostos do caos em Lisboa: mataram o "bebé" e agora asfixiam a "mãe do bebé". São os mesmos de sempre
É curioso notar como as previsões preocupadas de António Vitorino (que remontam ao Verão) hoje regressam à cena política da capital com uma actualidade tão gritante quanto preocupante: há um partido anti-sistema, chamado psd, hoje com uma nova liderança, que quer impedir que o actual edil de Lisboa, António Costa, liquide as dívidas aos fornecedores, saneie as contas públicas e todo o elevado passivo da capital que foi agravado no passado recente.
Um tal sr. Carréras, que tomou de assalto a Distrital do psd, enrola um argumento imperceptível, e fala na discordância da forma (e do valor elevado) como esse empréstimo foi negociado e é, agora, legítimimamente apresentado na CML pelo Edil - e ao qual este psd de Gaia ameaça chumbar na próxima 3ª feira em reunião de Câmara.
No mínimo, isto tem nome: vergonha, desfaçatez e irresponsabilidade política, tanto mais que foi o PSD que agigantou este passivo, intensificou a crise política que tornou a autarquia ingovernável na capital e sem qualquer confiança juntos dos milhares de fornecedores que já ameaçaram não fornecer mais serviços à autarquia até que as respectivas dívidas sejam saldadas. É assim na vida das pessoas em privado, é também assim na vida pública. Sempre ouvi dizer que as boas contas fazem os bons amigos, mas parece que o PSD é adepto duma nova contabilidade pública que postula que quanto maior for o passivo, maior é a crise e o caos, e, assim, melhor é. Lamentável!!!
António Vitorino, esta manhã na antena da TSF, repetiu um argumento que tinha expendido no Verão: já que deixar de fora a eleição da Assembleia Municipal - com a sua actual maioria absoluta - só poderia conduzir a este tipo de chantagem política que ameça hoje tornar a autarquia ingovernável.
E porquê? Por causa, precisamente, dos jogos políticos florentinos que este psd de Gaia - coordenado com a Distrital de Lx - recorre para fazer politiquice autárquica, por isso, com propriedade e de forma lapidar, António Vitorino, disse:
Este PSD faz o mal e a caramunha.
Por seu turno, a posição política de Helena Roseta foi racional, sustentada, equilibrada, responsável e consentânea com os interesses da cidade que, neste caso, coincidem com a visão e o projecto do PS defendido pelo presidente da CML, António Costa. Não se esperava outra coisa, de resto.
Helena Roseta sustentou que não se compreende esta posição do PSD, sobretudo quando as condições do empréstimo foram negociadas em excelentes condições: com uma boa taxa de juro, com um bom spread. Manter esta situação de passivo gerada pelo PSD é insustentável, pois não se pode governar uma autarquia com mais de 7000 (sete mil) credores a baterem à porta diáriamente para verem os seus créditos liquidados. Mais uma vez, é assim na vida privada e na vida pública, só o psd, causador desse passivo, é que pensa de modo diverso.
Será caso para perguntar ao partido da Lapa de Meneses se tem algum saco-azul com que pensa gerir Lisboa...
De igual modo Mário Bettencourt Resendes, ex-director do DN, foi claro e realista, afirmando: esta dramatização do edil da capital é mais do que natural. Manter a composição daquela Assembleia Municipal seria suster - digo eu - a espada de damôcles de forma permanente sobre o Executivo, qualquer que ele fosse e, assim, ameaçar as condições da governabilidade da CML e permitir ao PSD administrar essa chantagem a conta-gotas.
É, na prática, o que este psd de Gaia está a fazer. Concertado com a Distrital (ou não)... Mas é provável que esteja, ainda que garantam o contrário, até porque Meneses é autarca (e ainda não falou), por essa razão, muito sensível às questões do Poder Local em Portugal.
Em face do exposto, a hipótese de novas eleições intercalares em Lisboa são uma forte possibilidade. E o que tiver de ser será. Mas se tal vier a ocorrer este miserável PSd coloca-se, de novo, na posição do velho estalinista PCP quando Portugal aderiu à então CEE: um partido anti-sistema, reduzido (sociológicamente) a cinzas na capital do País.
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