quinta-feira

António Costa disse o que tinha de dizer, fez o que tinha que fazer. Esteve bem

O PSD de MMendes, Santana Lopes e de Carmona Rodrigues, depois de ter gerado o caos financeiro, político e de credibilidade geral na gestão de Lisboa - agrava agora a sua identidade com a promessa de vetar o empréstimo de 500 M€O que o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, e a generalidade das pessoas qualificadas, informadas e de bom senso, entendem necessário para a gestão equilibrada da autarquia e a normalidade do município.
Sem este empréstimo a autarquia não consegue pagar as dívidas aos fonecedores, e sem esta operação nada mais funciona, como é óbvio. Também é assim na gestão dos orçamentos familiares. A não ser que o PSD queira ser, novamente, responsável por eleições intercalares em Lisboa, o que além de um tremendo desperdício para a cidade e para o país - seria ridículo. E os lisboetas, naturalmente, não são parvos e sabem identificar a raiz do mal.
Neste colete de forças, António Costa esteve bem: disse o que tinha de dizer, fez o que tinha que fazer: encarar a hipótese de se demitir caso o empréstimo não seja viabilizado pelo autor do caos financeiro - o PSD - que agora, muito curiosamente, ameaça inviabilizá-lo pela maioria que tem na AM.
E ao votar hoje contra essa proposta para contrair o referido empréstimo em reunião do executivo municipal - permite-nos encarar todos os cenários que, de resto, são naturais em política. Aliás, em política tudo é possível, até transformar a irresponsabilidade do PSD de MMendes, Santana e Carmona numa irresponsabilidade ainda maior do psd-sinho de Meneses.
Das duas uma:
1. Ou este PSD está já a afiar as facas longas para vetar a proposta de contracção de empréstimo na próxima semana, e então será politicamente responsável pela instabilidade política e por tornar a autarquia ingovernável;
2. Ou está a fazer bluff e a jogar com a sua maioria absoluta na Assembleia Municipal - e será, de igual modo, politicamente responsável pelo caos gerado.
Quer num caso quer noutro, trata-se de acontecimentos municipais extraordinários que, a verificarem-se, serão imputados à vontade objectiva e subjectiva deste PSD que ao inviabilizar aquele empréstimo (vital para a sustentabilidade de Lisboa) está a dizer que não se importa de degradar as condições políticas, financeiras e económicas da cidade desde que isso sirva os interesses táticos e de curto prazo do partido da Lapa, reabrindo, desse modo, o ciclo do risco, da incerteza e da instabilidade de que foi autor no passado, é instigador no presente e fautor no futuro.
Foi também esse mesmo PSD- autárquico que hoje está no banco dos réus acusado de actos de corrupção, nepotismo e demais irregularidades que a Justiça tenta apurar, provar e julgar.
É óbvio que os portugueses, e os lisboetas em concreto, não são parvos, e não o sendo sabem, à partida, como rejeitar esse passado, esse presente e esse mau futuro dum psd que se tornou mais num partido instabilizador do sistema do que um partido promotor da normalidade política ao nível autárquico.
Sucede que os tempos presentes não são tempos para agitadores sociais, nem para ameaças ou chantagens, porque o que esse psd pode transmitir à sociedade ainda está condicionado à linguagem e à práxis do passado que não tem qualquer futuro...
Por isso, bem esteve António Costa ao dizer o que disse e na forma como disse.

PS: A conduta deste PSD neste contexto de condicionalismo e de estrangulamento autárquico, curiosamente causado por si, faz lembrar a conduta do PCP na década de 80 quando Portugal aderiu à então CEE - e teve de ultrapassar a resistência obsessiva de um partido anti-sistema. É isso que o PSD hoje faz lembrar na gestão do Município de Lisboa.