terça-feira

Lisboa e a planificação da frente ribeirinha da cidade. António Costa cumpre calendário e programa eleitoral

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LISBOA

José Miguel Júdice avisa a câmara de Lisboa que qualquer que seja a solução para a frente ribeirinha da cidade, nunca será consensual. António Costa já garantiu, no entanto, que aquele espaço, à frente do rio, não será para ocupar com torres de escritórios.
( 08:27 / 13 de Novembro 07 )
O presidente da câmara de Lisboa espera ter definidas, na próxima semana, as áreas que vão passar do domínio da Administração do Porto de Lisboa (APL) para a autarquia. Só depois será possível começar a trabalhar na reabilitação da frente ribeirinha.
Ontem à noite, num debate sobre Lisboa e o Tejo, António Costa, o presidente da câmara deixou uma certeza: a frente ribeirinha não será ocupada com escritórios e torres.
«As pessoas vêm a multiplicação de lotes, de torres e de escritórios à beira rio, mas nada disso, que eu saiba, está previsto. E se não está previsto agora, no final ainda menos estará», salientou o autarca.
António Costa promete que câmara e Governo vão trabalhar juntas na reabilitação da frente ribeirinha da cidade mas, para já, não está definido nenhum plano estratégico.
«O que é que se via fazer entra o Cais do Sodré e Santa Apolónia, o que e se vai desenvolver em Pedrouços e em Belém? Está-se a desenvolver o trabalho mas esse trabalho ainda não tem versão final, nem foi aprovado pela câmara, nem pelo Governo», sublinhou.
Desta definição dependerá, depois, a constituição das sociedades participadas pelo Estado e pela autarquia responsáveis pelas obras da frente ribeirinha.
José Júdice, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados será o futuro coordenador dessas sociedades. Ontem à noite, no debate, José Miguel Júdice advertiu a câmara de que deve estar preparada para muitas polémicas, porque qualquer que seja a solução para a frente ribeirinha nunca será consensual."

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Obs:
António Costa aparece a dar cumprimento ao seu programa eleitoral, logo a ser coerente com o que definiu em contexto de campanha nas intercalares. José Miguel Júdice será, certamente, uma peça importante na recuperação da zona ribeirinha, por isso adverte para os grãos de areia que irão ser colocados na engrenagem no sentido de paralisar a máquina da decisão. Tudo coisas que fazem parte do jogo político, embora a cada um se exija o seu trabalho, e o do Executivo é, certamente, governar a cidade.
Sobretudo tratando-se de uma das centralidades mais importantes de Lisboa, a zona ribeirinha. Mas que ideia estará aqui presente? Que imagem e realidade se pretende para a cidade e em função de que critérios? Questão, aliás, que se colocou ao tempo de Guterres - aquando da realização da Expo/98, simbolo da globalização do Portugal moderno - e que hoje se pode aferir por edifícios com uma arquitectura diversificada e integrada no conjunto da zona Oriental sob os auspícios da Torre Vasco da Gama.
Mas pensar a zona ribeirinha implica ter uma noção para ela, especialmente num contexto de mudança por que Lisboa está a passar. Uma mudança que coexiste com variáveis internas e uma envolvente externa cujo desenvolvimento importa direccionar a cidade para o seu próprio equilíbrio, em harmonia com o resto da cidade. Coisa de que está privada pela forma como a Admn. do Porto de Lisboa tem gerido aquela fatia escura da cidade, que hoje parece uma montanha de ferro, de cargas e de descargas de contentores que chegam de todas as partes do mundo.
Vejamos algumas ideias que, eventualmente, poderão estar presentes nesta nova gestão da zona ribeirinha da cidade de Lisboa que agora arrancará pondo a Capital a mexer, embora não esquecendo os fortes condicionalismos financeiros constantes do passivo em que António Costa herdou a autarquia das mãos do psd de Carmona e de Marques Mendes, entretanto reformado (compulsivamente), também por causa dos resultados de Lisboa.
Desde logo, intervir na zona ribeirinha - hoje ofuscada por aquele biombo de doca terceiro-mundista é limpar, modernizar e tornar transparente aquela fatia da cidade e devolvê-la aos lisboetas e a quem visita a Capital.
Depois servi-la e equipá-la com modernos meios tecnológicos, designadamente aproximá-la do resto da cidade com bons transportes para tornar acessível aquela frente ribeirinha aos cidadãos que esbarravam com o muro da APL. Um espaço de lazer em potência que os lisboetas muito apreciaram...
Mais problemático é encerrar algumas das empresas que alí laboram, pelo que se deverá planear a sua deslocação sem que daí resulte falências, despedimentos ou qualquer outra crise nas empresas alí instaladas e que terão de passar a laborar noutra área.
Mesmo não sendo uma área para construção, seria útil que da acção da CML resultasse um plano que, directa ou indirectamente, contribuisse para travar a desertificação da cidade e, de certo modo, também o envelhecimento da população da capital.
Por último, e como mero cidadão falo, gostaria que na zona ribeirinha fossem criados espaços verdes e não os habituais espaços de promoção imobiliária. Temos já a promessa de António Costa que a 1ª opção será a realizável, o que será uma boa notícia para a cidade.
Uma notícia que poderá ser potenciada se se conseguir reinventar toda essa tira ribeirinha da cidade que marcará o eixo pontuado pelo Cais das Colunas e pela Torre de Belém, conferindo a todo esse prolongamento ribeirinho um projecto de desenvolvimento de cariz sociocultural sustentado numa ideia integrada para a cidade que os executivos precedentes não quiseram e não souberam realizar.
Uma tarefa que caberá a este Executivo concretizar. Com a vantagem estratégica, sem que daí resulte qualquer subserviência, de poder colaborar estratégicamente com o governo numa ideia pro-activa de projecto comum.
Porque o que for bom para a Capital também será bom para Portugal.E o inverso, devido à centralidade da capital, também será válido.