quarta-feira

O gestor da zona ribeirinha. Desmontagem duma campanha

Notas prévias do Macro:
DESMISTIFICAÇÃO DE UM CONVITE QUE SÓ PECA PELA INOPORTUNIDADE POLÍTICA, MAS QUALQUER PARTIDO, QUALQUER CANDIDATO QUE SE PREZE GOSTARIA DE TER A SEU LADO JOSÉ MIGUEL JÚDICE, UMA NOVA ESPERANÇA PARA LISBOA E PARA O PAÍS. AGORA NO PAPEL DE "ADVOGADO" DA ZONA RIBEIRA NA DEPENDÊNCIA DO PM E, NATURALMENTE, EM COORDENAÇÃO COM O EXECUTIVO CAMARÁRIO EM FUNÇÃO DA DELIMITAÇÃO DE COMPETÊNCIAS QUE VIER A ESTABELECER-SE.
SERÁ MAIS UM ACTIVO PARA LISBOA E PARA O PAÍS.
INTERROGAÇÃO POLÍTICA OU OPORTUNISMO POLÍTICO DESTE PsD???
Se o convite a José Miguel Júdice havia sido já tornado público no passado dia 4 de Maio e conhecido da opinião pública (e supostamente de MMendes que também lê jornais) através do Semanário - porque motivo só agora, quando Marques Mendes estava atrapalhado com a carta que o mandatário - Júdice - lhe enviou (dando-lhe 48h. para provar as acusações que fez ao arq. Manuel Salgado) a propósito das insinuações torpes que deduziu em relação a supostos interesses do arquitecto nos terrenos do aeroporto, o assunto voltou à ribalta política como se fosse uma notícia fresca e um activo para a cidade de Lisboa?
É assim que este PsD faz política, recorrendo às ferramentas que parece melhor dominar: insídia, difamação, perfídia e oportunismo político pensando que, desse modo, irá ajudar o seu candidatosinho de recurso a ganhar mais uns votinhos ao Carmona, o candidato calimero, que está onde está para levar pancada.
Vejamos agora o artigo que serviu de objecto à actual "cavalgada" pelos opositores de António Costa a Lisboa nestas eleições intercalares, à falta de melhor ideia ou projecto para a cidade. Sabendo-se, à partida, e isto é de sublinhar - que o assunto remonta a 4 de Maio deste ano, e sabendo-se também que o que se precipitou depois (ou seja, a queda do Executivo na Capital do País a cargo deste PsD) não deixa de ser estranho a retoma desta "cavalgada" que só tem um fito:
- "Entalar" A. Costa e o PS nestas eleições, mas, em rigor, esta micro-campanha de MMendes faz-me lembrar uma outra em vésperas das últimas eleições legislativas lançada por Santana Lopes e pela sua entourage de amigos e de soit-disant jornalistas - que se alicerçou com base em dois faits-divers, ambos difamatórios e passíveis de procedimento criminal, revelando que entre Santana e Mendes não existe diferença no actual lodo em que vegeta este PsD:

1. Colar Sócrates às alegadas práticas de corrupção do licenciamento do Free-port de Alcochete -, mas o tiro saíu pela culatra ao Santana visto que Sócrates conquistou as eleições legislativas com maioria absoluta e os "jornalistas de serviço" (porventura os mesmos que numa inauguração duma ponte que custou milhões ao país perguntam pela vaia no Glorioso) em questão ainda respondem em Tribunal...

2. Dizer que Sócrates era gay, Santana até falou em "colo político", expressão que se generalizou e ridicularizou então. Mas nada disto funcionou em 2005, é muito provável que também não funcione agora para as eleições intercalares de Lisboa.
Desmistificado a atoarda, veja-se o artigo objecto de análise e que visa José Miguel Júdice e, (in)directamente, António Costa.

O artigo de Maio de 2007 - Semanário -
"SÓCRATES VAI CRIAR AGÊNCIA QUE RETIRA PODERES À CML E AO PORTO DE LISBOA JÚDICE convidado para presidir à entidade que vai gerir a zona ribeirinha Santa Apolónia-Ajuda Última SÓCRATES CRIA ENTIDADE E RETIRA PODERES À CML JÚDICE convidado para gerir zona ribeirinha entre Santa Apolónia e Restelo Em plena crise na Câmara Municipal de Lisboa, o primeiro-ministro sondou o antigo bastonário da Ordem dos Advogados e ex -militante do PSD, José Miguel JÚDICE, para assumir a entidade enpresarial pública, que irá gerir a zona ribeirinha entre S. Apolónia e Algés, incorporando a zona monumental da Ajuda.
Trata-se de uma entidade que assumirá a gestão dos recursos da União Europeia no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e que ficará por cima do município de Lisboa e da autoridade do Porto de Lisboa, com as competências para fazer a recuperação paisagística e urbana da mais importante costa portuguesa de interesse turístico. A semelhança da Parque Expo, a nova entidade empresarial poderá avançar com a segunda fase do projecto de aproximação da cidade da sua frente ribeirinha e finalmente avançar com o enterro da linha de comboio para Cascais, pelo menos entre o Cais do Sodré e Algés.
Por outro lado, permitirá novas articulações com o Metro, depois da demora escandalosa e inexplicável das obras para Santa Apolónia, que se mantêm no Terreiro do Paço há mais de uma década. Esta poderosíssima instituição poderá ter também uma palavra a dizer sobre a terceira ponte sobre o Tejo. A escolha de José Miguel JÚDICE, um histórico da Nova Esperança, é uma escolha pessoal do primeiro-ministro, o que, do ponto de vista político, vai permitir concluir que toda a acção da agência acabará por ser do próprio primeiro-ministro.
De algum modo, Sócrates retoma deste modo a iniciativa política em Lisboa, evitando novas surpresas do lado do PSD, em face da dificuldade da escolha de um candidato à Câmara Municipal da capital do País. Sócrates segue, com José Miguel JÚDICE, de algum modo o modelo de Salazar, que acabou por nomear Duarte Pacheco para presidente da Câmara de Lisboa em 1938, para depois o chamar para ministro das Obras Públicas, garantindo assim o controlo directo do principal município do País.
Uma vez que não o pode colocar no Governo, pois ainda se desfiliou do PSD há meses, e também não lhe pode dar a CML, Sócrates cria um organismo intermédio, que fica com as competências do Município e com o dinheiro da União Europeia.
Recorde-se que, em 1933, Duarte Pacheco iniciou uma profunda modernização dos serviços dos Correios e Telecomunicações por todo o País. Nesse mesmo ano, nomeou uma Comissão Técnica para estudar e elaborar um plano que pudesse levar à construção de uma ponte sobre o rio Tejo, ligando Lisboa, zona do Beato, ao Montijo. Chega mesmo, no ano de 1934, a propor a construção de uma ponte rodo-ferroviária, em Conselho de Ministros. Duarte Pacheco é autor de projectos dos "novos Bairros Sociais" de Alvalade, Encarnação, Madredeus e Caseias, em Lisboa. Mandou construir a primeira auto-estrada Lisboa-Vila Franca de Xira, pioneira da A1 Norte. Projectou a actual Av. de Roma, em Lisboa, da forma como ainda hoje permanece, do ponto de vista imobiliário. Ao longo da sua carreira, quer como professor ou estadista, Duarte Pacheco promoveu, e revolucionou, o sistema rodoviário de Portugal, para além das inúmeras construções de obras públicas que mandou executar, tais como a marginal Lisboa-Cascais, o Estádio Nacional, e a Fonte Luminosa, em Lisboa.
Foi sua, também, a criação do Parque de Monsanto, e contribuiu para a construção do aeroporto da cidade de Lisboa. Agora, José Miguel JÚDICE poderá ter a tarefa de colocar Lisboa no mapa das grandes capitais turísticas europeias e transformar a capital num dos mais belos burgos ibéricos com frente marítima".

Obs. finais: Como mero cidadão atento ao fenómeno político e que não gosta de ser ludibriado com campanhas-quentes buriladas à última da hora pela S. Caetano à Lapa - e que afectam a generalidade dos partidos em contexto eleitoral, devo sublinhar apenas mais duas notas:

a) José Miguel Júdice deverá fazer a sua declaração de interesses por forma a não beneficiar (bem como o seu escritório de advogados) directa ou indirectamente, de consultorias jurídicas decorrentes das suas novas funções para gerir a zona ribeirinha da Capital, facto que já é conhecido da opinião pública desde Maio último, como referimos;
b) Faço votos para que José Miguel Júdice faça um bom trabalho - de preferência em coordenação com o novo Executivo autárquico e a bem da cidade de Lisboa que tem sido completamente "afogada" na administração-fantasma do Porto de Lisboa.
Urge, portanto, devolver o rio Tejo à cidade e às pessoas que a amam e a visitam. Tudo visto e somado, e atendendo à qualidade profissional, humana e cultural de Júdice - esta acaba por ser uma decisão positiva para Lisboa e os lisboetas, apesar da sua inoportunidade política.
Mas a forma e as aparências jamais deverão prejudicar o fundo e o conteúdo das questões na óptica da mais eficiente racionalização das política públicas. Sejam para o País ou para a sua Capital.