terça-feira

A jornalista da República

Confesso que já começo a "gostar" mais dos debates conduzidos por dona Fátinha Campos Ferreira, mesmo quando são feitos à pressa e atabalhoadamente, do que da senhora apresentadora - já mui gasta, previsível e auto-promotora.
Ela dá a palavra, tira a palavra quando as pessoas estão a carburar mentalmente, muda de tema, é injusta na atribuição dos timings, substitui-se aos intervenientes só para demonstrar ao povo que colou-a-cuspo uma estatística sobre casas-devolutas na véspera ou acerca de quantos espancamentos houve em Lisboa nos últimos dois anos, discute, aponta com o dedo indicador como quem acusa, faz piruetas como se estivesse no ballet da Gulbenkian e o mais.
Ou a dona Fátima se julga uma bailarina ou jornalista, e eu no fim daqueles formatos de programa fico sempre com a sensação que a senhora, salvo melhor opinião, não é uma coisa nem outra, apesar de ter a mania que é ambas.
A dona Fátima tem de perceber que não é dona da República, do tempo de fala dos convidados nem do regime. Ela trabalha numa estação pública paga com os impostos dos portugueses e, como tal, deveria trabalhar para assegurar uma maior representatividade e proporcionalidade nos tempos que a Lei definiu como sendo equilibrados e que a jornalista de serviço interpreta mal, violando direitos básicos de comunicação e em directo.
Os media devem agir sobre os grupos existentes, sobre as famílias, as profissões, as classes sociais mas em caso algum devem suprimir o pensamento das pessoas levando-as, ainda que pontualmente, por efeito dessa pressão alucinante do tempo cronológico, a dizer aquilo que em condições normais não diriam.
Estou perfeitamente convencido, por exemplo, que Fernando "Pretão" não diria as baboseiras (difamatórias) que disse, agora cunhado com umas declarações de Maria Carrilho (que já ninguém sabe quem é, até porque nem sequer cumpriu a sua missão como vereador da CML, as pessoas lembram-se é da Bárbara...) caso tivesse mais folgado no tempo do seu pensamento.
Numa palavra: se calhar a responsavél por esta situação lamentável de compressão do tempo bem como o formato medieval escolhido pela RTP para organizar e divulgar as várias propostas autárquicas - é da própria direcção de programa das RTP que deveria ser mais inteligente e eficiente na utilização dos nossos impostos. Nem que para isso tivesse de mandar esta lei eleitoral às malvas, pois seria mais simpático do que ter de o fazer com a dona Fátinha que pela ilusão do sucesso que julga ter granjeado com o seu Prós & Contras - incorre na chama de narciso e se julga uma grande jornalista..
E eu digo que ela é tão boa jornalista como bailarina. Se dúvidas houver faça-se o seguinte exercício - tão comesinho quanto simplório: pergunte-se aos candidatos o que acham do formato e da forma de moderação-intervenção da senhora jornalista na condução do trabalhos.
Julgo que esse "forrobodó" (Ua expressão do gosto de Alberto jardim, que também já foi ou é jornalista no semanário Diabo) irá continuar até que um dos convidados, um dia, tenha a coragem de se passar e, em directo, abandonar o programa mas não sem antes explicar aos telespectadores que aquelas regras são importadas de Moscovo e que, por isso, não deveriam fazer carreira em Portugal.
Elas suprimem o pensamento e dão cabo dos cérebros, daqueles que ainda o têm, naturalmente!!!