quinta-feira

O falso moralismo de Pacheco Pereira: a política e a ética

Por vezes o "Pre". José Pacheco Pereira quer ser tão elaborado nas suas ideias que pretendia pôr os candidatos à CML a discutir filosofias e estéticas nas artérias da cidade, e não os problemas concretos e as soluções que cada um apresenta para resolver esses problemas - no curto, médio e longo prazos. Nisso o programa eleitoral de António Costa é, de longe, o mais eficiente. Oxalá o consiga concretizar, o que dependerá do tipo de maioria que tiver nas urnas no Domingo.

Hoje o nó górdio daquele miserável debate parece ter sido o facto de saber o que é mais grave:
  • Um MMendes que lança insídias e difama um elemento da equipa de António Costa e depois, por falta de provas, se esconde como um cobarde foragido à justiça; ou imputar a A. Costa um facto que é mantido em sigilo por razões políticas e éticas e que é da reserva do PM e do próprio Júdice, que aceitou o convite? Antes de A.Costa ser sequer candidato à CML.

Sendo ambas preocupantes, admito naturalmente, que a que vincula MMendes é bem mais grave e deveria ser juridicamente imputável, quanto à outra deverá ser moralmente censurável.

Mas é uma censura que deverá ser relativizada pelo simples facto de que a 4 de Maio do corrente essa matéria foi objecto de um artigo no jornal Semanário de que aqui também já demos conta. Portanto, o convite era conhecido, e MMendes - não é como Cavaco, ele lê jornais...

O problema é que MMendes anda furioso porque um político de perfil elevado como é José Miguel Júdice, ainda por cima um advogado de sucesso que lidera um escritório que manda balanço, e que sempre integrou a esperança do PSD, tenha saído do partido - enfraquecendo MMendes - e tenha aceite um convite do seu principal opositor político, Sócrates.

Gostariámos de perguntar a MMendes o que é que uma senhora como dona Zita Seabra faz no PsD...

Numa palavra, Lisboa não paga a traidores e acho muito bem que os candidatos, ao invés das baboseiras pseudo-filosóficas de P.Pereira, discutam os problemas concretos e as soluções que melhor lhes correspondam. É que a filosofia, à margem do que Pacheco crê, também serve para duas coisas:

1. Fazer listas de pessoas que não sejam meros "boys" dos partidos - tão do apanágio deste miserável PsD que deixou Lisboa de rastos em todas as frentes (urbanística, financeira, ambiental, habitacional, etc e tal);

2. E rentabilizar os pressupostos do saber cruzado que é coordenado pela Filosofia a fim de integrar conhecimento - naquelas áreas - que fazem a vida na cidade - identificando pequenas soluções para os problemas da polis.

Mas Pacheco Pireira é outro sabichão que por vezes só danifica o saber instalado, e hoje ganharia mais se tivesse inventado uma diarreia a pretexto de não ir aquele programa dizer tanta baboseira.

Arquive-se, pois, o que ele hoje disse. Não passaram de ideias-pedintes.