domingo

O circo - por Vasco Pulido Valente -

sexta-feira, 13 de Julho de 2007
O circo (Público ass.)
"Não sei como alguém vai votar domingo. A lei permite que qualquer indivíduo se candidate pelo preço ridículo de 5 mil assinaturas. Não admira que se apresentassem 12. Cinco estão ali só por causa da publicidade: Garcia Pereira (como de costume), Manuel Monteiro (um caso patético), Pinto Coelho, Quartin Graça e Gonçalo da Câmara Pereira. É um espectáculo triste, que tristemente foi levado a sério. Dos sete candidatos, por assim dizer, com algum "peso", cinco representam partidos parlamentares e dois cisões do PS e do PSD. Com esta dispersão, não admira que a campanha se tornasse numa arruaça sem sentido, que nenhum lisboeta percebeu e que produzirá com certeza uma câmara impotente e caótica. Nunca houve, que me lembre, uma eleição tão degradante como esta.
Ao que parece, os candidatos têm "ideias", dezenas de "ideias, centenas de "ideias" sobre tudo e sobre nada. A televisão, a rádio e os jornais prestaram um péssimo serviço a Lisboa (e ao país) quando resolveram dar espaço e tempo ao que se passava na pobre cabeça dos candidatos. Primeiro, porque "ideias" não fazem um programa ou sequer revelam uma vocação de governo, como exemplo de Roseta radicalmente prova. Segundo, porque a abundância de "ideias" é o sintoma típico do idiota. E, terceiro, porque com tanto disparate, tanta promessa e tanto delírio o cidadão comum ficou desinteressado ou confuso. Não ficou nem mais seguro, nem mais bem informado. O "critério editorial" devia servir para evitar estas coisas. Não serviu. Serviu para o contrário: o debate com os 12 concorrentes na RTP1 mostrou até que ponto pode ir a irresponsabilidade e a demissão. Muito longe. A campanha para a câmara também é um aviso para o PS e o PSD. Por mal que se pense de Helena Roseta, o facto subsiste que ela revelou uma incomodidade básica do eleitorado socialista com o governo de Sócrates. Se o resto da esquerda aguentar o voto, o resultado provável de António Costa é uma derrota de consequência: e não exclusivamente para ele.
Quanto ao PSD, corre o perigo de acabar atrás de Roseta e já é quase certo que o eng. Carmona volta em 2.º lugar (à frente de Negrão). Pior não se imagina. Talvez Marques Mendes se arranje para resistir ao assalto que por aí lhe preparam (e convém não o subestimar). Mas de qualquer maneira, depois deste vexame, o PSD deixa de contar como oposição. Este extraordinário episódio de Lisboa enfraqueceu e desagregou os dois grandes partidos do regime. Falta saber se é um acidente ou uma tendência".
Obs: Vasco tem razão, mas convém sublinhar que foi MMendes quem atirou a 1ª pedra desta campanha suja para Lisboa, ao lançar insídias sobre o arq. manuel Salgado relativamente aos terrenos da Portela. Depois, bom depois não custa perceber que Isaltino e os seus se mexeram junto do CM - e a manchete fez o resto. E o resto foi mesmo o resto: esgravatar a vidinha socioprofissional de MMendes na Univ. Atlântica - ao tempo em que as relações "Mendo-Isaltinianas" eram excelentes.
Esta maneira velha e algo meretriz de fazer política não rende, sobretudo para quem atira pedras, depois essas pedras convertem-se em obeliscos e esmagam quem as arremessou nesse boomerang da política partidária. Anda MMendes há 30 anos a fazer política, a integrar governos, a fazer a quadratura do círculo em matéria de Ota, aborto e o mais...
A ser o tal "laranja mecânico", e depois comporta-se como um estagiário da PJ - onde até hoje são os próprios "polícias" a assumirem o papel de "ladrões" neste mundinho de pernas para o ar. Ora aqui está um caso digno da atenção especiosa de Fernando Negrão.., que se enganou no casting, errou na campainha e caíu em Lisboa, mas era, verdadeiramente, na PJ onde deveria estar.
Estou convencido que já nem os vizinhos da Lapa votam neste PsD, felizmente têm outra opção mais credível para a Capital: o António Costa. Este candidato não fez campanha suja, po isso é capaz de obter a maioria absoluta.