Versão popular do paradoxo de Russel: o barbeiro de Sevilha e Bin Laden. A ilusão da crença
Há em Sevilha um barbeiro que reúne as duas condições:
1. Faz a barba a todas as pessoas de Sevilha que não se barbeiam a si próprias;
2. Só faz a barba a quem não faz a barba a si próprio.
Ora, como é lógico, o paradoxo emerge quando tentamos saber se o tal barbeiro de Sevilha faz a barba a si próprio ou não. Se fizer a barba a si próprio, não pode fazer a barba a si próprio, para não violar a condição 2; mas se não fizer a barba a si próprio, então tem de fazer a barba a si próprio, pois essa é a condição 1.
Sucede, porém, que o que hoje mais interessa à Humanidade é saber quem faz a barba a Bin Laden...
Respondido a isto, creio que o mundo seria bem menos paradoxal. Porque, na verdade, há paradoxos e paradoxos...
Mas o que angustia não é a indecibilidade presente no paradoxo do barbeiro, mas perceber que a linguagem morreu diante da realidade que visa explicar, e quando os conceitos não capturam a realidade a desgraça irrompe, os significados ficam sempre na penumbra mergulhados num espelho fusiforme e abstracto. Resta-nos, pois, acreditar, mas em quê!?
Por vezes, nem a crença em algo oferece conceitos que nos levem lá..
Resta-nos, sim, a ilusão da própria crença. Para afastar a antecâmara do fim. E é esse medo do fim que nos alimenta a ilusão de novos começos, de paradoxos emergentes, de novos barbeiros...
Hoje, andamos todos de lâmina afiada na mão em busca d'algo que outros já procuraram há milhares de anos e (também) não encontraram. Resta-nos a "burrice" paradoxal das repetições.
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