Ficção: crime no Centro Cultural de Belém e a colecção Joe Berardo
Imagine-se que meia dúzia de presidiários em regime de "precária" resolvem tomar de assalto o múseu Joe Berardo no CCB. De caminho sequestram o empresário mais um camião cheio de quadros surrealistas do agrado do PM, que inspira a governação - e dirigem-se para Amsterdão para vender o espólio. Lá os experts receptadores oferecem apenas 1/3 do valor acordado e fundamentam o acerto com base na fraca qualidade dos quadros palmados.
Imagine agora que os assaltantes eram, de facto, não os presidiários em regime de precária, mas agentes qualificados do ministério da Cultura (cuja titular queria vingar-se da humilhação sofrida nas negociações com o Comendador) e da Educação (que não sabe o que queria/quer) tinham por missão avaliar o verdadeiro valor e originalidade das peças.
Descoberta a marosca, desfeito o bluff - que faria se fosse agente superior do Estado?
- a) Exigiria a renegociação do acordo do Estado com Joe Berardo?
- b) Pagaria o resgate do empresário?
- c) Despachava a colecção de Joe para o átrio de Stª Apolónia?
- d) Fazia um leilão na Feira da Ladra e pagava um almoço aos feirantes que animam aquele espaço?
- e) Chamava aldrabão a Joe e retirava-lhe o título de "Comendador"?
- f) Implodia o CCB e responsabilizava Cavaco pelo sucedido com efeitos retroactivos?
- g) Ou pedia a Joe que aparecesse ladeado pelo PM na inauguração da exposição?
Escolha, a decisão é sua. A ficção é da República, mas por vezes a ficção encerra um mar de verdade que nem a verdade suspeita.
Também isto é arte.
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