quinta-feira

As empresas e o Estado em Portugal: razões da (in)produtividade

É ponto assente que hoje qualquer organização é mais produtiva se trabalhar horizontalmente, contrariando os métodos de hierarquização vertical do passado basaedo na obediência e na fé cega de quem estava acima manda melhor. Pura ilusão. Esse foi um tempo fundando em pressupostos-macacos, ou seja, que defendiam que os génios ocupavam o topo da pirâmide da organização e os tolinhos na base, como formigas - restejando.
Este era o princípio-director que comandava toda a economia internacional até há bem pouco tempo, em que os processos e os métodos de gestão e de organização e de tomada de decisão mudaram substancialmente. Posto que quer a maioria das oportunidades têm lugar nesse espaço cruzado - entre pessoas, funções, motivações, expectativas, clientes, mercados, fornecedores e o mais. É aí que as coisas se jogam, e em Portugal, a avaliar pela situação económica das pessoas e das empresas, as coisas têm-se jogado mal.
Por outro lado, durante muito tempo a solução para o problema empresarial radicava nas fusões, aquisiões e assim se ía diversificando serviços e produtos. Com o agravamento da carga fiscal conhecida a resposta parece ser outra, i.é, as empresas subcontratam, externalizam, focalizam-se em pequenos nichos de mercado e assim procuram multiplicar os seus lucros - combinando produtos e serviços de vários pontos da sua rede para satisfazer o cliente, que é sempre o soberano que tem e deve sempre ficar satisfeito. Mas isto é realizado a que custo social?! Com intensa precariedade e desemprego.
Será isto que o Estado faz na sua gestão política? Será isto que as empresas nacionais fazem na sua luta pelos mercados? Creio que nem um nem outro em Portugal estão preparados para esta mudança sistémica cunhada de globalização competitiva que já há muito faz carreira no plano mundial, e é por não acompanharmos essa "parada" que temos vindo a perder o comboio da modernidade e do desenvolvimento. Por isso estamos a ficar cada vez mais pobres, basta ler o post infra e olhar para a realidade socio-económica portuguesa para perceber que em vez de convergirmos com os indicadores de desenvolvimento dos países da UE deles nos afastamos. Daí as medidas de carácter fiscal - seja com mais impostos ao rendimento, seja tributando o consumo. Qualquer dia pagamos também por respirar O2.
Creio que o problema nacional é, em rigor, uma questão de organização, até porque quando o português emigra é capaz de fazer mais e melhor nos países de destino, então por que razão não o faz intra-muros? Há aqui uma relação psicológica que tem interferido com a racionalização da economia nacional, sendo certo que um dos desafios de Portugal será o de fazer com que o todo seja maior do que a soma das partes.
Resta saber o que em Portugal podemos somar...