Putin e o Ocidente - por Vasco Pulido Valete -
Putin e o Ocidente
28.04.2007, Vasco Pulido Valente
"A Rússia, ou, mais precisamente, a Federação Russa, considera que a República Checa, a Eslováquia, a Polónia, a Roménia, a Bulgária, a Ucrânia, a Lituânia, a Estónia, a Letónia, a Finlândia e a Bielorrússia fazem parte, como se dizia dantes, do seu "cordão sanitário". Ou seja, do seu "cordão de segurança". Só o hábito de chamar "Rússia" ao antigo império czarista e à URSS, como se chamava e chama Inglaterra à Grã-Bretanha, levou o Ocidente a pensar, em 1914, que Rússia começava na fronteira da Áustria e da Prússia Oriental e a supor, a seguir, que a invasão de Hitler foi a invasão da "Rússia" e que as grandes batalhas da II Guerra Mundial foram em território "russo", quando a parte desse território de facto ocupada pelo Exército alemão não chegou sequer a 10 por cento.
Isto é importante para perceber o último discurso de Putin. Depois da queda do regime soviético, a "Europa" e a NATO, aproveitando a fraqueza de Moscovo, entraram à vontade pelo "cordão sanitário", que desde o século XIX tinha sido visto como garantia indispensável de sobrevivência. Enquanto não se tocou no essencial (a Ucrânia e a Bielorrússia) como não se tocou (ou quase não se tocou) e não se deram a ninguém armas nucleares, tudo correu bem. Mas quando a NATO resolveu instalar sistemas de defesa antimíssil na República Checa e na Polónia, Putin não podia deixar de reagir. Não é porque os sistemas de defesa antimíssil ameacem a Rússia, que, por natureza, não ameaçam. É porque são, pelo menos na aparência e provavelmente na substância, um gesto de independência e, pior ainda, de hostilidade.
Não se trata, como por aí se escreveu, de um regresso à guerra fria. O problema está em que a Rússia não vai permitir que a cerquem de Estados militantemente hostis, do Báltico ao mar Negro, e teme o precedente da Polónia e da República Checa. Putin sabe, como sabia a "inteligência" czarista, ou a melhor parte dela, que o desenvolvimento económico e cultural da Rússia depende, em última análise, do Ocidente. Se a isolarem, se a tratarem como pestífera, voltará à sua velha condição de potência asiática, atrasada e tendencialmente expansionista. Suspendendo o Tratado sobre Armas Convencionais na Europa, a Rússia de Putin manda um recado muito sério a Washington e Bruxelas: não tenciona tolerar um "cordão sanitário", desta vez contra ela, nem prescinde de um "corredor" para o Ocidente. O que se compreende".
Obs: Vasco tem razão, temos de tratar bem a Rússia do sr. Putin senão eles voltam a "comer criancinhas" ao pequeno almoço, e depois o camarada Jerónimo volta a reclamar a instauração das velhinhas democracias populares de partido único no burgo. E o seu lacaiosinho de serviço, um tal bernardo continua a defender que a Coreia do Norte é uma democracia exemplar.. Mas sobre o legado político do alcoólico Yeltsin Vasco não disse uma palavra, porquê será? Na lógica da Guerra Fria era a força militar que condicionava a política, hoje, ao invés, verifica-se uma economização da decisão política, e não creio que a ineficiente economia russa esteja em condições de ditar o que quer que seja, e se virar para a Ásia - fechando-se a Ocidente - ainda será pior, de modo que Putin tem de voar baixinho e falar mais em economia e menos em armas e, de caminho, podia ser menos "bandido" na forma como alegadamente trata os ex-kgb que resolveram investigar conexões perigosas que remontam ao tempo da outra senhora. Enquanto o herdeiro de Yeltsin mandar enevenenar pessoas para silenciar problemas o Ocidente terá naquele regime um problema permanente. Quem gosta de negociar com assassinos... Nem de cavalos!!!
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