sábado

António Vitorino dá uma tonelada de ferro à memória de cavaco - que anda amnésico do Portugal contemporâneo

António Vitorino
jurista
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Nenhuma democracia com preocupações sociais pode ignorar o efeito demolidor da sua legitimidade provocado pelo crescimento das desigualdades sociais. Nesse plano, o legado destes 33 anos está longe de poder ser considerado como minimamente aceitável. Só que no mundo globalizado em que vivemos, o combate às desigualdades já não pode ser eficazmente levado a cabo com base numa visão meramente assistencialista que sustenta uma rede de protecção geral face aos riscos sociais. A selectividade das prestações sociais aliada à prossecução de políticas activas de reinserção social é o caminho a seguir, mas entre nós ainda não encontramos o justo ponto de equilíbrio entre uma e outras.
A condenação da discriminação racista e xenófoba constitui, por seu turno, um pressuposto de convivência social incontornável em sociedades abertas e democráticas, cada vez mais plurais e heterogéneas na sua composição social. Perante algumas manifestações recentes deste tipo de intolerância, confesso que teria gostado de ouvir uma palavra do Presidente da República sobre a matéria. Também assim se melhoraria a qualidade da nossa democracia.
António Vitorino chama a atenção para uma estranha e surpreendente omissão do discurso de Cavaco no dia 25 de Abril. Das duas uma: ou o PR não deu importância a esses sinais xenófobos e racistas por uma questão de formação cultural e cívica; ou continua a não ler jornais, ou os assessores que lhe escrevem os discursos, por serem mangas-de-alpaca treinados na burocracia (amorfa) bruxelense, só conseguem interpretar gráficos e estatísticas, tudo quanto envolva a conduta humana e os seus desvios ao nível dos grandes agregados é metier que já não dominam.
Sugira-se a Cavaco que antes de ler publicamente os seus discursos os passe ao crivo dum assessor a sério que saiba de política e tenha uma sólida formação cultural e histórica, o que não é certamente o caso do melancólico e durmente João espada - a que Vasco Pulido Valente, por ser mauzinho, apelida de Gengis Khan.. Credo!!!
Em português corrente diria: o PR não deve ser omisso e assobiar ao cochicho em matérias tão sensíveis como estas que envolvem a segurança nacional e internacional da própria UE... Essas omissões só premeiam e dão força aos energúmenos neofascistas que andam por essa Europa fora tentando crucificar os desgraçados dos imigrantes que aceitam trabalhos rejeitados pelos nacionais, salários baixos e, ainda por cima, pagam impostos cujas receitas servem para o Estado providenciar serviços aqueles cáfilas que não passam dum bando de desordeiros com personalidades desviantes e cumplices duma ideologia assassina e duma praxis verdadeiramente repugnante pelo Ocidente civilizado, e que fez "só" seis milhões de mortes de judeus na IIGM. Cavaco deve ter-se esquecido desta pequena nota de roda-pé na história do séc. XX.
Mas como Cavaco - da História - só sabe aquela a partir da qual ele passou a ser PM, a verdadeira estória para o actual PR começa na rodagem do seu pó-pó à Figueira da Foz, acompanhado da sua Maria. Logo, a história para Cavaco tem pouco mais do que duas décadas. E se lhe perguntarmos quando é que foi a Revol. Francesa aposto que ele ainda responde que foi 2h. após ter ganho a maioria absoluta no comício na Alameda D. Afonso Henriques...
Também aqui é dever das democracias combater esses radicalissmos. Mas o problema de Cavaco é crónico e remonta à história da sua própria história: cultura, cultura, cultura, cultura, história, história, história..
E o mais grave é que aqueles assessores de alto gabarito também não devem ler jornais ou vivem numa redoma. Pode bem pregar António Vitorino aos peixes de Belém que esse tipo de coisas - ao nosso douto PR - passam-lhe ao lado. Só espero agora que não se descubra que Cavaco também deu aulas (de estória!!!) na Uni, como MMendes...
Safa...