Gente Feliz com Lágrimas. A Política à portuguesa
Gente Feliz com lágrimas é o nome do romance de João de Melo que retrata a história da emigração luso-canadiana que fica na história da literatura universal. Mas a evocação deste título, tremendamente feliz, é poderoso e espelha bem a contraditória natureza humana, mostrando-nos que só estamos bem onde, de facto, não estamos, querendo aquilo que depois rejeitamos, amando aquilo que seguidamente passamos a odiar ou a desprezar na lógica do indiferentismo da vida.
A dada altura, nesse romance diz-se: E SE... voltássemos atrás? Se na vida conseguíssemos parar o tempo, podíamos distanciarmo-nos das coisas, relativizar as lágrimas e os risos de uma vida ridiculamente tão curta. Em Gente Feliz com Lágrimas (a partir do romance homónimo de João de Melo), João Brites mostra que o teatro permite avançar e recuar no tempo a nosso belo prazer. Viajar no espaço sem sair do mesmo sítio. Ser um, e um outro, no mesmo momento. Agora ter a voz de uma criança e logo a seguir a voz de um velho decrépito, porque, no teatro, se pode contar, comentar e dialogar vivendo a acção em tempo real, sem por isso se ser incongruente. Infelizmente, a realidade é outra, pois não podemos manipular os ponteiros do tempo da nossa vida, dos nossos afectos e sentimentos, senão teríamos vergado esses ponteiros no mostrador da vida e optado por outros caminhos, outras pessoas, outras profissões, enfim, outro quadro de possibilidades que nos trouxesse mais perspectivas, esperança e felicidade - essa coisa etérea que não se sabe bem o que é e que só vivemos em regime de ciclotimia. Mas a chave da abóbada nesta miserável reflexão acerca da inconstante condição humana, mostra-nos outras pontas soltas que remetem para o nosso meio político e a forma como os actores de serviço operam dentro dele. Vejamos alguns exemplos para compreender essa inconstâncias de gente feliz com lágrimas: Marques queria ser Sócrates, hoje PM de Portugal, além de ter mais meio metro de altura; Socas, provavelmente, quer ser o que é, e, se possível, renovar o mandato de PM em 2009; Paulo Portas desejaria ser o Papa - mas não passa dum bispo de aldeia mal intencionado e cheio de vícios ambivalentes; Louçã queria ser o prémio Nobel da Economia mas é só líder do BE; o camarada Jerónimo de Sousa do PcP desejaria ter sido o Cunhal que nunca foi e gozar duma esperança de vida que fosse até aos 245 anos, para assim levar os ideais marxistas-leninistas até à Patagónia, donde, provavelmente, seria corrido à pedrada; Cavaco queria ser apenas contabilista duma PME de Faro e terminou PM e agora PR; Mário Soares queria ser eterno para sobreviver à morte de todos os seus adversários políticos (ainda mais!!!); adriano Moreia - o eterno fascista do regime disfarçado de democrata desejou um dia ser um verdadeiro democrata, mas nunca conseguiu, ficou-se pelas fundações do jogo pagas a peso d'ouro pelos mafiosos do Oriente que serve como um lacaio domesticado (porque a família é extensa e os filhos estão no desemprego); Manel Monteiro desejaria poder partir a cara ao bispo de aldeia e chamar-lhe bicha, mas terá de continuar à frente duma coisa chamada PND; O sr. PGR, Pinto Monteiro queria ser apenas um analfabeto digital, coisa que já é com imenso sucesso e sem grande esforço; a maior parte dos deputados da nação desejariam ter sido empresários e advogados de sucesso, mais como a maioria é desqualificada e grunha redundou na política onde hoje se arrasta; jaime Gama gostaria de ter sido um Habermas mas ficou-se pelo Parlamento onde hoje apoia fujão Barroso a um 2º mandato europeu; Barroso desejaria ter sido o maior traidor político post-25 de Abril, conseguiu com estrondoso sucesso; Ramalho Eanes desejaria ter tido oportunidade de se formar e aprender a ler, quiça motivado por Socas, também conseguiu esse objectivo já na banda dos 60 anos; Slopes nunca quis ser nada - é hoje um canastrão bem sucedido.. Sampaio desejaria ter sido a Edite Estrela para aprender a falar e dizer coisas com nexo, acabou em "médico" dos pobres e, agora, sucedeu-lhe mais um milagre: é o intérprete do diálogo intercivilizações, depois de ter estado em Belém uma década a caçar andorinhas e a identificar ninhos de pica-pau nas árvores do jardim de Belém, evocando aos portugueses o argumento do filme Voando sobre um ninho de cucos.. O engº Belmiro/Sonae não desejaria ser mais rico, apenas queria partir a cara ao Sócrates e fazer uma Jhiad islâmica na PT em Picoas, e depois ocupar aquelas instalações com bolachas do hiper-Continente e, se possível, privatizar o Marquês de Pombal e convertê-lo num museu simbolo da cultura-Sonae e pôr o Lobo xavier como porteiro a picar-bilhetes. Os exemplos são infinitos e poderiam multiplicar-se... O que revela bem a inconstância humana dos portugueses, a sua falta de vocação, a sua improdutividade e ineficiência geral com prejuízos óbvios para a economia nacional e o prestígio de Portugal. Somos assim, só estamos bem onde não estamos, como diria o cantor António Variações. Se calhar até é por essas razões que há hoje imensos homens que estão insatisfeitos com o sexo com que nasceram, por isso mudam de sexo. Ou seja, enquanto homens defendiam uma coisa, depois de assumir o sexo oposto defendem coisa diversa. Isto até me faz lembrar o alto pensamento do dr. MMendes a propósito de duas coisas: da Ota e daquilo que era (ou é) a sua doutrina-macaca acerca dos autarcas que, uma vez constituídos arguídos, deveriam, segundo a sua doutrina da S. Caetano à Lapa, ser automáticamente suspensos. Veremos como é no caso Carmona ainda autarca da Capital. Da Capital?!!! E Carmona!? Se calhar desejaria ter sido um "almeida" na autarquia de Freixo de Espada à Cinta e foi a ministro dos transportes dessa coisa chamada governo SLopes, e depois, para agravar a dimensão do acidente, ainda subiu à CML - hoje uma imensa cratera. Não é isto admirável neste Portugal em cuecas de gente feliz com lágrimas..
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