quinta-feira

Altos vôos para Carrilho e a pretensão de ser dono do tempo

Manuel Maria Carrilho deverá ser convidado para, dentro de um ano, assumir o lugar de representante na missão permanente de Portugal junto da UNESCO, em Paris, substituindo José Duarte Ramalho Ortigão, o actual embaixador.
Recorde-se que o Governo já nomeou outro dirigente socialista para uma embaixada em Paris. Ferro Rodrigues é o representante português na OCDE.A organização das Nações Unidas dedicada à Ciência e Cultura é o destino mais certo apesar de circularem rumores de uma eventual nomeação de Carrilho para presidente da RTP, substituindo Almerindo Marques, informação categoricamente desmentida ao CM por fonte governamental.Carrilho renunciou há uma semana ao cargo de vereador sem pelouro da Câmara de Lisboa, porque concluiu ser impossível compatibilizar o cargo, não remunerado, com o mandato de deputado e vice-presidente da bancada parlamentar socialista; nomeadamente porque havia “constantes sobreposições de reuniões, de votações e de sessões”.E ontem, em declarações enviadas por correio electrónico, adiantou que além do Parlamento, nos próximos tempos estará envolvido na criação dos Cursos de Doutoramento, decorrentes do processo de Bolonha, na Universidade Nova, e que aceitou integrar uma agência internacional, ‘Telos-eu’, onde se encontram Pascal Lamy, Anthony Giddens e Agnés Touraine. (...)
Obs:
Sempre ouvi dizer que na lógica do Tempo manda o tempo. Aliás, o tempo é essa linha da eternidade, e vir alguém, ainda que de forma não confirmada, dizer que dentre de um ano Carrilho (ou outro) será representante de Portugal na UNESCO é duma pretensão de dominar o futuro a toda a prova. Confesso que não me espantaria se ouvisse dizer que o deputado A ou B irá a Espanha fazer uma operação para mudar de sexo, mas já me espanto com esta soberba de antecipar o futuro e de sobre ele ditar-lhe os seus contornos. De facto, este tipo de notícias revelam o que de pior há em política: a gula pelo poder, pelo querer aparecer, ser objecto d'algo e o mais. Carrilho é um docente qualificado, tem alguma filosofia no bolso, goza de algum traquejo político - conferido também pela dialéctica filosófica - ainda que argumentasse mal contra o inepto carmona na luta por Lisboa, e agora presta-se a esta antecipação do tempo a um ano de distância. Bolas!!! Que falta de bom senso. Isto até dá que pensar que as pessoas para sobreviverem precisam destas golfadas de ar de pequena fama para insuflar o ego e dar uma boa razão para existirem no seu dia-a-dia. Esperava muita coisa de Carrilho, e logo ele que vive em tão boa companhia (leia-se, os clássicos) mas não esta soberba com o Tempo, o maior dos mestres. Deveria ser mais humilde, e lembrar-se que o Tempo faz das suas e amanhã as circunstâncias podem mudar de tal maneira que Socas em vez de o convidar a ele acaba por convidar Bárbara Guimarães para o cargo. E um Carrilho solteiro pelo burgo será desastre pela certa na Kapital...