sábado

Onde é que você estava no 25 de novembro? O valor da Ideologia...

Onde é que você estava no 25 de novembro?

O homo academicus gosta do trabalho acabado, tal como os pintores académicos, ele faz desaparecer dos seus trabalhos os vestígios da pincelada. E é com essa ansiedade, com essa consciência de que aquilo que pensamos, fazemos ou dizemos se integra num filme. Num filme acelerado da nossa própria vida - que se confunde com a própria transição do país e que toca, mais ou menos, cada um de nós no laboratório da nossa intimidade. Naquele tal pensar e agir comunicacional, como diria o neomarxista J. Habermas... Este fragmento de película evoca-me uma certa maneira de pensar e operacionalizar as ideologias do Portugal contemporâneo, sendo certo que uma ideologia é sempre um sistema intelectual de justificação, como dizia o Pareto - para fazermos qualquer coisa, nem que seja a maior borrada de todas. E é assim a ideologia: uma couraça, uma cobertura dentro da qual operamos para justificar os nossos erros e também algumas virtudes. Vendo alí o Pinheiro de Azevedo, o sr. otelo e de mais uns quantos - vemos bem o teor da Ideologia em Portugal no PREC. Mas isso pouco importa agora, o que importa é que o máximo da arte, nete domínio das humanidades em que o Macro se move, está em ser-se capaz de pôr em jogo as coisas teóricas com os chamados materiais mais empíricos, ainda que irrisórios. Por vezes dou comigo a pensar que o papel do sociólogo e do politólogo, e do filósofo, porque não dizê-lo, reside em pintar bem a mediocridade. Essa é a Ideologia dos tempos modernos. O que faz um blog como este - e muitos outros com preocupações temáticas convergentes - ao avaliar os chamados factóides decorrentes de acções das do tipo sLOpes na política à Portuguesa? Ou mesmo quando avalia a chamada mentira na política corporizada por durão barroso quando resolveu fazer da gestão da sua vida privada o objectivo nº 1 da Europa? Essa é a Ideologia do nosso tempo. Uma ideologia canalha, oportunista, parasita, egocêntrica. Infelizmente, hoje mais do nunca. Porque também nunca tanto como agora houve tanta mediocridade e parasitagem na política como actualmente. Fazer isto é, afinal, saber converter questões abstractas em operações científicas práticas entendíveis por todos. A função da Ideologia continua a ser o que sempre foi: uma manta para manipular relações de forças e formas de comunicar na esfera pública a fim de domesticar melhor os dominados. Por isso, se hoje me perguntarem qual é a Ideologia do durão ou do sLopes - não tenho qualquer dúvida em responder que ela corresponde aos seus interesses privados, particulares - que eles mascaram com interesses públicos, universais. Mas quem já anda nisto e sabe alguma coisinha percebe à légua o que sujeitos desses querem da política, e para isso a procuraram como uma casa de alterne. Nestes casos a Ideologia é sinónimo de parasitagem na política. E se atentarmos bem e compulsarmos as imagens do video com certos players que andam por aí chegamos à triste conclusão de que estes novos tempos, afinal, já são velhos. Em certos actores a Ideologia tem um poder nefasto, o de reproduzir uma ordem subversora do próprio regime democrático, como resultou da fuga de fujão barroso para Bruxelas "obrigando" o indeciso sempaio a sancionar uma decisão verdadeiramente criminosa para Portugal. Neste caso, a ideologia vigente do regime pode ser classificada como a ideologia da Avestruz - que depois se transfigurou e se legitimou na sua versão da ideologia da couve de Bruxelas.