sexta-feira

SExo, corrupção, violência, vingança e mentiras na cidade

A ex-companheria diz mesmo que Pinto da Costa terá mandado contratar pessoas para agredirem um ex-autarca de Gondomar.

A TVI tentou obter as reacções de Pinto da Costa e de outras figuras citadas por Carolina Salgado, mas sem sucesso.

Apenas o árbitro Augusto Duarte disse à TVI que já explicou em tribunal porque é que esteve uma única vez em casa de Pinto da Costa. O árbitro insistiu em sublinhar que o caso no âmbito do processo «Apito Dourado» já foi arquivado pelo Ministério Público." [in TVI/link]

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Obs: sobre sexo, mentiras, prostituição e futebolítica.

Por norma não comentamos aqui estas calinadas de lana caprina que envergonham Portugal de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Isto é tanto mais grave porque um dos dirigentes desportivos é envolvido e, bem ou mal, representa formalmente milhares de adeptos de futebol, alguns dos quais, certamente, não se revêem na sua postura. Pois tenho para mim que as gentes do Norte são homens de bem, sabem receber e são pessoas solidárias e têm imensas qualidades de trabalho. Grande parte da riqueza vem do Norte, por isso temos de saber respeitar essa parte importante de Portugal, e não confundir o trigo com o jôio, e o actual presidente do fcp é, obviamente, o jôio. Um mau jôio.

Mas aqui o ponto é outro, bem outro: corrupção, sexo, prostituição, alterne, status, posição, dinheiro, recursos, cavalos, éguas - tudo numa actividade disforme em que o objecto é sempre um: ganhar, custe o que custar, independentemente dos meios a utilizar, desde que se atingam os fins - tudo bem. O futebol é, curiosamente, o menos importante nesta trama, o que só por si é paradigmático de toda essa podridão que vem duma parte da soit-disant elite desportiva dirigente.

Chego até a pensar que os personagens envolvidos neste tipo de estórias apostam e competem entre si só para ver quem consegue assumir o papel mais execrável, mais vil, mais detestável, mais réles e horroroso - a fim de suscitar no telespectador um máximo de piedade e de indignação. Ou, como em alguns, compaixão... Há gente para tudo.

Todavia, o que mais me indigna nem é o que decorre do parágrafo anterior, pois isso é um caso de polícia e de tribunais, até porque outra coisa não seria de esperar pela estirpe dos players envolvidos. Não é necessário ser biográfo, psicólogo ou sociológo para perceber que certo tipo de pessoas tem, pelo seu background, previsivelmente condutas desviantes do tipo A, B e C - perante certas circunstâncias. O que mais me choca são os media (directores de informação, jornalistas e conexos) elegerem este tipo de actos criminosos e verdadeiramente pérfidos e darem-lhes os destaque que efectivamente dão. Essa para mim ainda é o maior dos aviltamentos. Eles sabem o que fazem, ainda assim continuam a fazê-lo, com um destaque verdadeiramente execrável, angustiante..

Tudo isto culmina numa discussão saudável que esta semana cultivei aqui com o Jumento - a propósito dos Jagunços (conceito sugerido pelo Jumento) e dos lacaios da mediacracia - introduzido por mim. Les uns et les autres colam bem à estruturação destas peças jornalísticas. Hoje, quando vi os pivots dos telejornais de serviço dedicarem à causa da prostituição, da corrupção na arbitragem portuguesa e conexos - pensei: cá está, a minha tese (infelizmente) está certa: a mediacracia, afinal, não se dedica só a contratar ex-primeiros-ministro caídos em desgraça por essas rádios-santuário (como faz a tsf), exportou o conceito também para a tv e aí amplifica a degenerescência na estruturação do seu agenda-setting..

Qualquer dia a srª Carolaina ainda vem a público e entra em intimidades, começando por afirmar que o sr. Pito da Costa era impotente, e a coisa já nem lá ía com um contentor de viagras. Estas coisas são tão previsíveis para o Macroscópio que acabam sempre por acontecer. Infelizmente é essa a regra inscrita na condição humana, o que nos faz pensar que somos uns animais. Talvez com Freud, com a cultura nos consigamos libertar desse fardo da civilização. Dessas pulsões mal geridas, dessas vinganças e vendettas à siciliana (via Antas) que deveriam ter mais acerto na intimidade dos lençóis e não na esfera pública, consumindo atenção aos telespectadores.

Até que o bom senso regresse à cidade - temo bem que alguns cromos da nossa praça continuem a ocupar tempo de antena na mediacracia que os ampara, engorda e os parasita - vegetando ambos - media e actores envolvidos - num role-playing execrável até ao espectáculo final. Já não bastava a Portugal ter gente medíocre, mesquinha e perigosa à frente dos clubes de futebol, lamentavelmente o País também tem gente pouco recomendada e preparada à frente das rádios-santuário e das tv pirata que há por aí.

Numa palavra: estão bem uns para os outros. Afinal, as tvs sempre fizeram milhões à pala dos futebóis, ou não... Será agora o momento da "futebolítica", com estórias de alterne, corrupção/crime e de violência à mistura, cobrar a factura impondo o seu execrável tempo de antena. Eu só entendo é o que é que a generalidade dos telespectadores tem a ver com este folhetim.

Por mim digo já: não comprei bilhete, apesar das tvs de serviço enquadrarem o fenómeno como sendo de interesse público. Qual será o nome para isto?!