sexta-feira

in memória - Francisco Sá Carneiro

26 anos volvidos sobra um montão de cartografias desesperadas, de memórias trucidadas: hoje a razão moral não coincide com a razão jurídica e ambas não batem com a descoberta e apuramento da Verdade, essa grande meretriz da história. Desespero, impotência, frustração, injustiça, raiva, pulhice, sacanagem, crime, conluio - tudo palavras que se colam bem ao contexto que terminou abruptamente com vida de Sá Carneiro. Estranho porque, afinal, ele foi a antítese desses valores decadentes. Combateu os restos do salazarismo enterrando definitivamente o marcelismo, liberalizou o regime, trouxe classe, talento e inteligência à política nacional, imprimiu uma visão, uma liderança, um estratégia e reequacionou o papel de Portugal no mundo, agora de mãos dadas com África, a Europa e o aliado transatlântico, os EUA. Quão diferente estaria hoje Portugal caso o Homem tivesse vivido normalmente os resto dos anos da sua vida? Estaria Portugal mais modernizado e desenvolvido? Que lugar no ranking ocuparíamos hoje na hierarquia de poderes da Europa? Tudo questões pesadas que ninguém pode ou sabe responder. Dele fica uma memória de talento, de exemplo, de esperança. Não pela treta do slogan uma maioria, um governo, um presidente, mas pela coragem de fazer e de refazer o que era preciso para fazer progredir na direcção do desenvolvimento sustentável.
Dele disse o grande Vergílio Ferreira (picado no Tradição e Revolução, Vol. II, pág. 655 - do nosso amigo José Adelino Maltez) que ainda cheguei a apertar a mão duas ou três vezes na Bertrand na Av. de Roma na transição da década de 80/90:

Sá Carneiro acabou com o tempo. O que estava para lá do que realizou era só a esperança de que o realizasse. Acabar em esperança é evitar o desmentido...Melhor do que ganhar ao jogo é ter esperança de ganhar. E correr o risco de perder.

*****************************************************

Sá Carneiro - deixou o exemplo, a coragem, trilhos de algum talento que hoje podemos seguir e potenciar. Mas pergunto-me o que ele diria das figuras tristes que a dupla de incompetentes - seus assessores - durão & lopes - andam para aí a fazer degradando o capital-político de Portugal: um na Europa dando mau nome a uma certa ideia de Portugal ousado, visonário e prospectivo; outro intra-muros - tentando transformar o País num cabaret. Um e outro - por certo - envergonhariam hoje Sá Carneiro. Ou então era este que se sentiria incomodado por ter ajudado a gerar dois actores que contribuíram activamente para dar cabo dum valor e dum activo que aquele deixou, apesar de o matarem prematuramente: a Esperança.

Hoje se algum sociólogo ou politólogo tivesse a possibilidade de explicar a Sá Carneiro no que é que sLopes se transformou muito provavelmente teria de recorrer a mais uma metáfora hiper-reaalista do tempo que passa. A foca. A foca da Edp. Durão seria traduzido pelo cherne, cognome posto pela sua própria mulher.
Com amigos destes nem sequer é preciso ter inimigos. Cairá ao mesmo tempo que G.W.Bush e a arrastadeira do Tony Blair... It's a matter of time...
É esta a m.... do país que temos: as memórias são de crime e de impunidade com Sá Carneiro; as memórias do presente são de impunidade política com a dupla da desgraça. Hoje cada vez que toco num interruptor lembro-me da foca da Edp, e quando visualizo a foca da edp lembro-me da teoria da corrupção instalada na Alta Administração do Estado e das empresas públicas - que contratam pessoas sem rigosamente nenhum perfil para cargos de administração que exigiriam elevada tecnicidade.
Duvido que lopes saiba distinguir uma ficha duma tomada, quanto mais tomar decisões em matéria energética. Este é mais um choque para o país. E é tanto mais grave depois do pior PM da história política portuguesa ter electrocutado a nação com o seu princípio de Peter. O que prova que em Portugal a incompetência compensa. Um tipo é um mau PM mas depois é convidado para a administração da EDP sacando 2000 cts/mês.
Se mandasse 2 min. em Portugal tomaria duas medidas: determinaria dois avultados pedidos de indemnização à dupla de Zandinga & Gabriel Alves por terem descaracterizado Portugal contemporâneo. E de seguida obrigava-os ao exílio no Burundi ou mesmo no darfur on de um deles andou a fazer o role-playind de estivador só para ficar bem fa chapa da CNN.
Bem vistas as coisas - se calhar é mesmo melhor - Sá carneiro não acordar desse injusto sono profundo a que a maldade humano o votou. Que descanse em paz, mas no meio dos homens bons e justos, e não rodeado de oportunistas e de parasitas da política.

Image Hosted by ImageShack.us