quinta-feira

O custo [e a sociologia] da corrupção

******************************************************

Que grande maldade, in Jumento *

* Agora que o Marques Mendes tinha descoberto o filão da luta contra a corrupção, andando de capelinha em capelinha a colocar velas intercedendo por esta luta, António Preto, um dos homens fortes (sinal de fraqueza) do PSD vai a julgamento acusado de crimes de fraude fiscal qualificada e falsificação de documentos [...]

  • O antigo presidente da distrital de Lisboa do PSD António Preto vai ser julgado por suspeita dos crimes de fraude fiscal qualificada e falsificação de documentos. A decisão do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa foi conhecida esta quarta-feira, depois do arguido ter solicitado a abertura de instrução.» [SIC Link]

Image Hosted by ImageShack.us

SOCIOLOGIA DA CORRUPÇÃO

[Descascar a cebola]

Obs: aproveitamos para daqui perguntar a MMendes - que lê (ou lia) o Macro porque razão, já que fala tanto em combate à corrupção e enche a boca com a palavra credibilidade, manteve a confiança política num deputado que se sabia - pelos fortes indícios públicamente conhecidos, estava envolvido em acções que prefiguram fraudes fiscais, falsificação de documentos e enriquecimento em causa própria??? Será esta a noção elástica de credibilidade e de combate à corrupção do líder da oposição?

Porventura, o snhor MMendes saberá que há dezenas de pessoas que se desfiliaram do psd por causa deste tipo de laxismo político, de cumplicidade podre, de conivência pantanosa, de compadrio corruptor que tem sido nutrida por um certo psd S. caetano... Se não sabe deveria saber..

Tenho-me perguntado porque razão isto sucede, quais os fundamentos que levaram (ou levam) Mendes a cobrir politicamente preto mantendo-o - estranhamente (e ao arrepio de todos os princípios e ética) - em funções na AR.. Penso, penso, penso e só encontro um tipo de racionalização que partilho aqui com ele (mendes, preto e demais leitores deste espaço). Passo a explicitar:

Por vezes, quando se vai para a política, é-se obrigado a adoptar um certo estilo de vida, centrado num ambiente fechado, com códigos e obediências mais ou menos rígidos, quase como uma família aristocrática. Em que há "os de dentro" e os "de fora". No fundo, um partido não passa dum grupo de "amigos" conjunturais, de aliados só porque existe um perigo maior - out there - que importa minorar ou erradicar. É isso que são e fazem os partidos: operam como parentes de sangue, unidos pelos segredos, pelos podres, pelas cunhas e compadrios, pelas desgraças de uns e doutros, pelas camas e travesseiros e outros comboios - mas que importa, a todo custo, proteger e salvaguardar das tais ameaças do exterior. No fundo, os membros de um partido são como os elementos duma família, procuram apoiar-se uns aos outros, de todas as formas que podem, com vista a prosperarem e evitarem qualquer dano. Ainda que para isso tenham de navegar à margem da lei - que - em rigor - se fez para ser desafiada e furada. E é isto que se passa em certos casos na vidinha político-partidária nacional. Aquilo que para uns é fraude para outros significa honra e respeito. É também um problema de percepção e até de loucura e narcisimo doentio. Tudo depende da subjectivação adoptada por cada actor. É uma questão de perspectiva, pois quando somos peões queremos atravessar a passadeira em segurança, mas quando assumimos a função de automobilistas só não passamos a ferro os peões se não pudermos. Creio que é isto que se passa com a estranha cobertura que uns dão a outros. Com mais ou menos pulhices partidárias à mistura e outros tantos ajustes de contas, dado que certos apparatchics de aviário hoje caídos em desgraça são mais odiados dentro do psd do que fora dele, onde, de resto, também ninguém o conhece.