quarta-feira

A busca da Identidade

Com o auxílio do sociólogo e economista Thorstein Veblen percebe-se que pelo Natal - mais do que em outra época do ano - as pessoas procuram a expressão e identidade próprias através das compras. O sentido desses milhares de tugas que faziam abarrotar as Catedrais do consumo não deixa de ser elusivo. Podemos escolher, mas nem por isso temos uma boa vida. Mas compramos e compramos para existir. O consumo disparou, e o tempo veio dar razão à actriz femme fatale Mae West. Já que pode ser maravilhoso ter de mais de uma coisa boa, excepto a própria vida. Não é elusivo?!
O Natal é ainda um momento terrível onde se clarificam muitas guerras do jogo económico e de motivações humanas. Pois é costume dizer-se que um homem fala verdade em três situações: quando está bêbado, quando está na guerra e é criança. Ora, o problema do Natal não reside em comprarmos "n" prendas para oferecermos aos nossos amigos e conhecidos, o problema desse sonho é que não dispomos de um IIº Acto que o complemente.
Se olharmos bem para essas multidões (mercadológicas) em fúria nas catedrais do consumo colhemos uma ilustração da teoria de Veblen do consumo conspícuo - em que nada mais conseguimos mostrar nas nossas febris emoções senão a inveja e o desgosto. Por isso, compramos para existir. Veblen, infelizmente, tinha razão: somos uns animais. Até porque não há nobreza na pobreza...
Talvez a próxima fronteira dessa nossa incessante busca seja o sentido do espaço. 50 segundos a gravidade zero deve custar uma pipa de massa... Mas o mais grave de tudo isto, ainda é pensar que uma maior abundância de todos para todos - também não nos faria ultrapassar a inveja...
Afinal, somos piores que os animais...
  • À memória de T. Veblen