Fracassar na originalidade ou colher êxito na imitação?
Tanta vezes aqui me questiono se será melhor vingarmos na senda da originalidade ou sermos, tão só, bem sucedidos na imitação. Eu próprio aqui há uns tempos tentei "copiar" aquele formato do melhor blog nacional, sem qualquer sombra de dúvida. Ainda mergulhei 5 min. nessa tarefa, mas cedo percebi que logo me descaracterizaria, e o Macro - modéstia à parte - não deve nada a ninguém nem sequer tem qualquer problema de auto-estima. Foi apenas uma tentativa, um esboço de experiência para ver como funcionaria sob a capa do "burro". Não funcionou - porque também não quis que funcionasse.
Mas o nosso ponto aqui nem é esse, mas o do próprio País como um tecido conjuntivo, como um grande mapa estratégico que deve orientar os comportamentos colectivos para um determinado fim. Na economia, para mais e melhor produtividade e competitividade; na política, com mais e melhor poder articulado com o bem estar das populações; na cultura, com um elevado padrão de valores e de normas que até poderão inspirar outros países no sistema internacional, fazendo de Portugal um líder natural.
Contudo, se isto seria assim no plano do idealismo político, i.é, no domínio do dever-ser, o que é que encontramos no plano dos factos? Se quisermos ter por referência um documento atente-se no discurso, bem escrito e melhor dito, por Socas na noite de Natal. Mas será que aquilo tinha alguma correlação à realidade? Será que aquelas palavras são sentidas por todos e por cada um dos tugas no seu dia-a-dia? É óbvio que não vamos aqui escalpelizar o escalpe a Sócas, nem rebater uma a uma aquelas ideias-gerais lidas em contexto natalício - servidas como prendas invertidas pedindos aos tugas mais trabalho e esforço quando, na realidade, já andamos todos "borradinhos" e a gatinhar diante do Senhor.
Mas se perguntarmos ao Homem médio português, ou até mesmo ao quadro superior - que trabalhe numa multinacional ou no Estado - para onde vai Portugal - será que ele saberá responder? A sensação com que fico é que andamos todos a copiar os trabalhos uns dos outros: entre pessoas, entre organizações, regiões. E porque razão isto sucede no seio da mesma sociedade, do mesmo país? Será porque deixámos de ser ambiciosos, porque apenas queremos ser e ter aquilo que o vizinho do lado tem!?
Julgo que o problema reside aqui: somos demasiado iguais, parece que fomos cilindrados, temos hoje todos o mesmo molde neste capitalismo karaoke - em que procuramos todos imitar o Frank Sinatra - cantando o My Way - e depois, vai-se a ver, terminamos todos a dançar o bailinho da Madeira - ao som do discurso do Primeiro-Ministro neste Portugal adiado à beira-mar-plantado.
Afinal, é melhor fracassar na originalidade ou ser bem sucedido na imitação?
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