quinta-feira

Santana vs Clark Gable - por Memórias Futuras

Santana Lopes não nos fala, confidencia-nos coisas da sua vida, torna-nos cúmplices das suas palavras e o seu olhar transparente e expressão cativante conferem sinceridade ao seu discurso.
Ele é o oposto do político frio e distante, programado e calculista, incapaz de resistir aos desafios de qualquer pergunta dos jornalistas, sempre disponível para alimentar e enriquecer o enredo da peça em que participa mesmo quando não é a personagem principal.
Tal como Clark Gable, seja qual for o papel que lhe atribuam, o seu desempenho é sempre o de galã sedutor que no final da história sai com o rótulo de herói deixando as senhoras a suspirar e os cavalheiros ruídos de ciúmes.
É este o desígnio de Santana Lopes, grande actor romântico, cada vez mais desligado da realidade da vida e mais próximo das histórias de encantar e seduzir porque carrega consigo as virtuosas qualidades que despertam nas pessoas aquela dose de ingenuidade que perdura pela vida fora a fazer lembrar os tempos da juventude quando escrevíamos cartas de amor, as tais, que Fernando Pessoa dizia serem ridículas pois, se o não fossem, não seriam de amor.
[cit. in Memórias Futuras, de Joaquim Paula de Matos] [...]
  • Obs: Este é um trecho rico de significados que o senhor meu Tio coloca na rede. Concordo mais com o 1º parágrafo - onde se diz que SLopes não nos fala, confidencia-nos coisas da sua vida... E de facto, assim é. Diria mais: aquilo nem confidências são, trata-se mais de murmúrios, de intimidades intestinas sob a aparência de reflexões públicas. Enfim, uma "imbecilidade, como diria o nosso (salvo seja) nóbel da literatura, zaramago na sua última entrevista ao sol. Mas, confesso, a comparação a Clark Gable é algo exagerada, posto que este era um actor a sério, verdadeiramente sedutor, e não me admiraria nada que o dito esteja dando algumas voltas tumulares desde que soube que a sua performance artística foi - neste canto do mundo - comparada a um figurante do teatro - A Barraca - que um dia chegou a PM em Portugal. A não ser que o teor da comparação se reporte aquele pano de fundo em está Clark - que mais parece o Átrio da edilidade lisboeta (agarrado ao corrimão para não cair...) - que tem sido assaltada (e parasitada por um bando de néscios incompetentes - autarca e vereadores) cuja crise foi amplificada por um pequeno terramoto político - só demonstrando que os players que por lá se encontram nem para figurantes serviam. Aliás, se notarmos bem, a actual autarquia de Lisboa é um versão continuada do que foi S. Bento ao tempo em que Santana por lá andou... Portanto, quando se fala em comparar Santana a Clark Gable deverá ter-se algum cuidado, mesmo que a análise se limite excluivamente ao campo artístico... também aqui os verdadeiros profissionais têm o seu brio. E ninguém gosta de ver confundido um carrinho de linhas com um trombone ou a trazeira dum elefante...