quarta-feira

A Degradação do Poder, a Ocultação da Realidade e a Mentira na Política

ANÁLISE POLÍTICA PURA & APLICADA
Quando a dura realidade dos factos rompe a carapaça (que são os sistemas intelectuais de justificação presentes nos discursos políticos) revela a incapacidade e a inviabilidade das estratégias políticas que presidem ao exercício e à conquista do poder, constata-se a anulação da própria política, dos figurantes que estiveram por trás dela e as pessoas, os agentes sociais e a sociedade no seu conjunto, são forçados e reconhecer a falta de correspondência entre os discursos anunciados e as promessas cumpridas. É nesse momento que se dá o gap, é nesse instante que o povo vê bem o fosso que separa aqueles dois termos (promessas e factos, imagem e realidade, simulacros e realidades, verdade e mentira). É nesse momento que o povo se apercebe dessa discrepância, que cedo se converte na degradação da imagem do poder e depois no declínio dos seus próprios actores que operam no palco da política.
Essa desviância política teve início em 2002 em Portugal - amplifificando-se e agravando-se em 2003 e 2004, tornando os erros cumulativos, fragmentando as linhas de comunicação e as relações entre a política, a sociedade e a economia, com a acção da política a assumir, progressivamente, uma trajectória fracturante em relação aos superiores interesses de Portugal e dos portugueses. É, pois, perante este quadro negro da política portuguesa, que os actores ocultam sistemáticamente os seus lances, escondem as suas motivações, dissimulam as suas verdadeiras intenções e chega-se a um paradigma emergente que a politologia post-moderna tende a integrar: a mentira na política.
Mais não é do que a ocultação sistemática daqueles comportamentos, passando os discursos a referenciarem-se a si próprios (e não aos interesses do bem comum de Aristóteles) numa tentativa desesperada e repetitiva de provar a sua própria irreponsabilidade política e absolvição popular. Este é o domínio em que a política fica privada de nobreza, porque os interesses comuns são substituídos, torpemente (e porque o próprio sistema político ficou paralisado, com Belém hesitante e titubeaante) pela satisfação dos interesses particulares numa lógica de pura captura do poder (quase de tipo corporativo) . dinamizado pelas tais relações anómalas e disjuntivas entre a política, a sociedade e a economia. Relações essas que redundam na plena desilusão, no colapso das presente das economias e no subdesenvolvimento político relativo de Portugal no contexto Europeu.
  • PS: Para que conste no burgo e nos meios bruxelenses, onde este blog é cada vez mais consultado, estas análises têm três origens: 1) amor a Portugal; 2) interesse politológico/científico; 3) apuramento da verdade analítica que deverá acertar o passo com a verdade política. Três boas razões para prosseguirmos nesta trajectória, mui cristã, aliás...