sexta-feira

Estaremos a perder o humor, pergunta o Jumento...

Estaremos a perder o humor, questiona-se o Jumento (??) - muito embora o que ele pretenda é interpelar o país real, a sociedade e o hemiciclo se, de facto, há condições objectivas e subjectivas para que a generalidade dos tugas andem tristes, infelizes e apreensivos. A questão, quanto a nós, é um pouco gratuita, mas vale pelo efeito reflexivo que gera. Seria o mesmo que perguntar se diante um touro de meia tonelada, pronto a farpear, o perigo desapareceria se lhe virássemos as costas!!??
É óbvio que não... E com a produção de humor passa-se o mesmo. Ele decorre dum certo esprit social, dum clima mais desanuviado e relaxante que hoje não acontece porque a economia não deixa. Poderá ser até por estes constrangimentos que os portugueses fazem menos amor e têm menos filhos empurrando a taxa de natalidade para níveis ainda mais regressivos. Quem é que é capaz de ir para a cama descansado e pronto para aventuras mais exóticas pensando e vivendo os problemas que o afectam no dia a dia??? Pelos vistos, nem o PM nem, por extensão, os seus ministros e ajudantes de tão sisudos que são.
Mas nem tudo é mau, pois quando se ouvem os discursos económicos do Banco de Portugal lidos pelo sr. Constâncio encontra-se sempre motivo para dar uma gargalhada info-económica; quando o ministro das Obras púbicas - o sr. Mário Lino - fala em iberismo nos termos em que o faz - também há motivo para piadas jocosas e de mau gosto (histórico) que levam o Grupo dos Amigos de Olivença a interpôr processos em tribunal contra o dito ministro, o que também não deixa de ter a sua piada. É a chamada piada meta-histórica que nos remete para a fundação da nacionalidade e do D. Afonso Henriques e do Viriato, cujo tema tem sido tratado em livro por Freitas do Amaral - que já não é MNE - mas já foi.
E aqui, como se lembram, só houve mesmo piadas: com os cartoons fundamentalistas publicados num jornal da Europa do Norte; com os emigrantes portugueses no Canadá - que levou Freitas a uma visita-precipitada; com as relações com os EUA e os vôos da CIA - cumpliciadas pelo sr. Barroso, etc, etc, etc. E a maior piada de todas é que ele, ao que parece, ainda está a convalescer da operação às costelas na Quinta da Marinha, o que dá imenso jeito porque assim mantém sempre a justificação de indisponibilidade física para comparecer aos inúmeros pedidos das Comissões especializadas de Defesa e Negócios Estrangeiros da AR.
A circunstância de Mª Carrilho ser um faltoso impenitente nas reuniões em que era suposto estar na autarquia de Lisboa a fazer oposição (e só está a limpar as unhas e pentear a madeixa nos bancos do hemiciclo) - também não deixa de nos fazer sorrir. Quando um ajudante da Energia do governo diz que são os consumidores é que devem pagar a crise energética, para assim justificar a subida dos seus preços em 16% - também gera um espanto gargalhoso à nação; sempre que se vê Jorge Coelho discutir alta política com JPP e Lobo xavier na circunferência do quadrado - que tem por lá um jornalista que mais parece um calhau com olhos de Alter-do-Chão - as risadas são inevitáveis e ouvem-se em Marrocos.
Portanto, e à luz destes breves exemplos, não se compreende bem a postura interrogativa do Jumento... Para mim a coisa mais estúpida em tudo isto serão, porventura, as vedetas que fizeram tudo para serem conhecidas e agora fazem tudo para não serem reconhecidas.
Isto até parece um jogo ou um programa de mau gosto de tv da sic em que uns jornalistas andam por aí a entrevistar gente-ambulante que antes de chegar aqui também andou por aí... Um dia ainda nos convencem da bondade de certas iniciativas editoriais, tais como aquela do caçador de talentos que anda por aí a matar gente conhecida e não caça nenhum talento... O que também não deixa de ter a sua piada...