terça-feira

As fachadas ruinosas dos nossos políticos - metáforas da Europa que fica

Para além da fachada escavacada, há restos de frescos nas velhas paredes - recordados por José Adelino Maltez, que deve estar prenhe de ideias e em fase de gestação intelectual concêntrica - se lembraria duma visão translúcida destas: olhar para um edifício em ruínas na Av. da Liberdade, sob o majistério do Marquês de Pombal - e caraterizar - dizemos nós - a Europa actual. Não deixa de ser um edifício, de que se vislumbra a ossatura, mas já não tem projecto, visão, cimento, conteúdo ou utilidade... Goza apenas de fachada - fazendo lembrar aqueles figurantes da política que andam por aí antes de chegar aqui, como ontem disse com graça António Vitorino no seu Notas Soltas.
Ou, acrescentamos nós, aqueles que antes de chegarem aqui andaram por aí: Negócios Estrangeiros, Cooperação até fronteirarem com a Europa que tanto cobiçavam há séculos.... Ao fim e ao cabo, quando olho para aquela ruína não vejo apenas aquela fachada escavacada por entre frescos nas velhas paredes, vejo também um certo Portugal político, oportunista, incompetente, soberbo e desmesudaramente ambicioso, que tem parasitado a economia e tomou de assalto os lugares do Estado para que os seus figurantes se tenham promovido nessa ascenção cirúrgicamente montada.
Com a agravante desta Europa viver um silêncio ensurdecedor em termos históricos, já que é a 1ª vez que ela vive uma crise mundial em que não é o protagonista de 1º plano, nem o actor secundário. Cabe-lhe, apenas, gerir as interdependências dos ordenados e a matriz do papel de figurante, à semelhança do role-playing que durão teve na preparação da Cimeira dos Azores para legitimar G.W.Bush na guerra ao Iraque. Cabendo-lhes, pois, um jogo de xadrez cujas peças são jogados por outros...
Aquela ruína marca esse perfil da Europa e uma imagem vista de frente em que esses figurantes do micro-poder deixaram Portugal: durão desenhou a Europa tal qual a vemos naquelas ruínas, com 400 milhões de almas perdendo competitividade, poder simbólico, peso cultural relativo seja face aos EUA, seja face ao Oriente-hiper-dinâmico; SLopes rebentou com o resto das fachadas - implodindo-as naqueles breves meses de governação; e sampaio, de certo modo, também emprestou os fósforos e os explosivos para todo esse macabro plano que tolheu Portugal na dobra do milénio. Por isso anda tão caladinho, anda tão acabrunhado... Um dia este actor também terá de ser devidamente julgado, por enquanto ainda goza de impunidade, como durão...
A este respeito, seria útil que o analista AV um dia se pronunciasse, posto que sampaio, não sendo o desencadeador do incêndio, estava no posto de vigia em que se permitia apagá-lo em tempo útil, porém, acabou por regá-lo com mais gasolina de avião cheio de octanas...
O resultado está à vista: as ruínas da Av. da Liberdade, as ruínas de Portugal...E como diria Chateaubriand - a ambição sem capacidade é crime.
Estamos para saber quem indemniza Portugal desta quase premeditada derrocada !!!????