terça-feira

A grande mentira de Durão barroso = Mentira da Europa e o valor da História

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Imagem picada no Jumento
Durão Barroso não participar na campanha de Santana; estava à espera de os ver na rua para que a Europa se pudesse rir de mais uma daquelas monumentais vaias a que Barroso já se estava habituando: «DURÃO Barroso telefonou a Santana Lopes mal terminou o confronto televisivo com José Sócrates, felicitando-o «por ter ganho o debate» - disse ontem ao EXPRESSO o presidente da Comissão Europeia, esclarecendo, porém, o carácter «pessoal» do telefonema. Momentos antes de embarcar em Bruxelas no avião para Lisboa, Durão acrescentou: «Não faço campanha mas não sou neutro, e quero deixar bem claro o meu apoio ao PSD, do qual não deixei de ser militante». (Expresso Link /Recortes de Imprensa Link)
********************************************************************* “Durão Barroso sai-se mal”.
A frase ‘assassina’ foi de José Pacheco Pereira, quarta-feira, dois dias depois do lançamento do livro de Santana Lopes. (...)
O livro arranca no ponto em que tudo começou - quando, a 13 de Junho de 2004, o PSD e o CDS sofreram uma pesada derrota nas europeias e Durão Barroso avisou Santana Lopes para ir ‘‘pensando’’ que poderia ter que o substituir.
‘‘Confirmei que houve pessoas que trabalharam nessa possibilidade (Durão ir para a Comissão Europeia) antes de ela acontecer’’, lê-se no livro. E os comentadores do PSD e do CDS na ‘Quadratura do Círculo’ não foram doces.
‘‘Este livro é também um testemunho sobre o carácter de um homem público bastante pior, mais perigoso e negativo para o país do que o próprio Santana Lopes’, afirmou Lobo Xavier. ‘‘É a primeira vez que alguém dá dados concretos sobre algo que Durão sempre negou, ter estado a trabalhar activamente para o lugar na Comissão Europeia muito antes do conhecimento público dessa realidade’’, concordou Pacheco Pereira.
Os ecos da ‘Quadratura’ chegaram a Bruxelas e Santana Lopes aproveitou a entrevista à RTP, quinta-feira à noite, para adoçar a imagem de Durão [...]
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Notas Políticas

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Ontem ao "ouver" as Notas Soltas de António Vitorino - o povo percebia que não é já, de facto, necessário obter o desmentido de Durão para confirmar estes factos. Posto que se Durão mentiu ao ir para a Europa também o fará no regresso, e isso são uma catadupa de mentiras - que SLopes, sem querer, deixou escapar língua fora no seu livro - onde se revela isso mesmo, preto no branco.
Então porque razão SLopes amparou a mentira de durão na entrevista a Judite de Sousa a semana passada? Por uma razão simples: a única legitimidade de Lopes era a que ele recebeu de mão beijada de do seu arqui-inimigo Durão, pelo que tinha de a alimentar o mais possível, doutro modo os seus breves meses de mandato em S. Bento ficariam sem nenhuma razão de ser. Assim, Lopes ao tentar limpar a cara a durão estava, ao mesmo tempo, a tentar safar-se a si próprio na medida em que em ambos são filhos do mesmo pai, da mesma conjuntura e dos mesmos problemas que acabaram por criar a Portugal. Portanto, Lopes foi igual a ele próprio: depois de dizer a quem o quer ler que durão já há muito que preparava a sua ida para Bruxelas, veio à tv dizer que a sua conduta fora irrepreensível. Mais uma vez avultou a ingenuidade política de Lopes, senão mesmo a sua estupidez política. E para quê??? safar aquele que, na realidade o crucificou - deixando-o com o país a arder sem nenhuma legitimidade política totalmente prisioneiro de Belém e dos humores, hesitações e angústias sistémicas de Sampaio.
Isto leva-nos a um tema ajá aqui tratado: o da mentira na política. Mas agora apenas ressaltamos outro, que é o pano de fundo, ou melhor, o tecido onde isso ocorre: a História. E o que é a História??? Será ela uma grande meretriz, sempre disposta a tudo, sempre com as pernas abertas para registar tudo a troco de uns cobres - que é o tempo que passa...
A história, no fundo, consiste na compreensão do tempo, um produto do poder e dos poderes económicos, sociais e culturais que por vezes só são fixados pelos olhos do futuro da Utopia. Utopia que é sinónimo de criativa espontaneidade, mas às vezes descamba em desgraça e atraso político. A esse respeito um grande historiador (de Política Internacional) Edward hallet Carr relembra-nos qual é a função do historiador e da história:

The writing of history, like any other form of human inquiry is a process of selection and interpretation intimitely bound up with the preocupations, preconceptions, and prejudices - what is more politely called the ideology - of the investigator. Ideology is the point where history and politics meet. in "The View from the Arena", review of Walter Laquer e G. L. Mosse, Historians in Politics; além dos seus clássicos What Is History?, 1961; e o seu trabalho maior: The Twenty Years' Crisis, 1919-39, An Introduction to the Study of International Relations, 1939.

Mas a história é sempre um terreno movediço, porque comporta sempre milhentas leituras sobre o mesmo processo ou facto. E nem sempre se consegue delimitar o facto do valor, o acontecimento da ideologia, a razão da paixão, a inteligência e a prudência da estupidez e ingenuidade. O que levou a uma outra sugestão de Carr:
historians approaches "the facts" like "fish on fishmonger´s" slab". The historian "collects them, takes them home, and cooks and serves them in whatever style appeals to him. E. H. Carr, What Is History, N.Y., Vintage, 1961, pág. 10

Então, no affair de Durão/Santana/Europa/Iraque/Cimeira dos Azores - como é que o povo português poderá (e deverá) olhar para toda esta tramóia??? Julgo que aqui restam-nos três campos de hipóteses que devemos explorar no futuro próximo:

a) Esperar que os PM da Europa a quem durão foi "pedir batatinhas" metam a boca no trombone e façam desfilar os factos, as démarches diplomáticas feitas, as portas e postigos a que se bateram para que o seu nome - à sombra e gozando da protecção da dupla de arrastadeiras - Blair & G.W.Bush - fosse efectiva e vivamente apoiado para ser o titular da presidência da Comissão Europeia. Durão seria, assim, o homem-de-mão da América na Europa, uma espécie de "testa-de-ferro" que ajudaria G.W.Bush nos imbróglios em que o Império se iria meter, e de que o Iraque foi o caso mais paradigmático - dessa vacuidade política. Isto supõe tempo de espera, não tanto quanto o que é exigido na Torre do Tombo para levantar documentos da nossa História, mas algum até que a mentira venha completamente ao de cimo e os mentirosos sejam, de facto, por ela julgados. Um dia ainda gostava de ver José Hermano saraivada fazer um programa sobre a Europa, e de introduzir um capítulo sobre essa página negra da nossa estória escrita pelos punhos redondos de durão e das suas ânsias, arrogâncias e desmedidas ambições pelo poder, a qualquer custo. E o crime político não foi tanto por ele ter-se pirado com a mentira no bolso fazendo os portugueses de tolos (só alguns, evidentemente, o Macro cedo percebeu o que estava em jogo e logo o denunciou...) - mas a circunstância de ter deixado o país entregue a Slopes;
b) A 2ª opção decorre da 1ª: é esperar que os responsáveis políticos por aquela Europa (e EUA) escrevam as suas memórias e contem mais mentiras, dado que nessa Europa estão Blair & Bush - e nenhum se arriscará, certamente, a questionar aquilo que eles entendem ser o seu próprio legado para a história política contemporânea: Bush quererá ficar gravado a lazer como o homem que combateu o terrorismo, na sequência do ataques bárbaros das torres do WTC; Blair quererá ficar ao lado de Bush nessa cruzada - que parece ter conduzido o mundo a um maior índice de insegurança global revelando, de per se, que as suas estratégias anti-terroristas não resultaram. Mais a mais, bin Laden ainda anda por aí, fazendo filmagens que promove e divulga via Al Jazeera... Qualquer dia ainda o vemos num spot Pub., ao lado do Papa pugnando pela liberdade interreligiosa e pelo diálogo intercivilizacional - numa conferência alí na Fundação Caloust Gulbenkian - onde o tipo discursará com uma máscara especial fazendo-se passar por G.W.Bush ante uma turba batendo palmas...
c) A 3ª opção é a que aqui defendemos e temos vindo a explorar no plano sociológico e politológico e até filosófico: solicitar à melhor blogosfera, aos analistas, aos historiadores, aos homens bons de Portugal que coloquem a sua inteligência ao serviço da reconstrução desse puzzle negro na nossa história. E aqui, como diria um amigo que prezamos, Slopes é completamente irrelevante. Enfim, solicitar também aos políticos mais isentos e credíveis que temos (e António Vitorino é, seguramente, um deles, até porque não tinha ou tem ambições políticas desmedidas nem anda por aí aos caídos nem carece de cunhas para as Edps que também vegetam por aí a oferecer tachos de 2000 cts ao mês a pessoas sem nenhum perfil para o cargo..) - para tecer essa narrativa. No fundo, o que se pede aos historiadores, e aqui José Pacheco Pereira poderá dar um contributo especial, seja no seu blog Abrupto, seja nos media onde frequentemente intervém, e nos artigos, ensaios e livros que escreve, é que teçam essa narrativa em prol do rigor da História de Portugal. Querer meter aqui o livro de Slopes é até uma ofensa aos historiadores e à própria noção de História que aquele certamente desconhece. Dado que a história para ele é uma coisa que eu cá sei mas que aqui a minha educação me impede de dizer..
Vejamos agora a melhor representação artística que pode reflectir a forma como muitos de nós vêem a relação de durão com a Europa: um cego que procura um "olho" ... Mas como a Europa também está cega ficamos todos paralisados. Durão encarna essa paralisia.
A relação de Durão com a Europa: a técnica da trombadinha
Zune Art - tokyo plastic

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