terça-feira

O tempo, essa aeternitas de Boécio

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O tempo é um sacana indefinível. Sabemos o que é quando não perguntamos por ele, quando somos chamados a defini-lo patinamos, como dizia Stº Agostinho, que era gorduchinho e anafadinho. Mas este post não é sobre gordura, versa sobre a distinção entre tempo próprio e tempo subjectivo, duas formas da filosofia tomista. Cujo autor da dita também era anafadinho. Aliás, raramente vi um padre elegante, isto não deve ter a ver com a largueza das portas das igrejas muito menos com as orações. Mas o bom do Tomás de Aquino distinguia três tipos de duração:
1. O tempus medido pela mudança nas relações (entre os corpos físicos e a terra)
2. O tempus é análogo ao tempo próprio - mudança nas mentes humanas e nos relógios. O tempo controlava a mudança nas mentes corpóreas. Aqui a duração dos seres sensíveis incorpóreos - como os anjos - não é controlada pela matéria, sendo antes medida pelos estados mentais desses próprios seres.
3. O tempus aeternitas - noutra esfera, é já o tempo experimentado por Deus, ou seja, traduz todos os acontecimentos dos tempos passados, presentes e futuros numa espécie de Universo omni-simultâneo.
Quem já não se sentiu assim(?), peça integrante da lógica tridimensional do tempo. Mas o que buscamos aqui não são as ninharias a que habitualmente nos referimos do campo político, logo da área do amigo-inimigo, como dizia o bom do Carl Schmitt, mas antes essa aeternitas , ou seja,
  • A posse inteira, simultânea e perfeita de uma vida interminável.

Uma espécie de cosmos psicológico modulado pelo Eterno retorno do doido lúcido do Fredy Nietzsche - em que cada pensamento e cada sequência de pensamentos, cada acção e cada sequência de acções, repetir-se-iam um número infinito de vezes.

E o mais curioso é que isto foi escrito por Boécio (480-524 d.C.) no seu livro De Consolatione Philosophiae. Escrito quando estava na prisão à espera de ser executado por traição. Por vezes dou comigo a pensar o que escreveria nessas circunstâncias.

Na realidade, é legítimo perguntarmo-nos, por exemplo, o que o sr. Durão escreveria depois de todos sabermos, até ele próprio, se estivesse na cela a aguardar a setença final. E a conclusão a que chegamos é que Durão depois de ter traído o seu País seria bem capaz de se evadir da cadeia iludindo tudo e todos e nunca responder à questão de Boécio.

O problema de durão, e é por isso também que ele não acerta duas seguidas, é de má consciência e de depressão. E como isso danifica a política...