O poeta e o cientista: o reencontro de Rómulo com Gedeão

Comemoração dos 100 anos Biblioteca Nacional inaugura exposição sobre o poeta António Gedeão. "A Biblioteca Nacional vai inaugurar na quinta-feira uma exposição que evoca a vida e obra do cientista e poeta português Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, conhecido como António Gedeão, organizada a partir do espólio doado pela sua família.

Intitulada "António é o meu nome", esta exposição inclui manuscritos vários, desde originais de poemas como "Pedra Filosofal" a anotações sobre o trabalho científico de Rómulo de Carvalho, passando por fotografias e desenhos do investigador.O enorme espólio de Rómulo de Carvalho foi doado pela família à Biblioteca Nacional, tendo sido entregue a partir de 2003.A exposição, que estará patente até 6 de Janeiro de 2007, insere-se no programa de comemorações do centenário de Rómulo de Carvalho, nascido a 24 de Novembro de 1906 e falecido a 19 de Fevereiro de 1997".

in Público

Para desenvolvimento ver aqui: DN

• Vale sempre a pena recordar esta pérola de um professor do Liceu Pedro Nunes - que também frequentei

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida tão concreta e definida como outra coisa qualquer, como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso, como este ribeiro manso em serenos sobressaltos, como estes pinheiros altos que em verde e oiro se agitam, como estas aves que gritam em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho é vinho, é espuma, é fermento, bichinho álacre e sedento, de focinho pontiagudo, que fossa através de tudo num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho é tela, é cor, é pincel, base, fuste, capitel, arco em ogiva, vitral, pináculo de catedral, contraponto, sinfonia, máscara grega, magia, que é retorta de alquimista, mapa do mundo distante, rosa-dos-ventos, Infante, caravela quinhentista, que é cabo da Boa Esperança, ouro, canela, marfim, florete de espadachim, bastidor, passo de dança, Colombina e Arlequim, passarola voadora, pára-raios, locomotiva, barco de proa festiva, alto-forno, geradora, cisão do átomo, radar, ultra-som, televisão, desembarque em foguetão na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida, que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança. In Movimento Perpétuo, 1956