segunda-feira

Edmund S. Phelps - nobel da Economia/2006

The Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel 2006
"for his analysis of intertemporal trade-offs in macroeconomic policy"
Photo: Columbia Edmund S. Phelps USA Columbia University New York, NY, USA b. 1933
Com seu trabalho, o professor de 73 anos da Universidade de Columbia explicou como um período de inflação baixa conduz a expectativas de inflação reduzida no futuro, influenciando as decisões tomadas por empresários e governantes.
Ao anunciar o prêmio hoje (09) em Estocolmo, a Academia Real de Ciências da Suécia considerou que o trabalho de Phelps, elaborado no fim dos anos 60, "aprofundou a compreensão da relação entre os efeitos de curto e longo prazo da política econômica".
Na época da publicação de seu estudo, Phelps desafiou a visão predominante de que existia uma relação negativa e estável entre a inflação e o desemprego, ilustrada pela chamada "curva de Phillips". "Ele percebeu que a inflação não depende apenas do desemprego, mas também das expectativas das firmas e dos empregados sobre as elevações de preço e salários", elaborou a academia.
Para referendar suas conclusões, Phelps desenvolveu um novo modelo para correlacionar inflação e desemprego que ficou conhecido como "curva de Phillips modificada".Ao anunciar o prêmio, a academia alegou que Phelps fez avançar a compreensão das relações entre pleno emprego, preços estáveis e crescimento rápido, que atualmente são os objetivos centrais mais presentes nas políticas econômicas implementadas ao redor do mundo.

Image Hosted by ImageShack.us

Notas Macroscópicas:
Após lermos o contributo de Edmundo Phelps para a teoria económica fiquei com vontade de lhe perguntar várias coisas, a primeira das quais é saber se ele não desejaria partilhar o valor do prémio com o autor do Macroscópio - porque ando a precisar fazer umas obras lá em casa, e essa empreitada iria gerar mais trabalho para pedreiros, serventes, pintores cujos efeitos se fariam repercutir na baixa do desemprego e em bons salários nesse mercado.
Mas como ele é capaz de ser pouco sensível a este tipo de argumentos aqui deste canto do mundo (que ele é capaz de confundir com o Magreb, Andorra ou Espanha), até pela surdez típica de quem cruza os "setentas"..., deixo-lhe aqui uma nota de conforto. É que a mudança de paradigma, no plano analítico, não pode deixar também de ser vista como uma crise. Uma crise de modelos - que ele equacionou com arrojo.
Também os agentes políticos formulam as suas escolhas e estabelecem as suas previsões em função dos modelos analíticos, os mesmos que estão numa crise de mudança, que no plano da teoria social o sr.dr. barroso nem sequer soube formular no plano intelectual quando foi poluir os ares de Castelo de Vide por ocasião do curso de Verão em Setembro último. Não deveria ter lá ido, devia apenas ter-se ficado pelas tacadinhas de golfe - que é a modalidade para onde emigram todos aqueles que já não têm força para jogar ténis...
Mas por que razão, as construções intelectuais e analíticas de Edmundo Phelps podem ser de grande valia? Consabidamente, os agentes políticos têm de comunicar com a multidão e com os agentes promotores de interesses organizados, com grandes massas e com grandes audiências. Esta é a realidade. Logo, o discurso político terá de ser compreensível para o grande número, o que não favorece a inovação nem o experimentalismo.
O analista social e político, ao invés, só precisa de identificar o que é novo e de explorar as consequências previsíveis dessas novidades, sem curar de traduzir todas essas indicações em linguagem perceptível pelo grande número. Ora, com a introdução do modelo de "curva de Philips modificada" - correlacionando com mais segurança, rigor e transparência as variáveis emprego, inflação, salários, investimentos e sistema de expectativas (que é quem manda na economia) - talvez os decisores políticos vejam aqui uma oportunidade intelectual para não dizer tantas baboseiras e serem um bocadinho mais sérios. Mormente, em vésperas de eleições...
Se nada disto se aproveitar para o domínio político, continuará a ser mais fácil para a análise enfrentar as crises de mudança e identificar os seus processos do que para a acção política decidir num novo campo estratatégico, e conduzir as grandes massas sociais para configurações de comportamentos ajustados a essas novas condições estratégicas que são, como sabemos, de globalização competitiva.
Num primeiro olhar pela obra obra deste professor de economia de N.Y. parece-nos que o seu contributo pode muito bem ser aproveitado para a esfera política, ou seja, ajudando a clarificar o que é plano da análise política do que é plano da acção política, que deve ser considerada em paralelo com a diferença simétrica entre razão analítica e razão política. E será este distinto que nos permitirá compreender que diagnóstico analítico dos processos críticos se podem antecipar, por períodos consideráveis, dando, desse modo, aos agentes políticos a possibilidade do controlo político desses processos críticos que emanam e se degradam na própria economia.
E dizemos mais: este homem deverá vir a Portugal fazer um estudo macro-econónico aplicando já a sua teoria e o seu modelo. Não teremos grandes dúvidas que colheríamos algumas vantagens, desde logo já não precisaríamos de levar a degradar as condições de acção política - (leia-se, a acção de durão Barroso e conexos) - para perceber os resultados negativos que se avizinhavam. Daí a vantagem em Sócrates manter este homem debaixo de olho, pois nunca se sabe se dos seus futuros estudos sobre a trajectória da economia portuguesa não possamos debelar a tradicional inércia dos comportamentos que engrossam a nossa entropia colectiva?! - porque assentes em concepções do passado que torna inviável esse aprofundamento crítico.
Se nada se fizer, tentaremos prosseguir a nossa adaptação social às novas condições estratégicas a uma velocidade de caracol, deixando muita larva pelo caminho... E andrajosos e viscosos já andamos nós há muito tempo.