Ser de direita ou de esquerda: "bombordo ou estibordo"
SER DE DIREITA OU DE ESQUERDA: "BOMBORDO OU ESTIBORDO..."
Quando ontem o Jumento me desafiou a explicitar aqui se sou direita ou de esquerda baralhou-me. Sobretudo, pela terminologia marítima usada, hiper-metafórica e depois pela bela foto da Gina Lolo Brigid com que fez acompanhar todas aquelas metáforas dexando o Macroscópio às candeias, de modo que pensei logo noutros ícones que fizeram a nossa memória estética e hoje povoam essa minha modernidade em matéria de gostos femininos. Por sua vez, o blog Tomar Partido do ex-deputado do CDS Jorge Ferreira - complementou esse desafio e chamou à passerelle da discussão mais uma brasa da 7ª Arte, Sharon Stone - que se universalizou por aquele lancinante trocar de pernas, quiça o legs-movement mais caro e apetecível do mundo. À primeira vista isto revela o quê? Bom, 1º que tudo revela que ainda há homens com bom gosto, coisa cada vez mais rara no burgo; em 2º lugar, revela que talvez se possa pensar política com um certo gosto pela estética feminina... Como um imperador dizia ao tempo dos romanos, como poderei eu governar com todas aquelas belas mulheres alí, olhando para mim...Distrai mas também alimenta o espírito.Quantas e quantas políticas públicas não se burilam nessa "marmelada" da mente???
Dito isto, vamos ao que interessa: ser de direita ou de esquerda? Confesso que não sei responder a isso. Algumas vezes sinto-me próximo do PS outras do PSD, outras, muitas vezes, não me identifico com nenhum. Mas estruturalmente considero-me um liberal com fortes preocupações sociais. É uma asserção algo cínica, dado que permite ao seu autor dizer que está com um pé nos dois territórios, i.é, com um pé em Portugal outro em Espanha, um pé na esquerda e outro na direita. Se assim é paciência, mas é como me vejo a mim próprio.
Mas hoje em dia, creio, não são tanto as questões ideológicas (no sentido mais partidário do termo) que balizam as fronteiras do nosso enquadramento sociológico e que nos impele para a acção na polis em que vivemos. O que torna as questões políticas actualmente trilemáticas, ou seja, muito diferentes do que eram as questões dilemáticas tradicionais que se colocavam nos chamados sistemas fechados delimitados pela velha direita e pela velha esquerda, pelos velhos e anquilosados sujeitos nutridos por uma oposição bipolar mais do que previsível recortada entre: ricos e pobres, governantes e governados, nacionalistas e cosmopolitas, conservadores e progressistas, tradicionalistas e modernizadores, enfim, entre direita e esquerda - oferece hoje fraco potencial explicativo e apelo político. A prova disso é que Guterres dizendo-se de esquerda governou à direita; Cavaco inverteu a fórmula; Sócrates faz isso melhor do que ambos e tem mais coragem e genica políticas; barroso foi, simplesmente, um traidor a Portugal e será como tal julgado pela historiografia quando ela se fizer. Salvo se for algum amigo, tipo Pacheco Pereira ou outro nomeado para a Comissão de honra, que o salve, porque a verdade dos factos apontará noutra direcção.
É claro que continuam a desenvolver-se medidas que são de esquerda e medidas que são de direita: uma que valorize as Forças Armadas pode julgar-se de direita; uma medida que valorize ou dê consistência à Segurança Social e integra os mais desprotegidos no seu seio pode considerar-se de esquerda. É curto..
Mas o que mais valorizo são os processos que conduzem ao aumento da eficácia dos poderes do Estado como um todo, i.é, à potenciação dos poderes políticos em face do exterior - dada a agressividade gerada pela chamada globalização competitiva que foi o decisor oculto que veio desarticular o funcionamento da economia e da sociedade, tal como a conhecíamos.
De modo que ver a coisa à luz destas lentes pode configurar mais um exercício intelectual gratuito, salvo melhor opinião. Pode ser... Todavia, eu não me encaixo nesse quadril, revejo-me mais a potenciar aquela força política que, num dado momento, consegue ter políticas/soluções que valorizem os aspectos centrais do poder político exercido a partir do Estado nacional - cuja soberania é hoje negociada e partilhada ao nível europeu de cuja plataforma geopolítica fazemos parte. Até somos "empurrados" para integrar forças militares em zonas do globo onde não temos interesses directos ou imediatos a defender... Vide o cas do Líbano..
Em suma: não me sinto nem de direita nem de esquerda, essa tipologia perdeu potencial de referência, morreu por falta de função indicativa, deixou de ser um farol luminoso. Sinto-me - sim - por vezes membro dum Estado que consegue controlar as variáveis tempo e espaço, controla (ou não) o seu território hoje delimitado por redes, e imprime (ou não) a velocidade aos processos de modernização e desenvolvimento de que Portugal hoje tanto carece.
Se o domínio destes factores é feito pelo PS a contento de Portugal - então nessa conjuntura serei PS; se esse ascendente emanar do PSD - então identificar-me-ei com ele, na medida em é a força política que, num dado momento, melhor interpreta o chamado interesse nacional vital para o País. Neste momento, Sócrates tenta fazer isso...
Então o que é hoje ser de direita ou de esquerda? Creio que é, antes demais, procurar realizar aquela superioridade sobre os factores de mudança e depois inseri-los nos esquemas de governação e nas linhas estratégicas e políticas para Portugal. Num caso, desejamos conquistar mais modernidade e desenvolvimento, assegurar o crescimento e o equilíbrio social, ou seja, potenciar a coesão da sociedade. Noutro caso, procuramos sintonizar-nos e adaptar-nos a essa finalidade estratégica e articular os procesos de mudança em Portugal de molde a harmonizá-las com as grandes correntes de modernização e de inovação que sopram da Europa e do Mundo. De modo que o sistema de relações sociais e políticas e os dispositivos existentes na sociedade possam subsistir para lá das pressões, dos déficites e dos crescimentos zero (que hoje são disfarçados pela srª dona Constança a partir do Banco de Portugal, com os habituais fretes ao governo..) - quase recessivos por que passam certas economias da zona euro, e o caso de Portugal é dramático porque é aquele que menos cresce, logo o que mais se afasta dos índices de desenvolvimento humano dos demais países da União Europeia.
Ser de direita, ser de esquerda... Creio que já não é com base nesta velhinha estrutura dilemática que se afere dos comportamentos e das atitudes políticas que faz com que o eleitorado uma vez dê a maioria ao PS e outras a confira ao PSD. Mas o que dita as regras do jogo é, antes demais, o perfil dos próprios candidatos (e lembro que Socas antes de ser socialista foi formalmente do PSD, inscrito e tudo..) e a capacidade que o povo reconhece no candidato A (ou não) a articular processos de mudança, integrar correntes de modernização e de inovação na economia portuguesa, a tomar decisões ao mesmo tempo - ditas de direita e de esquerda - desde que ambas valorizem o espaço nacional face a outras economias e a outras sociedades mais competitivas e mais produtivas, logo mais ricas e oferecendo um capital de conforto e de bem-estar mais atractivo do que outras sociedades que são mais pobres. Talvez por isso hoje Portugal não seja um espaço atractivo para capitais e equipamentos, i.é, seja mais um espaço "repeledor" de investimentos do que um atractor. Mas aqui o sr. Basílio Horta é capaz de saber dizer algo mais..
Ser de direita e de esquerda é, hoje, para mim, um falso dilema, porque se lhe sobrepõe uma estrutura trilemática que nos remete para o tal controle das variáveis espaço e tempo que hoje - especialmente nos grandes espaços onde estamos inseridos - remete esta discussão para aqueles que conseguem controlar os centros de decisão nacionais a bem do País e aqueles que não o conseguem fazer. Ser de esquerda e de direita implica saber, à priori, quais os desafios mais prementes que se colocam ao País, pois é destes factores que irão depender a intensidade das correntes da mudanças - à esquerda e à direita.
Hoje até o "camarada jerónimo" que expulsa um autarca comunista sufragado pelo povo em menos de 24h. até diz que Sócrates do PS governa à direita. Cunhal disse o mesmo de Guterres; e, muito provavelmente se Durão Barroso fosse líder do Bloco de Esquerda (e ficaria muito bem servido) e o Louçã fosse Primeiro-Ministro - aquele acusava-o também de governar à direita. Não tenho qualquer dúvida disso. Isto remete-nos para uma condição maior estudada na filosofia - que é onde estas tretas se aprendem - que diz que o Poder não tem ideologia. E quem anda nestas coisas quer é o poder e não saber da ideologia que se curou para lá chegar. A ideologia é apenas um instrumento de captura desse poder, e uma vez no poder a ideologia assume automáticamente uma geometria variável. è da natureza das coisas e não uma vontade da esquerda ou da direita. O Poder sempre foi supra-espectro partidário. O poder é sempre supremo, é nú, é força, é potência. Às vezes não é nada, veja-se a autoridade, a influência e o poder de que Barroso hoje dispõe a partir de Bruxelas!!. Parece um ascensorista do Hotel Tivoli a receber as bagagens dos passageiros que acabam de chegar do aeroporto...
E nós, afinal, o que pretendemos com esta discussão? E Manuel Monteiro também não é o poder (de ser eleito) que quer?! É claro que sim.
Por mim digo que sou de Portugal, embora umas vezes mais de direita, outras mais de esquerda. Desde que isso valorize o ideal de bem comum que a dado momento julgo estar em equação em Portugal.
- PS: Como presumo ser mais novo do que os autores dos blogs supra-citados resolvi alargar o leque de escolhas estéticas e diversificar os gostos e as épocas, cobrindo assim uma parada de maior amplitude temporal térmica. A Helena, a Cindy, a Claudia e a Sofia (esta para quem aprecia pescarias e choquinhos..). Tudo mulheres belas que só a muito custo aqui vieram parar, porque de início o programa de transporte de fotos não teve pedalada para tanto quilate, confesso. Mas, pode-se perguntar a razão da inclusão neste blog destas beldades que fizeram história e nesta temática concreta - direita vs esquerda? É que a moda este ano parece regressar às ideias de anos anteriores, com alguns detalhes dos tempos de hoje. Afinal, a moda é como a política...
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