sexta-feira

Saramago propõe pacto de não agressão entre o Islão e a igreja

Ficámos a saber pelo Blasfémias que Zaramago, o único português nóbel da literatura que vive no estrangeiro e que conseguiu conquistar o título graças a uma embriaguês colectiva do júri que ainda hoje está por se explicar, propôs um pacto de não agressão entre o Islão e a Igreja católica. Caí do 3º andar, e a 1ª coisa de que me lembrei foi quando soube que o presidente da Líbia, Muamar kadafi, depois de andar a abater aviões civis com centenas de pessoas lá dentro, também presidiu ao Comité de Direitos Humanos da ONU.
É óbvio que se trata duma analogia, pois que saibamos zaramago não andou a abater ninguém, salvo a própria literatura, embora na sua folha de serviço constem as seguintes virtudes: saneamento de colegas jornalistas quando no Verão quente dirigia o DN, alguém que traíu Portugal por mero ressabiamento político - por isso procura vingar-se atacando à esquerda e à direita as entidades da Cultura em Portugal, sendo que o último desses exemplos resultou do ataque que fez à actual ministra da Cultura, Pires de Lima, quanda esta lhe solicitou apoio para promover a leitura do livro em Portugal.
Este respondeu-lhe com as "bexigas como fatalidade" - explicando assim que não valeria a pena, pois os portugueses - como uma "fatalidade como as bexigas" - não lêem e pronto, salvo as coisas intragáveis que aquele escreve e os idosos do PcP lêem nas filas de espera dos centros de saúde. Depois zaramago tem-se revelado um personagem ressentido e quezilento com tudo e com todos, mostrando-se sempre azedo e amargo, indisponível para colaborar naquilo que escape ao seus interesses directos e imediatos. Leia-se, royalties ($$$). Com esta folha de serviço qual é a legitimidade deste fulano para propôr uma pacificação entre os dois mundos: o islão e a cristandade - que concretizou assim:
Zaramago, tal como Soares que sobre terrorismo só devem ter lido as lombadas dos livros, deve presumir que o moderno terrorismo em rede ainda se assemelha aquele que operava em 1974 - em que o seu querido partido andava a armadilhar carros e casas a todos aqueles que não alinhassem com o modelo político totalitário de leste que o mesmo seguia nas redações dos jornais. Também aqui valerá a pena citar um autor maior, Raymond Aron - que há dias aqui evocámos para sublinhar uma das suas observações mais lúcidas sobre o terror:
Uma acção de violência é rotulada de terrorista quando os seus efeitos psicológicos são desproporcionados em relação ao seu resultado puramente físico. É essa fala de discriminação que ajuda a espalhar o medo, visto que o alvo não é ninguém em particular, mas todos em geral
.
Mas o problema destas declarações, remete para um tipo específico de ignorância da história política moderna e contemporânea, comum a zaramago e a Soares, e neste domínio o nível cultural (leia-se - sociológico, politológico e polemológico de zaramago é simétrico ao de Soares naquele famoso Prós & Contras com P.Pereira) - em que o ex-PR revelou um desconhecimento das causas (sistémicas) do fenómeno que aqui alinhamos de forma sumária:
1) Frustração socioeconómica pode levar a situações de conflito
2) Instabilidade política e fracos índices de desenvolvimento social e económico
3) Ausência de indicadores de modernização social e cultural - conduzindo a um fechamento de mentalidade e a um exacerbar dos níveis de intolerância pelo "outro", pelo que é diferente
4) Aumento do nível de coercividade dentro do espaço social por parte do regime político (que no Médio e Próximo Oriente é o que é... teocracias fundamentalistas que treinam os homens para a violência)
5) A presença de populações minoritárias poderosas (como os curdos no Norte do Iraque) contribui para adensar essa conflitualidade e flutuações ao nível da coercividade por parte dos regimes políticos
Depois uma tremenda vontade de matar por efeito psicológico do ressentimento (por camadas) relativamente aos níveis de vida, bem-estar e de conforto e até luxo (a tal sociedade afluente de que falava o economista recentemente falecido, Keneth Galbraith) atingido no Ocidente. Além duma vontade cega em querer ver expulsos todas as forças militares norte-americanas e ocidentais em bases estacionadas na Arábia Saudita e em toda aquela região do Médio e Próximo Oriente - de que o secular conflito israelo-palestiniano é um símbolo trágico que ameaça perpetuar-se.
É óbvio, e aqui todos somos marxistas, que a probabilidade de um elevado nível de instabilidade política é maior quando se combinam altos níveis de frustração socioeconómica, elevados níveis de flutuação de coercividade. Mas não deixa de ser paradoxal que seja uma pessoa como o background de zaramago - por sinal amigo pessoal de Fidel castro - que ainda mata e manda matar pessoas por mero delito de opinião, que seja a pessoa que tenha a lata de vir propôr uma coisa daquelas.
Confesso que quando vejo zaramago me lembro logo do diabo, ainda que nunca tenha visto este, mas há algo de diabólico na sua vox, na sua face e maneira de ser, de olhar e de falar que recria essa atmosfera maligna. Mas aquilo que talvez ajude a explicar melhor as motivações pelas quais o nóbel da treta diz o que diz e actua como actua remete-nos para uma passagem de Os Demónios do genial escritor Fiodor Dostoievski:

És capaz de contar pelos dedos as pessoas que podem ser aceites como membros dos seus círculos? Tudo isto é apenas burocracia e sentimentalismo - tudo isto é apenas cimento a mais, mas há uma coisa que é muito melhor: persuade quatro membros do círculo a matar um quinto com a desculpa de que ele é um informador e imediatamente eles ficam amarrados pelo sangue que derramaram. Passam a ser teus escravos.

Concluo: os vícios da matriz da velhinha escola comunista nunca se perdem, apenas mudam de facies com o tempo...

PS: Pedimos desculpa à memória de Raymond Aron por ter aqui contextualizado o seu nome com o do proponente da ideia tola de zaramago, especialmente por vir de alguém que não tem qualquer legitimidade política para a fazer. A este senhor o que seria aceitável era escrever mais um daqueles romances de cordel e doar os seus direitos de autor ao povo cubano - privado que está da Liberdade há cerca de meio século. Quem sabe se com esses dólares a mais não emergia uma oposição pujante a Fidel (já que o seu irmão não passa, alegadamente, dum palhacinho pedófilo) que lhe pudesse fazer ainda o funeral politico em vida. Assim, matavam-no duas vezes diante os olhos do mundo.