quarta-feira

Evocação bem lembrada: Raymond Aron

Porque razão, em nosso entender, é hoje importante (re)ler Aron? Num mundo que é tudo menos lógico, embora seja humano, e entre os homens é o humano que vinga, como diria F. Pessoa, há aqui um sinal a reter. Este quadro de possibilidade conceptual não foi, certamente, concebido para prever o chamado terrorismo global (desterritorializado) - mas como o niilismo destruidor do nosso tempo já deu múltiplas provas dessa maldada na política - a leitura de Aron impõe-se naturalmente pela capacidade que sempre demonstrou em acertar o pass da razão com o da acção e ambas com a loucura dos povos que, por regra, ajustam os seus diferendos por recurso à guerra. Dantes a guerra era impossível e a paz improvável, sua pedra de toque, hoje tudo é provável e nada há de impossível, até tansformar um homem numa mulher em menos de 2h. Com Aron aprende-se quase tudo, até filosofia, dado que era um mestre completo no sentido pleno da palavra. Mas o que sinalizo nele, entre dezenas d'outras virtudes, foi a sua genial capacidade de pensar a política liberta dos sentimentos (além da sua vasta cultura histórica e sociológica e até na esfera da polemologia e da teoria das relações internacionais) mas, ao mesmo tempo, fê-lo utilizando a paixão dos homens e dos povos. Aron, dada a sua formação clássica - entre os clássicos, sabia que só havia uma saída para converter o carácter impuro da política numa coisa nobre. Essa escapatória foi pensar a política racionalmente, até porque a verdade é sempre uma coisa insuportável. Curiosamente, Aron deixou de ser socialista quando estudou economia política, nós afastamo-nos deste PSD (1º partido de Sócrates) quando percebemos que se transformou num albergue espanhol - cuja ideologia e a praxis é a de "abrir as pernas" e meter tudo lá dentro. Hoje quando vejo a srª dona Zita Seara a falar em nome do PsD só consigo imaginar S. Lopes (que parece vai editar um livro pela editora daquela) numa manifestação da Av. da Liberdade - de punho em riste e ostentando a bandeira do Bloco de Esquerda. Pedimos desculpa a Raymond Aron ter aqui misturado nomes de personagens menores duma história com "h" pequeno. Mas que é revelador daquela impureza da política que Aron antecipara... É um clássico, a todos os títulos. Portanto, mais outro autor que se não puder ser adquirido merece bem ser furtado... Daí a complementaridade do diagnóstico desta nossa perspectiva com a lente do Websemantic que já em inúmeros casos coincide (intelectualmente) connosco. Tanto que até se confunde. Uma confusão que até baralha. cit. in Websemantic

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