quarta-feira

Filosofices pra lá da meia noite

Creio que um dos nossos problemas deriva da limitação do nível a que estão os nossos olhos. Apesar de bem localizados elas não nos permitem abarcar toda cena de uma só vez. Com isso perdemos tempo e perspectiva. Por exemplo, à medida que caminhamos pela rua repleta de pessoas, podemos desviar o olhar dessa multidão e abarcar todo o movimento que nos rodeia duma só vez, mas aí desfocamos as pessoas na rua. Este é um problema epistemológico interessante, pois sempre que queremos ver várias coisas ao mesmo tempo fazemos algo menos bem. Há sempre uma margem, uma periferia que fica arredada e deixa de entrar no cálculo da equação geral do conhecimento que se pretende apreender. O mesmo se passa com uma gota de água descendo por uma janela... Quando abarcamos toda a janela, lá se vai o pingo... Ou quando nos deitamos de costas para o céu - e repetimos o exercício com as nuvens... Vemos sempre as pequenas coisas, depois as maiores. Por vezes, tropeçamos nelas e nem sequer as vimos. Em suma: o conhecimento efectivo, global em tempo real não existe, e mesmo quando olhamos a direito nada nos garante que não vejamos curvas. Últimamente temos visto uma grande curva chamada Portugal...