Algumas opiniões sobre o semanário Sol
Notas prévias de teor pseudo-histórico:
- Seleccionámos aqui três opiniões que convergem entre si. Trata-se, contudo de três blogues muito diferentes, na dimensão, na abordagem e na amplitude com que sistematizam os assuntos. É óbvio que o Jumento não se compara com nada porque é, de longe, o melhor blogue nacional, e digo isto até com duas nuances: 1) é o único blogue com quem aprendo algo; 2) é também o único blogue em quem dá vontade de dar um "tiro" no seu autor(es).
- Mas essa convergência é fatal como o destino e já ditou uma "sentença": o Sol é mau. E se pensarmos que já estamos no III milénio, segundo os autores, aquilo é muito mau. Eu, confesso, sou menos precipitado, ou seja, mais moderado e ainda tenho algumas expectativas que alguma inovação e criatividade ainda venha a ser introduzida, afinal ainda não conhecemos o Sol, e até ao Natal - teremos uma visão menos parcial. Pois apesar de o Macroscópio concluir pela positiva enviando até os parabéns ao Arq. Saraiva - que não conheço pessoalmente (isto é importante referir porque muitos dos jornalistas têm ou já tiveram quezílias, conflitos, amores e ódios que hoje, inevitavelmente, ainda povoam o seu cérebro e quando falam não o fazem com lucidez ou objectividade, mas com vontade de ajustar umas continhas antigas do tempo do MarquÊs de Pombal; ora o Macroscópio é um "pássaro de arribação" que só cá veio "ver a bola", mas não integra essa tribo, aliás não integra tribo nenhuma) - quis com isso, dizer que há alí elementos de grande previsibilidade que não integram o tal "plus" prometido. Portanto o Sol ainda tem muito que escalar para diminuir o gap entre as promessas que fez e o realizado. Se cumprir esse promessa só ganha em credibilidade. E a credibilidade é como a virgindade, uma vez perdida nunca mais...
- Explicito: os opinadores, confesso, são fracos: A Filomena Mónicas, o António Pedro Vasconcelos já são já "móveis Luís XIV" num edifício que procura ser inteligente e sofisticado e nós, segundo creio, já cuzámos o III milénio. Esta nota prévia encerra ainda outra nesta caixinha de surpresas que nos é dado ver. Vejamos: aqui há uns tempos - e isto é válido para aquela rapaziada que nasceu na década de 60 do séc. XX - as pessoas se se conhecessem na Duque de Palmela - alí ao Marquês de Pombal - comiam por alí, casavam por alí, tinham os filhos por alí, os gays também namoravam por alí (embora mais disfarçadamente - porque então a tolerância à homosexualidade era nula). Enfim, alí todos conviviam e socializavam, e por alí também tinham os seus filhos e alguns até acabavam por morrer por alí.
- Ou seja, nesses tempos idos - hoje já velhos - o vínculo que ligava as pessoas umas às outras era, tão somente, a geografiazinha, era ela que ditava as regras de proximidade entre os homens. A geografia era, em suma, a lei. Os tempos passaram, e hoje as tribos são outras: estruturam-se mais biográficamente, em função dos gostos, das tais quezílias e conflitos que vêem do passado e hoje reganham novos fôlegos e estruturações contra o antigo inimigo: o Expresso (dependendo da perspectiva, pode ser o Sol, como antes fora O Independente). Muitas dessas estruturações, à falta de melhor conceito, são as tribos globais, medialógicas, ciber-virtuais - que se organizam em função da tal biografia e solidariedades socioprofissionais que já vêem de trás. Isto, meus amigos, significa uma coisinha simples: é que quem escreve - se não conseguir libertar-se do seu passado e dos rancores que povoam esse baú da história da biografia de cada um - o produto da sua escrita acaba sempre por reflectir os pequenos ódios e rancores, os tais ajustes de contas mais parecem umas vitrines na montra no mundo - que todos vêem, excepto os próprios. Isto, por seu turno, remete-nos para um problema maior da filosofia da comunicação e da linguagem: até que ponto é que aqueles que escrevem sobre a área profisisonal em que estão inseridos o fazem com verdade e vontade de atingir as essências?
- Ora, mercê da globalização competitiva - que é esse tal decisor oculto que veio desarticular tudo, a digitalização das sociedades alicerça-se hoje em dois valores novos, ou revestidos noutras roupagens: na atitude e na competência.
- Fomos dar esta volta toda ao "bilhar grande" para aqui deixar uma nota de lana-caprina: é que essas tribos do ciber-jornalismo que se julgam hiper-informadas e que estão sempre na vanguarda têm (ou devem) ser um pouco mais humildes, no sentido socrático do termo, porque um qualquer filósofo que não seja o obtuso do Maria Carrilho com a treta dos seus "jogos de racionalidade" - é capaz de descodificar em ss. o que escrevem e que mensagens ou recados pretendem deixar.
- E às vezes isso é tudo menos uma opinião sólida sobre o que quer que seja, mas antes um dejecto da alma resultante dum rancôr antigo mal reprimido. Hoje, de facto, existem "n" jornalistas que o fazem, topo isso à distância e constato de imediato: coitado, mais um jornalista que não conseguiu livrar-se das memórias e dos rancores do passado, mais um que não leu kant, mais um pobre intelectual que se julga um spin-doctor de Sillicon-Valley de Almada ou de Cacilhas e depois nem sequer sabe o que significa a merdinha do efeito nocivo de subjectivação - qual Juíz que julga em causa própria. A esses aprendizes de feiticeiro recomendamos aqui uma incursão à leitura da Bíblia, e dentro desta talvez ao livro da sabedoria.
- Por último não resisto a contar esta pequena estória que se passou ontem numa papelaria mesmo a meu lado - cujo dono é um "trombudo" dos pés à cabeça, deveria mudar de ramo porque o que lhe sobra em indisposição e antipatia falta-lhe em inteligência: um rapaz pediu o Expresso, e depois de ter o sacalhão na mão pergunta ao dono da loja: - "o DVD está cá dentro, não está?!! O "trombudo, dono da papelaria, respondeu: "claro que Não!!! afinal vens para comprar o jornal ou o DvD?!!!" O puto, meio envergonhado, lá replica: "quero o DvD, e para isso comprei o Expresso"... No final, o dono da papelaria tranquiliza o cliente dizendo-lhe que o Dvd está, de facto, dentro do saco. Aquilo para mim encerrou uma pequena lição, dado que muita gente não quer o jornal de Pito Balsemão, quer é o dispositivos e/ou os suportes tecnológicos que ele proporciona. É óbvio que isso não se passará só com o Expresso, mas também com outros jornais e produtos culturais.. E é pena. Hoje poucos portugueses sabem quem foram ou o que escrveram os 4 grandes da literatura lusa universal: Camões, Vieira, Eça e Pessoa. zaramago aqui não só destoa como contribui para danificar a imagem externa do país. E os "donos da bola" também..
Dito isto, vamos ao que interessa:
- Primeiras opiniões sobre o semanário Sol
(in Jumento) Tenho que ser sincero, não gostei do novo jornal, o Sol pareceu-me um sucedâneo do Expresso com umas pitadas de O Independente dos tempos de Paulo Portas e do 24 Horas numa versão "chic", e quanto a independência política só faz sentido em relação aos partidos da direita. Se quanto ao conteúdo não fiquei particularmente feliz, graficamente achei-o pobre. E como o pior ficou para o fim, e ainda bem que assim foi para manter o discernimento, fiquei profundamente desiludido ao ver que a revista encerra com um artigo de Paulo Portas. Detesto o Expresso e a lógica de manipulação do poder exercida pelo grupo Impresa, de Pinto Balsemão, mas não foi desta que o Sol me convenceu a mudar de hábitos, mal por mal fico como estou, até porque não sou cliente das versões impressas.
- Impressionante é o número de blogues que foram criados na edição electrónica do Sol, só durante o dia de ontem foram criados mais de 700 blogues. Até O JUMENTO fez a sua experiência [Link]. A aposta do Sol nos Blogues começa com a fórmula mais simples de criar um blogue e, ainda por cima, com excelente resultados ao nível da velocidade de abertura, o ponto fraco estará na impossibilidade de modificar o template. ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
- Mas certamente que sim (de Paulo Querido)
- Remete para este outro blog: Instante fatal (de Luís de Carvalho)
- Zone 41 sistematiza algumas destas opiniões à flôr da pele
- A estreia do Sol O Luiz Carvalho acabou de ler o primeiro número do jornal Sol e fez logo a sua crítica no instante fatal. As suas primeiras conclusões são más, de uma ponta a outra do novo semanário português acabadinho de nascer. É um remake do Expresso antes do Berliner. Um remake é sempre mau, quando é baseado no passado pior. Faz lembrar os carros de Leste no tempo do comunismo: a Lada começava a fabricar uma réplica do Fiat quando o modelo acabava. Acho sinceramente que aquilo é tudo menos o que devia ser um jornal novo nascido no seculo XXI. Não traz uma ideia nova, um conceito inovador. Não é nada. É velho, ressabiado, cheio de nostalgia da Duque de Palmela. Provavelmente só lhes falta voltarem a escrever numa Hermes para a coisa ser mais saudosista.
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