O Padrinho andou em Coimbra...
Sempre apreciei os papéis que Marlo Brando fazia na tela da 7ª Arte. Era um mestre. Tudo nele era perfeição: a representação, o gesto, a vox, o olhar, a frase, a entoação, o estilo, tudo... Depois a idade e a geometria variável rebentou-o. Sucede a todos nós, some day... Mas O Padrinho tornou-se parte duma cultura popular, não apenas vertida na fórmula muito usada do "Vão-se F...! dita quando as coisas não correm bem, mas ele, bem ou mal, integrou a nossa cultura psíquica. A ponto de até se dizer que todos nós, em parte, temos algo de Padrinho... E com certos limites, isso não é mau, convenhamos. Até para evitar sermos enganados na banca, nos serviços, enfim, na sociedade em geral. Mas o Padrinho foi mais, muito mais do que isso, culminou num protótipo do gansgter dos States do início do séc. XX. Ele emergiu também numa época de ascenção dos media, ou seja, a massificação dos jornais, rádio e tv ajudou a ampliar e a projectar este fenómeno social. John Gotti, por exemplo, beneficiou dessa emergência. E muitos mafiosos tinham até honras de capa de revista, a Newsweek, a Time e outras de menor porte importaram esse novos icones para as suas manchetes, o que também era bom para o negócio - e aos mafiosos concedia alguma respeitabilidade, fama e prestígio - que ajudava a esconder o resto... Portanto, à época era bom ser um mafioso. Se fosse um mafioso fino tanto melhor. Ora, em Portugal temos uma versão rasca de tudo isso. Temos os "uns charutos", ou seja, os "donos da bola" que é como quem diz, os actores e personagens menores dos vários "apitos dourados" que pululam por aí deixando carvão na neve. Parece, contudo, haver uma excepção: dizem que Marlo Brando estudou em Coimbra... Dizem até que se especializou num certo ramo do Direito que por ser mui pouco constitucional se tornou insconstitucional, i.é, contra a sociedade. Isto ainda está por apurar, mas enquanto folgam as costas os good fellows cá do burgo vão-se amanhando como podem. E alguns até são convidados recorrentes da srª dona Fátina Campos no seu não menos inefável "pugrama" Prós & Contras. Enfim, também isto é Portugal: o Portugal dos anões.
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