quinta-feira

As virtualidades da blogosfera, again

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  • - O post infra suscita-me um conjunto de questões que talvez valha apenas explorar. Nem todos os jornais estão eficientemente equipados on line para disponibilizarem toda a informação possível aos ciber-leitores, podendo-se assim cruzar dados, datas e dissolver erros ou equívocos. Uns jornais não têm esse arsenal disponível na rede porque não querem, outros porque sai caro e não têm recursos para fazer esses investimentos, outros ainda porque têm dinheiro mas não têm os skills de gestão adequados para pensar largo e ficam agarrados ao chão lembrando as tipografias ao tempo em que o pcp divulgava panfletos clandestinamente de forma a que os seus agentes não fossem apanhados pela Pide do velho e anquilosado Salazar - de que hoje, infelizmente, a sociedade portuguesa ainda revela sinais. Mesmo à esquerda, como denota o epifenómeno lamentável da autarquia de Setúbal...
  • Mas as palavras que Inês Serras Lopes nos faz têm alguma pertinência. Vejamos: nem todos os jornalistas são malfeitores ou estão imbuídos de má fé, e a blogosfera é o que é - um manta de retalhos fortemente assimétrica e com uma falta de coerência editorial que entristece. Ainda há muitos cortinados e autobiografia e clusters interpessoais sem nenhum interesse público. Para esses bloggers defendo que deveriam pagar taxa - fixada pelas alarvidades fiscais de T. dos Santos - para aceder aos editores, já que reduzido é o interesse das suas intervenções. Mas isto é uma mera opinião pessoal. E se o ministros das Finanças sabe disto temo bem que ele, à semelhança do que fez com as comparticipações dos exames clínicos, se levante às 4:42 da madrugada para legislar à pressa a fim de fazer aplicar mais essa legislação tributeira para engrossar o OGE.
  • De qualquer modo, em inúmeros casos os jornalistas fazem o juízo ou têm a expectativa (legítima) de que o Rizoma ou a Rede se comporta tal qual os media tradicionais, i.é, filtrar a informação antes de a publicar, ao passo que a blogosfera, por sistema, publica primeiro e depois é que filtra.
  • Confesso que esta foi a questão que mais me interpelou na sequência da chamada de atenção de Inês Serras Lopes ao Macroscópio. Contudo, desejaria aqui transmitir o seguinte: por vezes jornalistas e bloggers, alguns jornalistas, alguns bloggers - entendamo-nos!!! - pretendem o mesmo: a verdade - se bem que tenham métodos, contactos e procedimentos diferenciados entre si, o que faz com que floresçam confusões, mal-entendidos ou até conflitos abertos que são sempre evitáveis - desde que se mantenham abertas as linhas de comunicação entre ambas as partes. Mais do que não seja para aprenderem mutuamente. Quando se tem esta humildade metade do caminho é percorrido a contento de todos, especialmente do público leitor (o clássico e o ciber-leitor) - que talvez reconheça nessa ponte estratégica entre ambos os media também um sinal de civilismo entre os velhos e novos actores - que tecem os fios dos media contemporâneos.
  • Qual é o objectivo desta nova relação, afinal? Quanto a nós é o de criar pequenos mapas cognitivos entre diversos agentes que concorrem no processo de "fabricação" da informação e da análise a fim de que eles desempenhem um papel mais activo na função geral da comunicação com o exterior, independentemente de se tratar se o blog A ou o jornal B são ou não líderes de opinião na sociedade virtual e na sociedade de carne e osso.
  • Desde que se mantenham os princípios da busca da verdade dos factos e da verdade analítica e se observem os standards mínimos de ética e de qualidade na comunicação estão, cremos, assegurados os níveis de confiança e de reputação para se tratar devidamente a informação e a comunicar a quem a quiser ler.
  • Neste caso concreto, há um jornal semanário que entende - pela voz da sua própria directora - solicitar correcção a uma informação menos precisa veiculada por um blog, e é aí, como aqui procuramos demonstrar, que duas informações diversas sobre o mesmo assunto são associadas sob várias formas, as quais podem tornar-se noutras informações ainda mais úteis à produção de um novo saber ou desenvolver uma nova consciência (mais crítica) nos destinatários a fim de que o sistema de referências de partida (d' O Independente e do Macroscópio) possam ser coordenados já não a partir deles, mas a partir de outros pólos de informação ou de produção de ideias que produzam, por sua vez, outros resultados.
  • Até porque sabemos, por alguma experiência científica e académica, que essa produção de ideias e de informações decorre umas vezes duma forma mais ou menos espontânea, outras de forma determinada e sistemática. Sendo notório que alguns blogues, não tantos quanto seria desejável, já se afirmam como pólos produtores de ideias, de ligações afirmando e cruzando diversos saberes entre muitas outras interconexões que têm lugar na Net, e operam hoje um pouco como o sistema nervoso do ser humano. Partindo aqui do pressuposto que o cérebro do ser humano não está envelhecido, danificado ou disfuncionado...
  • Por último, desejaríamos deixar mais uma nota, até porque ela nos é cara e concorre na produção intelectual em inúmeros dos nossos posts. Ser bloger é apenas um conceito oco, tal como o é a circunstância de me chamar Rui Paula de Matos. São nomes que, de per se, nada exprimem. A prova disso é que há blogs cujos nomes são incomensuravelmente mais conhecidos do que o nome verdadeiro da pessoa que realmente garante a manutenção daquele espaço. Recordo um dos melhores blogs da Net: o Jumento. Quem o fará? O que ganhará ele com isso? Ao invés, temos o Abrupto de Pacheco Pereira que é um blog reconhecidamente fraco e que vive, em larga medida, do efeito de celebridade e de parasitismo do seu autor, dado que o mesmo tem projecção mediática e tem, goste-se ou não dele, o seu valor intrínseco. Contudo, o paradigma invertido de P.Pereira afirma-se de forma contra-natura, já que se trata dum blog que viola ou está nos antípodas da filosofia que subjaz à Rede: linkar. Eu próprio já tenho aprendido algumas coisas com ele, a que somaram muitas outras barbaridades.
  • Mas o ponto que quero enfatisar é que enquanto intelectual, investigador, curioso pelas letras a conclusão a que chego é que esta ferramenta madura da net é apenas isso: uma ferramenta, um veículo, o mais difícil reside na elaboração das ideias, na sua exposição, na apreensão dos factos complexos que tecem este nosso mundinho contemporâneo, apesar de parecer que vivemos na Idade Média (a ajuizar pelos comportamentos dos homens, especialmente em cenários de guerra). Todavia, cremos que nada há de mais importante do que as ideias, já que delas podem nascer grandes conceitos, projectos que mudam as nossas vidas, alterar o mundo - e não perpetuar uma certa maneira de sermos chatos, previsíveis, implicativos, conflituosos, enfim, pequenas máquinas rotinadas, robotizadas que reagem aos estímulos externos sempre de forma predefinida e previsível. Nem as mulheres gostam disso nos homens, apesar de alguns homens gostarem de manter essa previsibilidade junto do meio feminino, mas isso são outras guerras...
  • Assim, confesso, o mundo - e as pessoas dentro dele - deixam de ter toda a sua graça e cada pessoa também deixa de ser/ter um filtro do mundo perigoso que a rodeia. Ora, o nosso objectivo enquanto (estou) "blogger" - é empenhar-me nessa busca da Verdade e na construção de um mundo melhor e mais justo e livre entre os homens. Como? Potenciando as ligações entre os media tradicionais e a blogosfera de molde a que o interesse comum de ambos convirga mais do que divirja. Carolices...
  • E se ssim fôr já estaremos, porventura, em condições de explicar à comunidade porque razão valerá a pena investir nisto, ainda que não se receba um centavo, perdão, 1cêntimo. Razões essas que podem remeter-nos para os tais valores éticos que supra-referimos (justiça, liberdade, bem comum, segurança) - mesmo que sejam hoje asseguradas à sombram duma hiper-velocidade estonteante (em virtude do poder exponencial das TIC), de relações interpessoais e institucionais velozes, de novos skills e expertises e também de novos incentivos socioprofissionais e materiais.
  • Pois nem só de ideias e de filosofia vive o homem...
  • Dedicamos este post a todos aqueles que "não gostam de plágios, de jornalistas maus, de maus jornalistas e de não-jornalistas maus. Nem de mentiras". Diria, a todos aqueles que amam a Liberdade e a Verdade - que buscam para a conquistar. Às vezes distraem-se e conseguem...
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