quarta-feira

Tridimensionalidade do poder: Ocidente, Oriente e no Islão

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Não se assustem por que não vamos aqui conjecturar sobre a morte. Além de nunca lá termos estado também não estamos suficientemente nutridos pela metafísica adequada para avaliar a coisa por esse meta-ângulo. Falamos aqui tão só da Arte da mentira em política e da tridimensionalidade que ela pode assumir. Comecemos pelo início, apesar de não ser o mais interessante: Paulo Portas que, agora, tem um programa só para ele na tv de Balsemão. Um amigo chama-lhe sempre "bolsa-na-mão", mas confesso que não me adapto à semântica e sigo o nome que Deus que lhe deu. Mas a mentira na política ganhou um novo alento com a fuga da xusma de deputados da AR em direcção ao mundo, ao sol, às amêndoas da Páscoa, enfim, em busca da felicidade que os ditos deputados não encontram nos seios (para não dizer tetas!!) do hemiciclo. O Belmiro da Sonae já há muito que tinha resolvido isto, mas enfim. Adiante. O dito P. Portas disse ontem, salvo erro, que estava no seu gaminete a trabalhar: lia, avaliava, analisava, tudo para dar uns pareceres legislativos ao seu presidente da bancada parlamentar, Nuno Nelo. Sucede que este disse - que aquele se encontrava em trabalho político fora, muito fora da AR. É claro que não vamos comentar aqui o dom da ubiquidade que só alguns parecem ter. Os mais crentes, porventura. Vamos, tão só, analisar alguns efeitos políticos do fingimento enquadrado depois por três padrões culturais que explicam muito do que somos e não somos.
É claro que não foi só P.Portas que mentiu, ou o seu presidente do grupo parlamentar que o encobriu, enconbriu foram dezenas deles, tordos deles, que mentiram compulsivamente quando fecharam a tenda depois de terem assinado e zarpado em busca da tal felicidade, procurando o paraíso na terra. Enfim, num solário perto de si. Alguns tostam nos telhados ao lado das parabólicas, que me dizem fazer o mesmo efeito, o mesmo bronze.
Mas porque razão isto sucede? Será que no mundo islâmico ou no modelo cultural oriental este tipo de "tangas" também se passa? Eis o objecto deste blog: determinar o modo de relação que os homens desenvolvem com a realidade. Posto que podemos matar um leão por puro prazer, brincadeira e acerto de pontaria, ou por pura defesa pessoal. Isto, claro, quando o leão não nos mata a nós primeiro.
Vejamos 1º o padrão ou o modelo cultural do Ocidente. Este diz-nos que distinguimos o ser do não-ser; conhecemos pela via da experimentação; utilizamos a tecnologia para dominar a Natureza e o próprio homem; desenvolvemos uma atitude crítica mais ou menos permanente - trabalhando dentro dos gaminetes (como Portas); a verdade não é um valor revelado, mas precepcionado pela razão; a verdade tem que se adequar ao real; e todo o quadro de racionalidade se desenvolve através de conjecturas e refutações, ao estilo socrático ou popperiano, intervalando as boas perguntas com ensaios tecnológicos somado à experiência e ao conhecimento que fez do Ocidente europeu a plataforma geopolítica mais avançada do mundo. Eu disse "fez". É claro que quando sobrevém os problemas que não conseguimos resolver empurramos tudo para o contexto divino, tal a indeterminação do real em que caímos.
Já o padrão cultural oriental - vê a verdade nos processos, e não dentro de nós. I.é, os objectos e os acontecimentos são formas temporais inseridas na fluidez das relações complexas dos produtos; o conhecimento é apenas uma compreensão de tendências e a verdade uma simples e complexa harmonia dos processos e dessas tendências. De tudo resulta que não há protagonismos da divindade. Aqui, ao invés do padrão cultural do Ocidente, não se pretende dominar a natureza nem os seus processos.
O padrão cutural islâmico - já apresenta um outro tipo de contraste na sua relação com o conhecimento e com a realidade. Ou seja, o homem islâmico não precisa de mentir ao país dizendo que está dentro dum gabinete a trabalhar e está num solário a ficar jeitoso para se apresentar na tv, não!!! O homem islâmico subordina sempre as suas intrujices e manigâncias, soberbas e vaidades, à revelação divina, e é nessa instância que os produtos, os comportamentos são validados. Portanto, aqui as tangas que a xusma de deputados "vendeu" ao país real que lhes paga jamais teria fundamento. Aqui, esse expediente teria de ser conformizado (ou "conformatado") com a palavra divina, tal como foi transmitido pelo profeta. Estamos, pois, perante uma cultura da revelação, onde o texto divino é mais real do que a própria realidade - dos factos e da naturaza. Pois tudo o que acontece é o que a divindiade ordena e quer. Portanto, se a divindidade quisesse que os seus deputados nos países sob esta influência cultural faltassem em bloco teriam a anuência do profeta, e, assim, se produzia realidade. No Ocidente cristão, católico, em Portugal, para dar um exemplo já mundialmente conhecido, não se está a ver a xusma de deputados a ingressar que nem um rebanho ali na Basílica da Estrela - só para pedir ao pároco a anuência religiosa para justificar a falta na 4ª feira de Páscoa, ou está!!!
Quer isto dizer o seguinte: consoante a esfera cultural de que falamos, no Ocidente, no Oriente e no mundo Islâmico - o sistema intelectual de justificação, a ideologia, o pretexto, a mentira assume feições e matizes diversas. O padrão cultural é, em suma, a forma mais elaborada daquilo que normalmente se designa por cultura, e é nessa dimensão que são mais marcadas as diferenciações entre as culturas, já que é no miolo do padrão cultural que fica genéticamente determinado o modo de relação, logo da mentira institucionalizada, com a realidade. Vejamos, para concluir, ete miserável exemplo - a demonstrar e a justificar assim o título deste blog:
No Ocidente o referido P. Portas disse que estava no seu gabinete parlamentar trabalhando enquanto o seu presidente do grupo parlamentar disse que aquele estava longe, bem longe em alto serviço parlamentar. E no Oriente - o que é que o mesmo Paulo Portas diria a Pequim??? Talvez dissesse que entre essa tanga - mitigada com dois termos - gabinete e trabalho exterior - entrariam em processo de simbiose e gerariam uma harmonia tal que o país, neste caso a China "democrática" sairia muito valorizada. E se o mesmo deputado fosse um nacional de um país islâmico, o que diria para justificar a sua mentira? Talvez respondesse que o seu trabalho estava agora entregue à revelação divina, e sempre que o dito não se encontrasse no hemiciclo a legislar logo alguém justificaria - talvez o sr. Nuno Melo - que Paulo Portas estava na 4ª (das cinco orações diárias) com o rabo virado para Meca - rezando e pedindo, qui ça, para que o belo PP não se reduza ao partido do táxi ou mesmo do monolugar. Enfim, três modelos culturais - o Ocidental, o Oriental e o Islâmico. Três modelos, três mentiras diferentes. E quando se passa de um padrão cultural a outro, quando se emigra de um sistema de mentira a outro, há uma inevitável relação reflexiva que se arrasta, de forma viscosa e de que nós, aqui, através desta pacotilha de sociologia compreensiva desmontamos, a fim de perceber melhor o que se vai passando na nossa terra e também noutras latitudes. Eis a vantagem destas miseráveis palavras: racionalizar a tipologia das mentiras dos senhores deputados à nação, os mesmos que se deram ao trabalho de falsificar a realidade para iludir o povo, cada vez mais miserável porque ainda pensa que eles são diferentes. Isto leva-nos a uma semântica final: pois em lugar de a Assembleia da República se chamar AR - algum pensamento mais ilustrado já o procura elevar à nobre condição de SM, ou seja, Sociedade de Mentirosos - que foi descoberto a tempo e hoje contribui activamente para engrossar o caudal de embuste político de que Portugal tem sido alvo. Em rigor, este episódio, que já não é novo, o que vem tipificar é ainda uma outra coisa que doravante se fará: a mentira passa a ser obrigatória, e todos aqueles deputados que não alinharem na mentira imperturbável serão imediatamente corridos dos Passos Perdidos ficando-lhes interdito o acesso até à próxima legislatura, onde o ciclo (menstrual) do embuste recomeçará para a felicidade (e desgraça) de todos nós.