terça-feira

Em Portugal sempre custou Ser Livre

Entreolham-se, num plano desnivelado pautado pelo tempo que dista, mas são o mesmo, i.é, muitos num só, apesar de já cá não estar. Foi mas ficou, e deixou-nos muitas, muitas coisas a que chamamos materiais culturais, pedaços de pensamento, fragmentos de humano que hoje lemos em páginas pensadas e escritas por aquela mente. Em Portugal sempre custou Ser Livre, seja no Maio de 68, seja nos novos Maios de 68 que hoje vivemos, encarpados nas incertezas da história. Afinal, só somos livres, só temos Ética e Moral na política - se o conseguirmos ter antes na vida privada, civil e até íntima. António José Saraiva, que aqui vemos e evocamos, foi um desses expoentes em Portugal. A "estórieta" da balda da xusma de deputados - que reflecte aquilo que os mais esclarecidos já sabiam - é só mais uma prova de que não temos guia no presente, daí a necessidade de mergulhar na história recente para recuperar esses velhos (novos) guias, referências, faróis ético-morais. Que, no caso vertente, legou a Portugal um património simultaneamente estético-literário, filosófico, cultural e também político. Enfim, foi o (e um) autor de A História da Cultura em Portugal, obra pioneira, que não teve ainda sucedâneo. Este blog é dedicado a António José Saraiva e ao simbolismo cultural que ele deixou em todos nós, excepto nos deputados, é claro!!! A propósito, já leram a Correspondência entre António José Saraiva e Óscal Lopes?
  • Sugira-se a Jaime Gama. presidente da AR, que quando tiver concluída a Acta parlamentar que irá apurar que o País tem pela um bando de irresponsáveis inimputáveis - que deveria automáticamente perder o mandadato e ir procurar emprego na sociedade, se adquira - em igual número - de exemplares esta Obra de grande valia Cultural e, depois de pagas as respectivas multas dos senhores deputedos à Nação, se obrigasse cada um deles a fazer um resumo do livro por escrito, e a apresentar o mesmo em 48 h. ao País. Seria um 1º passo para induzir na cabeça destes senhores um momento de ética e de moral, e também de reflexão e de responsabilidade que que hoje manifestamente não têm, mas que doravante os deverá fazer pensar duas vezes antes de agirem. Os burros sempre aprenderam à força... Além de aprenderem a escrever português e um pouco de cultura geral, para a generalidade dos deputados, é claro!!! Veriam, assim, cada um desses faltosos e todos no seu conjunto, como combinar a moral de responsabilidade (de origem maquiavélica e atende aos fins) com a moral de convicção (de origem bíblica e kantiana e atende aos princípios) para, no final, se concluir, como fez M. Weber, que não há incompatibilidade entre ambas as morais. E também para saber o que custa Ser Livre em Portugal.

PS: Este caso da xusma de deputados que temos suscita ainda a vontade de perguntar onde fica o Exílio... Não tanto para que os cidadãos se pirem, mas antes para enviar o respectivo endereço aos ditos. Pois, como já sabemos, a circunstância de os ditos estarem no hemiciclo - a coçarem o testículo esquerdo de manhã e o direito à tarde, por entre o envio de mensagens SMS, sorna, muita sorna e folheanços do Récord e da Bola, e também do CM - the best papers in town - ou fora dele é exactamente la même chose... E assim, porcaria por porcaria, sempre se poupariam uns valentes milhares de euros ao erário público e Portugal penhorava-se menos.

  • Publique-se na vitrine da AR, que tem muito espaço. Esperemos que o assistente de vitrine já tenha regressado de férias de Páscoa...