Certezas num mar de incertezas e riscos


A aceleração da vida social explode em factos para os quais não temos resposta. Os últimos dias povoaram o nosso imaginário, simbólico e capacidade de produção de realidade com factos que nos desanimam. Nuns casos porque nos penalizam económicamente, como o aumento progressivo do preço do petróleo; noutros casos sentimo-nos ainda mais defraudados porque a classe política que "nos legisla" se pira de férias antes do tempo criando para si um regime especial de excepção (autoaplicável, como o juíz que julga o filho para o absolver do crime do avó), não transponível para os demais tugas. A que eles, a dita classe em fuga, em vésperas de eleições chamam de "caros concidadãos" - a pensar no voto claro!!! Outros exemplos poderiam multiplicar a indefinição do
sistema de incertezas - invocando a Justiça, a Educação e outros sistemas e subsistemas que nos (des)governam ou estão cada vez mais desregulados ou corporativizados. Isto coloca-nos um problema: o da autonomia do pensamento e da acção relativamente aos grandes sistemas de crenças sociais pelos quais hoje as pessoas se orientam, face a crises e revoltas por elas consideradas inexplicáveis. Esta catadupa de incertezas, a que se se somam outras mais fundas ligadas à existência e à metafísica do Ser, tranca-nos no tal quarto escuro da contingência. Daí o bloqueio e a incerteza sistémica, permanente. Por isso, ao tentarmos inventar uma lei, um conceito, um dispositivo de regulação vário - o que for em prol da tal evolução social, estamos essencialmente a tentar validar uma ideia pré-concebida de como as sociedades humanas deviam funcionar ou ser ordenadas. Na prática, pode-se inquirir, um pouco irónicamente - naturalmente - se a fuga ou a debandada da xusma de deputados para o Rio de Janeiro, Nordeste brasileiro, Barbádos, Rep. Dominicona, praia do Ancão ou dos Tomates no Algarve não espelha, de per si, uma concepção de organização da sociedade d
e como as coisas devessem funcionar mesmo assim, e não com a ordem que lhes queremos impôr. Depois, também não dispomos da certeza de que os resultados das nossas convicções, crenças e teorias confirmem os objectivos e esperanças que delineámos. Que certeza tem o sr. Presidente da AR, Jaime Gama de que a coima, o raspanete, a censura pública vão produzir mais e melhores resultados em termos de eficiência legislativa, qualidade política por parte da dita classe que vota, falta e se abstém!? Como, no fundo, determinar a melhor sequência entre o estado ideal e o estado real que pretendemos atingir para nos organizarmos enquanto comunidade, enquanto povo? Encontrar esse tipo de soluções representa outra incerteza. A qual nos conduz a uma outra questão. Doravante, e porque sabemos que nada conseguimos estabelecer com certeza, devemos pedir aos opininadores, aos politólogos, aos juristas, aos sociólogos, enfim, a tod
os quantos formam e fazem opinião
que não o façam, pois também aqui não temos a certeza de que essa actividade, ainda que de forma subliminar, as convicções, as percepções, as predilecções e as cosmovisões daqueles que avaliam - se misturem ou confundam com os seus desejos comprometendo, desse modo, as dinâmicas sociais, a modernização e o desenvolvimento do país. No fundo, haverá sempre o perigo da sociologia desempenhar as funções da ideologia, e esta apontar um caminho, uma direcção: Algarve, Brasil, Rep. Dominicana o que for...




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