Jardim e Marcelo - dois num só..
Ver ontem Alberto Jardim em plena operação eleitoraleira foi mais um deprimente espectáculo de circo que só ele consegue dramatizar. Cavaco ignorou-o dos pés à cabeça; ele percebeu; Jardim - corado - estava mais vermelho do que um tomate maduro de Almeirim que parecia saído duma taberna de Alfama; a jornalista fazia-lhe perguntas embaraçosas e ele respondia com nítido embaraço e arrependido de ser como é: espalhafatoso, contundente, injusto, altercado, enfim, um pequeno ditador de província que foi obrigado, de novo, a engolir um sapão que o desprezou. Enfim, o Alberto demonstrou ser um verdadeiro "Silva", o verdadeiro - sr. Silva. Depois ainda dizem que Deus não escreve direito por linhas jardineiras...
- Quanto a Marcelo o que há a dizer além dos mergulhos espartanos que ele dá em Cascais e dos almoços que não faz... Sempre poupa mais uns euros; como também não precisa de comprar livros - dado que lhe os oferecem - as necessidades daquele homem ficam a custo zero. De facto, o mundo é injusto.
- Depois veio a hipercomplexidade da energia em Portugal e só disse generalidades. Criticou ao de leve Pina MOura, falou da ética e tal e coiso, foi curto; disse que a Iberdrola será o futuro patrão da energia da EDP e das iluminações das casas em Portugal e...., tentei ainda perscrutar o paradeiro da tal complexidade e só ouvi a sua querida aluna, cada vez mais tosca e lerda, rendida de cara e mãos - tratá-lo por tu, ou coisa parecida. Será que...
- Há tempos referimos aqui que aquele monólogo tem virtudes mas também comporta defeitos; hoje estes parecem sobrepôr-se aqueles. Será que a presciência de Marcelo não consegue vislumbrar isso? Será do carácter turvo das águas do Guincho que gera hipotermias mentais e ópticas, do início do ano, da aluna que o exaure e extasia com tanto "talento"... Será, afinal, do quê?
- Não sabemos. E desconfiamos que o parceiro ali de cima, o amigo Al berto, perdão, o sr. Silva - o verdadeiro Silva - também não sabe...
- Eis os mistérios de Janeiro deste ano VI do III milénio.
- PS: a mais moderna teoria neofreudiana defende que "as coisas são como são" no caso da jornalista que entrevista Marcelo pela circunstância de esta só o ver através de um globo ocular; os mais clássicos defendem que é da própria natureza da senhora que se julga jornalista; os mais cépticos como eu julgam que não é de coisa nenhuma - salvo da sua própria natureza amorfa e desligada da natureza. E assim pergunto-me como é que alguém com aquela apatia congénita pode fazer o que faz? Busco nas trevas e nas luzes uma resposta e só encontro igual apatia - espelhando aquele monolhar auto-bloqueado.
- PS1: Aliás, a RTP vai de mal a pior: repete exaustivamente programas de fim de ano que depois se repetem no ano inteiro; as jornalistas mais parecem governantas e senhoras de servir que vêm do Norte a aterram nas vivendas de Cascais (e arredores) que precisam de gente para tratar do pó, da comida e servir de bá-bá aos netos. Este País está mesmo transformado numa manta de retalhos que nos faz supôr que ainda estamos a acordar da Revolução de Abril de há 30 anos, tais são as múltiplas "guerras coloniais" que temos de travar no miolo da sociedade portuguesa. E como se isso não bastasse ainda temos de provar o cúmulo do cinismo e da hipocrisia política vendo Cavaco soletrando a Grândola Vila Morena; qualquer dia ainda vemos Fidel Castro abraçar G. W. Bush em plena cimeira de Dawos; Zaramago fazer as pazes com Cavaco e Santana Lopes e escrever um livro de jeito com autografos distribuídos a Sousa Lara; Mao Tse Tung fazer-se passear pelos braços de Durão Barroso que virá a Portugal dar um valente abraço ao seu amigo e companheiro de estrada Garcia Pereira - no quadro do apoio que lhe irá manifestar nestas eleições presidenciais. Um dia destes, ainda vemos a srª jornalista Ana Dias de Sousa pedir a mão de Marcelo em casamento em pleno directo, e depois estou para ver como é que Marcelo vai explicitar à turba a hipercomplexidade da Iberdrola e as pantominices do sr. Pina Moura neste Portugal descalço de tudo e já quase humanamente cego e sem alma. E o mais grave é que os analistas de serviço também não nos ajudam a eliminar essa cegueira, antes a agravam... Ai, tal mal empregue o dinheirinho dos nossos impostos.
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