Perplexidades naturais
Aqueles que como eu nunca tiveram grande fé e confiança na classe dirigente que governa e preside aos destinos de Portugal - olham para este naipe de candidatos a Belém com natural perplexidade. Interrogo-me, pois, sobre as razões dessa gente - umas mais do que outros, como em tudo na vida, a estar presente. Soares, por exemplo, é o mais dispensável, logo seguido do seu ex-amigo e poeta Alegre. Por vezes até apetece dizer - sem ofensa - "Pateta alegre", tais as trapalhadas, avanços e recuos que estiveram na base da sua propositura a Belém. Apetece, mas não dizemos porque gostamos muito de poesia. Mas uma coisa é certa: Alegre, sob a capa daquele vozeirão é um algodão doce, derrete-se à 1ª lambidela; e ora diz sim, ora diz não, ora diz talvez - como aqueles mulheres sérias; Alegre é assim: titubeante, hesitante, frouxo - como se viu nos debates. Não goza de estofo nem de estrutura política e intelectual para o cargo. Alegre é um resistente que julga que ainda vai matar Salazar com um poema bem esgalhado. E quando um dia lhe disserem que nem é poeta nem Salazar já está vivo - ele não vai acreditar. Aí é bem capaz de se suicidar. Por isso, somos de opinião que Alegre nunca se deveria ter metido nisto, sempre poderia durar uns anos a perder a vida por causa de Salazar e a perder mais um amigo do peito, como é o caso de Soares - o socialista mais narcisista do Planeta e arredores.
Vejo aqueles candidatos, junto-os todos a uma mesa e tento ver o que deles genuinamente emana visando o combate à ignorância com as armas duma educação que não existe e que as novas modalidades de comunicar - pelos media - também não ajudam a encontrar.
Tento perscrutar o que deles triunfa sobre a doença e o progresso (ausente) em Portugal, e só vejo doentes com dores, alguns arrastando-se em sofrimento nos tribunais e noutros hospitais - que sofrem mas já é de tanto esperar por uma simples marcação de uma operação ou agendamento de julgamento. Como a ausência de justiça mata, ou pode matar pelo efeito de arrastamento que gera na vida das pessoas e das empresas de bem que a dado momento foram lesadas por um bando de mal-feitores - a que Justiça premeia porque, simplesmente, não se aplica a lei. Eis o laxismo e relativismo moral e político a que chegou Portugal. O lodo do lodo neste lodaçal..
Tento verificar o que faz aquele naipe de candidatos para combater a fome e a miséria - à vista ou encaputada - que graça nas cidades e no interior de Portugal - e só vejo um discurso que foge a essas dependências da condição humana. Das bocas dos candidatos as palavras também não fazem pão e vinho para alimentar os desvalidos deste país à beira-mar enterrado.
Tento perceber como vão resolver ou ajudar a edificar novos sistemas e engenharias de distribuição para conceber uma economia mais rica, justa e solidária. Tento compreender mas não consigo.
Em todas estas minhas parcas tentações, que mais parecem visões, não vejo um único candidato com estofo moral, intelectual e político capaz de me satisfazer e motivar para ir votar este mês para eleger o novo locatário de Belém. Cavaco, como aqui temos referido, é o mal menor desta conjuntura, neste deserto de ideias e de projectos para Portugal. Marcelo e Vitorino bem que poderiam ajudar, mas também eles já se tornaram chatos, previsíveis e até bafientos... Valerão o dinheiro que lhes pagam?!
Nada nos respectivos discursos me esclarece quanto aos problemas centrais da economia nacional:
- como triunfar sobre as misérias do sistema de saúde
- como triunfar sobre as desgraças do sistema educativo (secundário e universitário, e a falta de bé-bés para alimentar ambos)
- como triunfar sobre a pobreza do sistema político (e distributivo) que leva a mais injustiças sociais e a um maior fosso entre eleitos e cidadãos
- como ultrapassar os problemas de violência e de alta criminalidade que já afecta o nosso país, em parte potenciada pelos efeitos da imigração económica que cá acolhemos
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