domingo

O Porto de Recreio de Oeiras...

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  • Foi ontem inaugurado uma infra-estrutura que permite abrir novas portas aos amantes dos desportos nauticos. Chama-se Porto de Recreio de Oeiras e acolhe o "mundo" que o queira visitar através do belo acolhimento do nosso rio Tejo. Revelando que a orla ribeirinha sirva para algo, e não apenas para mais rotundas e mais loteamentos de elefantes brancos e de hoteis ou de apartamentos de luxo que interessam aos patos construir e às famílias topo de gama que, em Portugal, representam 0, 5% da população.
  • Não, desta vez a coisa fez-se mais de harmonia com a Natureza, e S. Julião da Barra oferece as muralhas ideais para essa estrutura, com a praia da Torre, a piscina oceânica, o passeio marítimo além dos inúmeros estabelecimentos de restauração ali instalados, e algumas clínicas de "sofrologia" que adiante explicitaremos a sua finalidade...
  • O Porto de Recreio surge assim na melhor senda da nossa tradição marítima, promovendo as actividades nauticas no Centro ali sedeado.
  • O Porto dispõe de 274 lugares de amarração, distribuídos por 7 pontões - oferecendo a todos condições de segurança, já que aquele espaço é patrulhado - se não danificarem mais iates patrulha da Marinha - 24/24H e dotado de um sistema de video vigilância e com um circuito fechado de televisão, com gravação de imagem. Todo este complexo - que não conseguimos descrever, mas vale bem a pena ver e usufruir - é gerido pela Empresa Municipal Oeiras Viva, EM.
  • Confesso ter gostado do espaço: de fácil acesso, seguro, interclassista e aberto às populações, mesmo que não tenham barco mas gostem das actividades nauticas. Se não tiverem dinheiro para muito, como eu, batam umas chapas.. E se não tiverem uma máquina fotográfica levem uma folha A4 e um lápis baratucho e tirem umas notas. Vale bem a pena, de qualquer modo. Eu já tentei desenhar uma cascata, mas não consegui pôr movimento nem sonoridade no boneco. Mas dá para ir à pescar, quer dizer, se não se passar o fio da lançada sobre os "postes" (um dia o JBZ ainda me terá de escrever essa história para eu a contar aqui...) de comunicações que interligam o Porto...
  • Sucede, porém, que a dada altura o ex-autarca do Munícipio irrompe pela multidão adentro. Tem todo o direito em o fazer, só se estranha é que o tenha feito com meia dúzia de adolescentes com acne e a barba a irromper da pele em plena campanha eleitoraleira - que ofereciam camisolas verdes às pessoas que não as aceitavam.
  • Tratava-se de uma inauguração pública, e não uma tirada eleitoraleira. Confesso que fiquei perturbado - assim como a multidão que lá estava, com aquele comportamento caceteiro do ex-autarca de Oeiras, dono das praias, dos mares, inventor da Marginal e até do oxigénio que respiramos.
  • Será que ele não entende - ou alguém da sua comitiva lhe o faça entender - que gestos como aqueles só o diminuem política e pessoalmente perante as pessoas? A sua presença era até bem acolhida por todos, obviamente, mas naquele trilho - tipo marialva com os seus discípulos atrás oferecendo coisas que as pessoas rejeitavam - foi um tanto deprimente, para não dizer aviltante..
  • Como não julgo que o ex-autarca de Oeiras - seja um "zero" em termos políticos - (apesar de o ter sido enquanto ministro das Cidades ou do Ambiente ao tempo de Durão - que deixou o país a arder antes de se pirar para Bruxelas) - interrogo-me, hoje, o que levou verdadeiramente o sr. dr. Isaltino - naquelas circunstâncias eleitoraleiras, a fazer aqueles slalones por entre a multidão...
  • A dada altura pensei que a actual Presidente da CMO o queria cumprimentar e dizer - seja bem vindo - mas ele continuava apostado nos slalones entre os pontões e as amarrações. A dada altura a multidão pensou que iria estatelar-se e partir algumas daquelas recém-inauguradas infra-estruturas nauticas.
  • Mas antes deu entrevistas aos media que revi nos jornais da noite. Perguntaram-lhe de quem era ou pertencia aquela obra. Ele respondeu bem: é do povo de Oeiras. Afinal, quem pensara que o dr. Isaltino não saber fazer política desengane-se..
  • Mas isto não explica a tonalidade da sua presença alí, algo desafiadora não se sabe bem de quê ou de quem e até algo agressiva, embora de forma dissimulada, oculta - mas lá por dentro mais parecia a personagem da Luísa de Eça no Primo Basílio. Recordamos aqui que a Luísa tinha-se apaixonado pelo primo, e apesar de ela ser uma doméstica calma e previsível dentro dela habitava um vulcão de sensações, afectos e paixões, mesmo com o primo Basílio.
  • Bom, mas o núcleo da questão que pode, porventura, explicar aquela agressividade caceteira/eleitoraleira, dado que o momento era solene, tinha Padre e tudo, e aparece o dr. Isaltino com os seus boys distribuindo haveres que muitas pessoas rejeitaram e algumas aceitaram por vergonha ou pudor. E lá fizeram o jeito ao "dono" dos mares e oceanos que até comanda a velocidade das ondas e a densidade da espuma.
  • Porque é que isto aconteceu assim, de modo pouco civilizado e não - como seria normal - com a sua presença, com aquele seu charme de tratar todos por "tu" ou quase, fumando, gesticulando, enfim, abraçando o mundo para logo de seguida o meter no bolso. Porquê isto?, assim, de forma tão tosca, tão mal ensaiada, tão enraivecida, tão, tão...
  • A dada altura encontro um amigo que já não via há anos. O homem sempre foi barra em Psicologia - em cuja área investiu e hoje trabalha nesse sector e já é uma referência nacional com publicação internacional. Foi então que este amigo me aduziu a seguinte explanação: a política é terrivelmente desgastante. Por vezes é pior do que uma partida de Ténis em Roland Garros - de Terra batida...
  • Há quem não consiga resistir à tensão, daí a importância do estado físico e mental das pessoas. Ou seja, aquelas que estão em áreas de actividade excepcionalmente competitivas - como é a política - denotam um desgaste superior, algumas delas tendem até a desenvolver problemas hormonais que interfere depois com o plano do raciocínio e com a capacidade de controlo que as pessoas exercem (ou não) sobre si próprias. Outras deixam de conseguir enfiarem-se nos fatos e habitar os sapatos.
  • Adiante, concluía este amigo barra na ciência comportamental, que em muitos casos certas pessoas - a fim de ganhar o que quer que seja - fazem tudo para atingir esse desiderato. Ganhar é o único propósito de vida, e a derrota - nestes casos - pode levar ao suicídio ou a crises de auto-estima verdadeiramente destrutivas. O que só desencadeia ainda mais crises hormonais, é uma aspiral que, não raro, se transforma em doença, em masoquismo - embora tenha a pretensão de ser sadismo. O problema nestes casos, asseverava-me este psicólogo, é sempre o efeito de boomerang destas atitutes, comportamentos e condutas...
  • Daí a procura crescente por parte de certas pessoas - concluía este amigo - por espaços multifuncionais como o Porto de Recreio de Oeiras inaugurado ontem pela autarca, Teresa Pais Zambujo que, graças a Deus, é saudável e não padece de nenhum destes males.
  • Depois disseram-me que estão disponíveis exercícios de relaxamento e de concentração que, em inúmeros casos, podem ajudar as pessoas - no activo ou na reserva política - a recuperarem das suas dores e instabilidades psico-emocionais. lembro-me quando andava da Universidade na década de 80/90 e tinha um professor (que nos fazia a todos adormecer nas aulas) e, volvidos quase 20 anos após ter sido Ministro de Salazar ainda não havia recuperado. Ficámos a saber que estava em neurose profunda e permanente, ié, sem intervalos, talvez fosse por essa razão que só tinha dois alunos: um levava-lhe o livro de ponto, o outro a pasta...
  • Foi então que percebi a razão de algumas pessoas ali afluírem ao Porto de Recreio de Oeiras. De facto, elas tinham razão - o Porto de Recreio por vezes transforma-se em Porto de Abrigo - especialmente para os "sem abrigo da política" como Santana Lopes e outros - que já marcaram terapias na área da "sofrologia" e no ioga a fim de controlarem melhor os seus impulsos auto-destrutivos e a fadiga decorrente da pressão que sobre eles se exerce, caso haja (ou não) questões pendentes na Justiça.
  • Confesso nunca ter pensado que um Porto de Recreio poderia servir de "Porto de Abrigo", mas também nunca imaginei que um político se transformasse em paraquedista, sobretudo quando se fazia acompanhar por uma banda de adolescentes desejosos de "armar cegada" num espaço agradável, com gente agradável, incluindo o Padre, e num dia também agradável para todo o concelho de Oeiras e arredores.
  • Só não percebi uma coisa: por vezes o homem pretende ser discreto, usar do senso comum, ter bom gosto e uma conduta normal - ou pelo menos assim encarada pela sociedade, e consegue-o sem esforço, basta que se deixe levar pela sua razão e educação.
  • Outras vezes há, em que pretendemos ser tudo isso mas acabamos por ser elefantes dentro de lojas de procelana, por onde passamos, ....... tudo.
  • Será que vi bem?
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  • Por vezes estamos tão dominados pelo nosso ego que nos esquecemos que há mais mundo para além dele. São as neuroses da política à portuguesa que nos levam a esses estados d' alma que acabam por nos danificar o corpo e a mente e também até a memória que alguns têm (ou tinham) de nós. E não é só a Mário Soares que me refiro, o poder local em Portugal está povoado dessas ervas daninhas que nem crescem nem morrem, que é como quem diz - nem fazem obra nem deixam que outros a desenvolvam... Todavia, são essas omnipotências vulneráveis que se julgam sempre inabaláveis, imprescindíveis, insubstituíveis in... qualquer coisa.