Reacções à eleição de Bento XVI: satisfação e insatisfação...
Jorge Sampaio. O Presidente da República, Jorge Sampaio, manifestou ontem, em nota enviada ao novo Papa, as suas "respeitosas saudações" fazendo votos para que o seu pontificado " represente um auspicioso contributo para a paz, o diálogo e a concórdia entre todos os seres humanos e povos do mundo".
José Sócrates. O primeiro-ministro felicitou a Igreja Católica pela escolha do novo Papa, e afirmou esperar que Bento XVI "prossiga o espírito ecuménico" do seu antecessor, considerando "o diálogo entre religiões importante para um mundo em paz. Espero também que continue e dar expressão, tal como João Paulo II, à doutrina social da Igreja, colocando como prioridade os mais pobres e desfavorecidos".
Freitas do Amaral. O ministro dos Negócios Estrangeiros classificou a eleição do Papa como positiva para a continuidade do funcionamento da Igreja Católica, escusando-se a comentar a personalidade escolhida. "O Estado português congratula-se, naturalmente, com o facto de a Igreja Católica, pelos seus processos próprios, ter designado um novo Sumo Pontífice", declarou.
Padre Vítor Melícias. O presidente da União das Misericórdias Portuguesas, que recebeu a notícia da escolha do novo Papa com "fé, serenidade e expectativa" e considera Joseph Ratzinger "um dos homens mais cultos e teologicamente seguros dentro da Igreja", espera que o novo Papa lidere uma Igreja Católica "mais virada para a sociedade e a modernidade do que para a ortodoxia e a identidade dogmática".
Braga da Cruz. O reitor da Universidade Católica Portuguesa vê em Ratzinger uma figura de "enorme abertura de espírito e um eminente intelectual", e considera que a escolha dos cardeais significa "uma linha de continuidade". Espera que o novo pontificado seja "um diálogo entre a razão, a fé, a ciência e a religião".
D. Jorge Ortiga. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa crê que o novo Papa "poderá dar continuidade ao trabalho de João Paulo II". O arcebispo de Braga conhece Joseph Ratzinger e descreve-o como "um grande teólogo com capacidade para elaborar orientações doutrinais e pastorais para a Igreja. E até com alguma audácia". Apesar de lhe "darem conotação de conservador, é um homem afável e acessível", diz. E sublinha ainda que os fiéis devem esperar "para ver, de forma que possam formular um juízo adequado".
D. Armindo Lopes Coelho. "É um homem universal." A Igreja "recebe Bento XVI como um grande dom de Deus", "uma figura superior", "digno da que foi o seu antecessor", declarou o bispo do Porto.
José Saramago. O Nobel da Literatura considerou ontem em declarações ao jornal espanhol El Mundo que "a inquisição subiu ao poder" com a eleição de Ratzinger como Papa Bento XVI. "Deus me acuda com o novo Papa", disse o escritor português. (Como o próprio fazia quando dirigia o Diário de Notícias - no Verão quente... O nobilizado dava-se ao luxo de sanear colegas seus, que eram jornalistas de corpo e alma. O saneamento por delito de opinião é um termo integrado no léxico deste escritor que, confesso, não é por ser um comunista empedernido nem por apoiar entusiásticamente o ditador Fidel Castro (até há bem pouco tempo) - mas por escrever com alguma deficiência e não ir além da média. Talvez ele desse um bom papa...)
M. João Sande Lemos. "Estou desapontadíssima", confessa esta representante nacional do movimento Nós Somos Igreja. "Tenho imensa pena que não tenha sido escolhido outro. Este cardeal é o responsável pelos documentos mais retrógrados da Igreja nos últimos anos. A carta sobre as mulheres foi o último grande escândalo ", sublinha. E prevê que, caso "Ratzinger não dê uma volta, haverá uma crise muito grave na Igreja".
Stephan Welv. O representante da Igreja Evangélica Alemã em Lisboa diz-se desiludido porque o novo Papa "não será tão bom nas questões ecuménicas". O presidente da União Budista Portuguesa está "preocupado" com a eleição de Ratzinger, afirmando que a escolha pode significar regressão no diálogo inter-religioso.
- E o rebanho, o que pensa o rebanho!? Diria que aqui as coisas passam-se ao ritmo milenar da Igreja. Temos uma década para aquilatar do verdadeiro perfil e comportamento do novo papa. Depois mais 10 anos para o comparar com João Paulo II. Depois, já com 100 anos, o homem parte e o rebanho fica sem saber que tipo de Papa tiveram. E do que melhor se lembra é de João Paulo II. Mas tudo isto é falível, relativo - como diria Ratzinger - e em política, perdão, em religião, também é a função que faz o homem. Até lá teremos de rezar muito para que o PIB português suba no termómetro da produtividade e da competitividade, o investimento aumente - juntamente com a diminuição do desemprego - , as exportações se intensifiquem (especialmente para o Vaticano) e, assim, juntamente com a revitalização da fé o Mundo, a Europa e Portugal se consigam renovar e, todos, cultivem melhor a vinha do Senhor. We shall see..., que é como quem diz: veremos se temos uma boa reserva...
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