terça-feira

O novo brinquedo do dr. Santana lopes. O círculo de Pascal

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O dr. Santana Lopes deixou ao país uma má memória naquele semestre negro em que foi, pasme-se(!!) PM de Portugal, após Durão Barroso ter desertado para Bruxelas para tratar da sua vidinha. Agora é o mesmo Santana, já muito mais velho, mas com os mesmos vícios de não querer sair debaixo dos holofotes públicos e de gozar dos seus minutinhos de fama mediática, que quer criar um novo partido após ser derrotado por Rui Rio na corrida pela liderança do PSD. 

E foi nesse contexto, e numa linha de continuidade doutros mais longínquos, que Santana se apresenta agora ao mercado político sob uma aparente nova roupagem: ele quer ser liberal e ao mesmo solidário, ou seja, um empreendedor com preocupações sociais; ele quer ser europeísta e ao mesmo tempo anti-Bruxelas, pois deseja receber os benefícios económicos duma União Europeia e eximir-se ao cumprimento das regras comunitárias decorrentes da disciplina financeira e orçamental imposta por Bruxelas. Ou seja, o dr. Santana, bem ao seu estilo, quer ser tudo e o seu contrário e nessa senda não deixa de ser o reinventor do círculo de Pascal, que está em todo o lado e não se encontra em lado nenhum. 

É nesse contexto que urge perguntar: será que a Aliança do dr. Santana terá alguma hipótese de conquistar alguns votos à esquerda ou mesmo à direita? Haverá espaço para ele no espectro político nacional? "Comerá" ele mais votos ao PSD ou ao CDS? 

Por outro lado, se olharmos ao que se tem passado na Europa nos últimos anos verificamos que emergiram vários populismos, ora assentes na xenofobia e nas questões da imigração que tem gerado milhares de refugiados que afluem à Europa e aqui fazem tremer o projecto europeu; no mercado de trabalho ou nas questões de índole comercial que envolve os blocos comerciais que hoje, paradoxalmente, contrapõe os EUA do Sr. Trump à Europa desorientada e sem projecto do Sr. Juncker. Também aqui,  no plano mais europeu e global se pode perguntar se há espaço ideológico e programático para mais esta aventura dum "elefante branco" na política à portuguesa em que só acredita meia dúzia de seguidores.  

Afinal, de que "Aliança" fala Santana e em nome de que interesses e vantagens para Portugal e os portugueses? Num partido que se apresenta como liberalista, personalista e solidário, e Europeu e anti-disciplina e/ou receita macro-económica de Bruxelas para uma contradição nos termos difícil de harmonizar. Contudo, são estas as incoerências e contradições típicas na personalidade Santana Lopes. Nada de novo. 

Dito isto, e em face do exposto é lícito perguntar quais as motivações mais profundas de Santana Lopes, além daquelas banalidades do costume como pugnar por menos Estado, menos impostos, reforma da Segurança Social, mais economia liberal, mais investimento, etc. Tudo coisas que ele também não soube fazer enquanto foi PM naquele semestre negro no início do II milénio.

Uma vez mais, Santana é igual si próprio: depois de ser derrotado por Rui Rio na corrida à liderança do PSD, ele procura criar um espaço político próprio. Nem que seja à custa da fragmentação do PSD de Rio, de que ele não gosta. Por outro lado, perfila-se no horizonte as eleições europeias e Santana vê aí uma oportunidade para sobreviver politicamente.  

Uma última consideração relativamente à denominação escolhida por Santana Lopes ("Aliança") para recuperar a memória histórica de Francisco Sá Carneiro e à AD (Aliança Democrática), projecto que conheceu sucesso e conseguiu federar o centro direita em Portugal no final da década de 70, e envolveu numa lógica francamente cooperativa o PSD de Sá Carneiro ao CDS de Adelino Amaro da Costa e de Diogo Freitas do Amaral. 

Ao invés dessa lógica cooperativa dos velhos tempos da AD, a "Aliança" de Santana alicerça-se na derrota de Rui Rio na liderança pelo PSD, no seu egocentrismo e vaidade, na sua incapacidade em sair da vida pública nacional, por isso diz que "anda por aí". Em suma: Santana não se importa de minar a já débil credibilidade e força do PSD para criar o seu partido-zinho, e, desse modo, e mais uma vez, criar o seu lugar ao sol na vida pública nacional sem qualquer contrapartida para o país.

Será que ainda alguém o levará a sério?!

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