A Engrenagem - por Jean Paul Sartre - E o nossos dias
Regresso a uma velha peça de teatro do filósofo existencialista, Jean Paul Sartre que marcou o pensamento social e político contemporâneo.
- Relata-nos a história dum ditador cercado por rebeldes no seu próprio palácio que querem tomar o poder e matá-lo. Mas antes disso pretendem julgá-lo, para compreender as verdadeiras motivações do ditador.
- O ditador controla um país pobre que tem ouro negro, como Angola,e que é explorado por uma dessas companhias estrangeiras através duma concessão dada pelo ditador anterior, o qual, curiosamente, foi deposto por causa dessa injustiça que explorava o povo e gerava pobreza e miséria intra-muros.
- Ora, o novo ditador, Aguerra, tinha tomado o poder com a promessa de nacionalizar o petróleo a fim de valorizar o seu povo e o seu país, mas nunca o fez.
- Daqui se procura extrair uma grande lição na política do passado, mas também é uma lição válida para o presente e, seguramente, sê-lo-á válida também para o futuro. É que em inúmeras circunstâncias são as pessoas que mudam, mas as políticas e as práticas permanecem as mesmas.
- Se fizermos o paralelo desta peça de Sartre com a vida política em Angola desde a independência, o que vamos encontrar!?
- Podemos, certamente, estender o exemplo a outros países não democráticas no continente africano e no universo sul-americano.
- É fácil localizar outros maus exemplos de sabotagem dos projectos nacionais por via da exploração intensiva, indevida, injusta e criminosa dos recursos naturais de um país apenas para alimentar a riqueza pessoal do ditador, da sua família e amigos, e da clique armada que suporta militarmente esse poder não democrático, pois doutra forma não se manteria.
- Já nem sei por que razão me lembrei hoje d´A Engrenagem de Sartre, quiça por analogia ou ressonância ao termo mais dito em 2016 - "Geringonça" - mas dou comigo a pensar que não foi seguramente por causa do estado do tempo.
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SINOPSE
Jean Aguerra, que foi aclamado como líder do país em uma revolução que ocorreu sete anos antes, é acusado de traidor e de tirano pelo povo e por todos os seus companheiros. Todos querem matá-lo, mas antes querem julgá-lo. Talvez por acharem que a morte seja pouco – para um homem rude, refém de seus complexos, que despejou toda a sua ira no povo, arrogante a ponto de querer governar sozinho – ou talvez por quererem compreender o que foi que ocorreu.
Uma pequena obra-prima, qualquer semelhança com os dias atuais, apesar de mera coincidência porque Sartre não era adivinho, é motivo para reflexão, profunda.
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