sexta-feira

Luiz Pacheco - um homem irreverente, excentrico mas de cultura

Gosto de Luís Pacheco, escritor rebelde que chegou a viver na indigência, mas nada lhe retirou valor. Sempre fez o que quis, foi um homem livre, embora condicionado como todos nós. Viveu os efeitos do fascismo, da sua cultura e vigilância, sofreu as chagas duma ditadura opressora, como todas as ditaduras, castradoras para o pensamento e a acção e a convidar ao viver numa intensa clandestinidade. 

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- Mas Pacheco, como é bem conhecido, sempre denunciou aqueles hipócritas - que povoam a sociedade portuguesa, os que gostam de tudo e de todos, os que pretendem, forçadamente, agradar a gregos e troianos, e querem ser, obsessivamente, amigos dos nossos amigos, num trabalho de pré-esbulho d´alma. 

-Hoje recupero aqui Pacheco, autor de Comunidade (1964, aqui), talvez a sua obra maior, porque ele foi o exemplo vivo de liberdade, e também de alguma excentricidade que só o prejudicou. 

- Mas a forma como este sui generis escritor detectou o plágio que Fernando Namora fez à obra de Vergílio Ferreira (diante um júri cegueta), e documentada num programa de televisão que vi na dobra do milénio, foi algo que me ficou na memória, e serviu para compreender bem o que poderá levar uma pessoa a apropriar-se da produção literária e cultural (ou industrial!!) de outra, ainda que o faça de forma fragmentada, simplista ou, puramente, abjecta - como são todos os pequenos, médios e grandes plágios. 

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Luiz Pacheco além de tradutor e revisor, desenvolveu desde os anos 40 um impressionante trabalho de crítica literária, em diversos espaços, e em jornais e revistas como O globo, Bloco, Afinidades, o Volante, Diário Ilustrado, Diário Popular ou Seara Nova. Sempre sem medos nem receios, tão polémico e incisivo quanto lhe era possível, mas encontrando sempre neste estilo uma método que não escondia a existência de critério, coerência e seriedade intelectual nas suas observações. Para a História da critica literária portuguesa ficarão muitos dos seus artigos, ainda que destaque pelo seu impacto O caso do sonâmbulo chupista, acusando o plágio de Fernando Namora em Domingo à tarde de Vergílio Ferreira em Aparição. (sendo que o júri de um importante prémio literário nacional da época premiou ambos os trabalhos sem se aperceber do plágio!) link

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