Mário Soares e a finitude da vida
- Não deixa ninguém indiferente e todos têm opinião sobre um importante fundador do nosso regime democrático que vigora em Portugal desde 1976 (na sequência da revolução dos cravos/74).
- Assim, há um conjunto (ou categoria) de pessoas que se lhe referem, em função da posição relativa que ocupavam na sociedade - doméstica ou com ressonância nas colónias ou possessões ultramarinas:
1. Os que consideram Mário Soares o "pai" do regime democrático, pois evitou que Portugal guindasse à esquerda revolucionária sob a influência de Moscovo e cujo veículo era o PCP e foi isso que viabilizou a Democracia pluralista entre nós;
2. Os que o consideram um traidor à pátria por ter negociado (com Almeida Santos) a descolonização de forma apressada, leviana e pouco consentida pelos portugueses que asseguravam a administração nas colónias, nos vários graus da administração e que regressaram à metrópole de mãos vazias e sem expectativa de vida;
3. Os que o consideram um aproveitador dos recursos do Estado, quer em negócios pouco claros que envolviam a UNITA e familiares seus, quer, mais recentemente, com apoios do Estado - via Fundação para a Ciência e Tecnologia - para o financiamento à fundação com o seu nome;
4. Depois a discussão ainda se agrava quando os saudosistas do ancien regime (e cultores do velho botas, da PIDE e dos múltiplos mecanismos de censura da ditadura) contrastam com a necessidade absoluta e inegociável de edificar as liberdades cívicas, políticas, económicas, culturais, religiosas, etc.
Creio, todavia, que o seu balanço de vida é profundamente positivo e Portugal beneficiou mais da sua prestação pública do que saiu lesado.
Gostaria de deixar estas simples notas enquanto o combatente anti-fascista, ex-PM (aqui numa fraca prestação ao país) e ex-PR ainda está entre nós, porque após morrermos - em Portugal (cronicamente) - somos todos heróis...
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